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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Médico é acusado de receitar colírio para cães a menino no interior de SP

Um médico é acusado de ter receitado um colírio de uso animal, especialmente indicado para cães e gatos, a uma criança de quatro anos, no interior de São Paulo
 
O caso aconteceu na quarta-feira (21) e o profissional, que trabalha no Hospital Municipal Mário Covas, em Hortolândia, teve o afastamento das atividades solicitado até que o caso seja apurado. A Polícia Civil registrou o caso.
 
De acordo com a versão da família, os pais procuraram atendimento na noite de anteontem. O médico Arjuna Perin estava de plantão e atendeu a menina, que estava com febre de quase 40 graus. “Ele nem consultou a menina direito, só bateu o olho e perguntou o que ela tinha. Depois, receitou dipirona e água boricada”, contou Edson Silvam 30, pai da menina.
 
Na receita, além dos medicamentos, o profissional receitou também Tobramax, um colírio antibiótico usado em cães e gatos. A família então foi até três farmácias da cidade procurando o medicamento, sem encontrar. Na última delas, um atendente informou que o medicamento era para uso em animais. “A atendente ficou encucada, fez uma pesquisa na Internet e descobriu que era remédio de bicho”, conta o pai menina, que tirou uma cópia da receita.
 
Os pais voltaram então até o hospital, onde questionaram o profissional, que afirmou que a receita estava correta. Apesar disso, o profissional reteve a receita original, que foi amassada e jogada no lixo, negando-se a fornecer outra. Depois disso, a família procurou a Polícia Civil, com a cópia do documento, e registrou o boletim de ocorrência.
 
Efeitos
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Tobramax é utilizado para tratamento de conjuntivite em cães e gatos e não pode ter uso humano. “É um antibiótico para animais e é impossível determinar se há efeitos adversos para os humanos porque o medicamento é testado somente em animais”, afirmou o ministério, em nota.
 
“É necessário ressaltar que este medicamento para animais pode ser vendido sem a receita, mas ele é comercializado em estabelecimentos específicos para venda de produtos veterinários. Já os medicamentos para seres humanos que têm efeito para melhora da conjuntivite precisam de receita e são vendidos nas drogarias”, finaliza a instituição.
 
Já o médico oftalmologista Antonio Pacolla ressalta que, embora a chance de o medicamento causar problemas à visão da menina seja “muito pequena”, houve erro na prescrição. Ele afirmou, no entanto, que o profissional pode ter se confundido na hora de preencher a receita. “Existe um medicamento chamado Trobradex, para uso humano, inclusive pediátrico, muito comum de ser receitado em casos nos quais pode haver problemas de infecção nos olhos. Pode ter havido um erro por conta da similaridade dos nomes”, avalia o profissional.
 
Sem retorno
A Prefeitura de Hortolândia, que responde pelo hospital informou em nota que pediu o afastamento do profissional até que o caso seja apurado. Uma sindicância foi aberta e a denúncia também foi enviada ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina). “O profissional permanecerá afastado do hospital até que o caso seja concluído”, diz a prefeitura. “A administração também realizará apuração do fato por meio da Comissão de Ética Médica do Hospital Municipal, que avaliará a conduta do profissional”.
 
O Cremesp, por sua vez, informou que ainda não tem informações oficiais sobre o caso e que irá se pronunciar após recebê-las. O médico Perin foi procurado em um consultório particular em Piracicaba, no começo da tarde de quinta-feira (22), mas foi informado que ele não poderia falar com a reportagem por estar clinicando. A reportagem voltou a ligar em duas oportunidades, ao longo da tarde, mas as ligações não foram atendidas.
 
UOL

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