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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Falta de vagas em hospitais sobrecarrega UPAs no Rio

Leitos hospitalares são de difícil acesso, revela pesquisa sobre as Unidades de Pronto Atendimento na capital fluminense
 
De acordo com uma pesquisa conduzida na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a inexistência de vagas em hospitais é o principal motivo para a permanência por mais de 24 horas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do Rio de Janeiro. Pelo menos é o que apontam 95% dos próprios gestores.

Conduzido por pesquisadores e alunos do grupo Estado, Proteção Social e Políticas de Saúde, o estudo teve como objetivo analisar a formulação e implementação de políticas relacionada às UPAs no estado do Rio de Janeiro, no período de 2007 a 2013. Buscava ainda avaliar a organização e funcionamento das unidades, levando em consideração a relação com outros serviços da rede de atenção às urgências no estado.

Foram selecionadas 19 unidades, segundo amostra aleatória entre as 42 cadastradas no Ministério da Saúde e que tinham mais de um ano de funcionamento em 2012, quando começou a pesquisa. O estudo envolveu análise de documentos e dados secundários, a realização de 42 entrevistas semiestruturadas com gestores estaduais e municipais em dez municípios, visitas às 19 UPA selecionadas por amostragem, com preenchimento de diário de campo e aplicação in loco de 76 questionários com coordenadores, médicos e enfermeiros.

O Rio de Janeiro foi um dos primeiros estados que instalou UPAs no Brasil. No início de 2013, reunia o maior número dessas unidades, com 61 estabelecimentos, principalmente na capital (31) e no entorno metropolitano (13). As Unidades ocuparam papel de destaque na política estadual por diversos fatores, entre eles problemas relacionados às limitações de acesso aos serviços de saúde, à superlotação das emergências hospitalares e às dificuldades históricas de integração de serviços ligados a distintas esferas de governo.

A maior parte dos estabelecimentos investigados estava sob administração direta estadual ou municipal (63,2%), sendo que 36,8% encontravam-se sob gestão de diferentes Organizações Sociais (OS), principalmente as UPA ligadas ao município do Rio. Entretanto, parte significativa das Unidades sob administração direta do estado estava em processo de transição da gestão para OS.

Entre os principais resultados observados na pesquisa destacam-se as dificuldades de acesso aos leitos hospitalares. A necessidade de permanência por mais de 24 horas nas UPA é frequente e se deve principalmente à falta de leitos.

A predominância de médicos jovens (com até 30 anos) e com pouco tempo de formado (até 2 anos) também foi significativa (respectivamente, 47,4% e 34,2% dos médicos entrevistados). O estudo mostrou ainda a predominância de atendimento de casos de baixo risco e as fragilidades de articulação dos serviços com unidades de atenção básica para acompanhamento dos pacientes atendidos.
 
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