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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Água mineral é sempre melhor do que da torneira? Veja mitos e verdades

Com a crise hídrica se espalhando pelo país, fica a dúvida se o uso de reservas alternativas, como o volume morto do Sistema Cantareira, em São Paulo, ou a coleta de água em bicas tem uma qualidade inferior à do líquido que antes saía das torneiras de casa
 
No Estado de São Paulo, onde há escassez em várias regiões, moradores relatam a chegada de água com cor de barro e gosto acentuado. Nestes casos, é aconselhável trocar o consumo desta água por água mineral? O filtro que temos em casa é capaz de deixar a água mais palatável ao consumo? Qual é a diferença entre estes tipos de água e qual é a melhor opção para a saúde? 
 
Segundo especialistas consultados pelo UOL, em cidades onde há estações de tratamento de água e de esgoto, a água que chega às residências é potável, portanto, pode ser consumida de forma tão segura como a água do filtro ou água mineral. Onde não há sistema de tratamento, a água deve ser captada e fervida por 15 minutos antes de ser consumida. A água mineral, como o nome já diz, é fonte de minerais benéficos à saúde, ao passo que filtros e purificadores têm a função de eliminar os possíveis resíduos que vêm da rua, e diminuir o gosto da água.
 
portaria 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, elenca os procedimentos de controle de qualidade da água potável para o consumo humano e assegura que ela pode ser usada para beber, cozinhar e para higiene pessoal.
 
Água de beber
Para ser considerada potável, a água deve apresentar quatro características: ser insípida (não ter gosto), inodora (não ter cheiro), incolor (não ter cor) e ser desprovida de microrganismos que causam doenças, como os coliformes fecais.
 
A água potável vinda da rua pode ser bebida, mesmo apresentando o conhecido 'gosto de torneira', fruto do cloro usado no tratamento e dos metais presentes na água.
 
"A água da torneira é potável. Se você tiver certeza que a caixa d'água está limpinha, sempre bem cuidada, pode beber tranquilamente. A água tratada pode ter gosto característico pelo excesso de cloro ou às vezes do próprio manancial", diz Edson Aparecido Abdul Nour, professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp.
 
Segundo o especialista em água de reúso, 500 microorganismos a cada cem mililitros de água reservada em uma caixa d'água limpa é um indicativo de água de boa qualidade.
 
"A água da rua obedece a legislação, mas depois que ela entra em casa, o morador é o responsável por sua qualidade", diz.
 
E na época de seca?
Já no período que envolve a época de seca, a qualidade da água pode realmente ser prejudicada, explica o especialista Edson Abdul Nour.
 
Isso porque em época de escassez de água a vazão dos rios diminui, mas a entrada de esgoto, mesmo tratado, continua a mesma, aumentando a concentração de poluentes e contaminantes nas águas.
 
No início das chuvas, essas águas 'lavam' a sujeira depositada nos rios, causando impacto na qualidade da água.
 
"Épocas de seca ou de início das chuvas podem alterar a qualidade da água e deixar um gosto residual, mesmo sendo tratada. O sabor é controlado, mas há pessoas que são mais sensíveis do que outras", diz.
 
Água não tratada causa doenças
Em locais onde a água não é tratada, os moradores ficam mais suscetíveis a beber água de má qualidade e, consequentemente, a contrair bactérias como a Salmonella, que causa a febre tifoide, e Escherichia coli, que causa diarreia, infecção urinária e colite, além de doenças como o cólera e toxoplasmose, de acordo com a infectologista Heloísa Ramos Lacerda, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia.
 
"Há maior risco de contrair principalmente infecções gastrointestinais pelo contato com bactérias ou protozoários. E o risco de contrair dengue pelo armazenamento de água [onde as larvas do mosquito Aedes aegypti se reproduzem]", afirma Lacerda.
 
Embora o governo seja responsável pela qualidade da água que chega às residências, que deve respeitar o padrão estabelecido na legislação brasileira, 23,8 milhões de lares brasileiros não contam com saneamento básico, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2013, divulgado em setembro deste ano.
 
Água mineral versus água potável
Diferentemente da água potável que suscita muitas dúvidas, a água mineral é considerada confiável por ser retirada de fontes naturais e ter função medicamentosa, isto é, minerais que fazem bem à saúde. Porém, algumas amostras também passam por testes de qualidade que avaliam se a quantidade de minerais em sua composição é indicada para consumo humano e se ela está livre de organismos que causam doenças, de acordo com a legislação brasileira.
 
"A água mineral tem diferentes componentes, incluindo minerais como o ferro e o magnésio. A água mineral benéfica à saúde tem que ter 500 miligramas de minerais por litro", afirma o nutrólogo José Alves Lara Neto, vice-presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
 
É o decreto-lei 7.841, de 8 de agosto de 1945, da Presidência da República, que dispõe as normas para a extração e o comércio deste tipo de bebida desde então.
 
Depois de retirada da fonte, a água mineral deve ser diretamente engarrafada e armazenada em local fresco e arejado para se manter segura para o consumo. A água mineral em si não tem prazo de validade, mas a forma como ela é estocada pode fazer o líquido ser contaminado e se deteriorar. 
 
"O consumidor tem que avaliar se a água está bem armazenada, se a garrafa não parece gasta. O recomendável é que ela fique longe do sol porque isso afeta a qualidade do líquido e, se houver alguma contaminação, pode desenvolver algas dentro do frasco, diz Nour.
 
Uma das desvantagens da água mineral em relação à água potável é a falta de flúor em sua composição, embora haja água mineral fluoretada. O flúor é um forte aliado na redução da incidência de cáries.
 
Apesar de terem o mesmo poder de hidratação das águas minerais não gasosas, as que contêm gás têm dióxido de carbono, composto químico capaz de aumentar o risco de osteoporose.
 
A água mineral também tem sódio que em quantidades maiores do que o recomendado (200 miligramas por litro), aumenta o risco de várias doenças.
 
"O dióxido de carbono composto na água tende a competir com o cálcio, diminuindo sua absorção no organismo e aumentando o risco de osteoporose", diz Lara Neto.
 
"Se tiver sódio em excesso na água, seu consumo pode aumentar o risco de desidratação, hipertensão, cálculo renal ou de bexiga e problemas cardíacos", diz Nour.
 
Veja Mitos e Verdades sobre a água potável:
 
Tomar dois litros de água por dia faz bem à saúde
VERDADE: Beber dois litros é indicado de maneira geral, mas depende da perda de líquidos que cada um tem por dia. Um atleta tende a perder mais, portanto é possível que seja indicada uma ingestão diária maior. O corpo de um adulto tem ao menos 45 litros de água; 30 litros circulam pelas células e o restante pelo sangue, no transporte de nutrientes. Parte considerável desta água é eliminada pela urina e pelo suor, portanto precisa ser reposta para evitar desidratação e problemas como cálculo renal ou cálculo na bexiga, pelo excesso de sódio geralmente diluído pela água
 
Sódio presente na água mineral pode ser prejudicial
PARCIALMENTE VERDADE: Á água mineral vendida para consumo deve ter, no máximo, 200 miligramas de sódio por litro, de acordo com a legislação vigente no Brasil. Se tiver quantidade superior, pode ser prejudicial à saúde porque, em excesso, o sódio pode aumentar o risco de desidratação, hipertensão, cálculo renal ou de bexiga e problemas cardíacos
 
Tomar água em jejum emagrece
MITO: Não há comprovação científica sobre isso. Deixar de comer pode ajudar a emagrecer, embora não seja considerada uma forma saudável de perder peso
 
Devo beber água mesmo sem ter sede?
VERDADE: A sede é um indicador de que o corpo precisa de água. O ideal é tomar antes de perder líquidos, para manter o corpo hidratado e, claro, para matar a sede. É indicado beber água depois de urinar, para equilibrar a perda, e durante exercícios físicos para evitar a desidratação
 
Se beber água da torneira fico doente?
MITO: Em cidades onde há empresa de abastecimento e tratamento de esgoto, a água que sai da torneira é potável, ou seja, ausente de organismos que causam doenças, e indicada para consumo. Para bebê-la sem medo, o ideal é manter a caixa d'água sempre limpa. Em outras localidades onde o saneamento é precário, é indicado ferver a água por 15 minutos. O gosto característico pode ser por excesso de cloro
 
Água mineral não perde a validade
PARCIALMENTE VERDADE: Se a água for mantida em um frasco vedado, em local seco e arejado, dificilmente ela deixa de ser própria para consumo, mesmo por um tempo prolongado. Mas é preciso atenção: deixar frascos de água por muito tempo no sol pode fazer com que fique esverdeada e imprópria para consumo, além de danificar a embalagem e contaminar o líquido
 
A água com gás hidrata menos do que a natural?
MITO: A água com gás pode hidratar da mesma forma que a água sem gás. A diferença é que a primeira tem dióxido de carbono em sua composição, que pode dificultar a absorção de cálcio e aumentar o risco de osteoporose
 
Se eu tomar água em excesso, posso passar mal?
VERDADE: Beber muita mais água do que o recomendado (em torno de dois litros por dia) aumenta o risco de hiponatremia, queda na quantidade de sódio no sangue, que pode causar tonturas, convulsões e levar à morte
 
Água mineral engarrafada é mais saudável do que a de filtro
MITO: A água mineral extraída de fontes é indicada para consumo por ter quantidades de minerais que fazem bem à saúde. Nos filtros de cerâmica limpos, a vela elimina os resíduos e o excesso do cloro que vêm da água já tratada. O gosto residual pode confundir, mas não indica que o líquido esteja impróprio para beber. A mesma lógica vale para os purificadores, que deixam a água que vem da rua, considerada potável, com menos gosto
 
Água com adição de flúor ou bicarbonato são mais saudáveis
PARCIALMENTE VERDADE: A água com flúor tende a diminuir a incidência de cáries, especialmente nas crianças, por isso é considerada mais saudável; da mesma forma, o bicarbonato ajuda a minimizar problemas gastrointestinais. No entanto, não há comprovação de que água com flúor ou com bicarbonato hidratam mais do que as águas sem aditivos
 
Preço alto indica que a água é mais saudável
MITO: O preço da água nem sempre indica qualidade. O custo do transporte e da embalagem pode encarecer o produto. No entanto, características que deixam a água mais palatável, como menor concentração de sais e de sabor residual, podem influenciar no preço
 
Beber água durante as refeições atrapalha a digestão
PARCIALMENTE VERDADE: O estômago excreta uma quantidade maior de ácido para fazer a digestão. Se durante a refeição houver excesso de ingestão de água, o líquido vai se juntar à água já presente nos alimentos e diluir o ácido presente no estômago, tornando-o mais alcalino e atrapalhando o processo digestivo
 
Água da torneira tem de ser fervida antes da ingestão
MITO: Em cidades onde há empresa de abastecimento e tratamento de esgoto, a água que sai da torneira é potável, ou seja, livre de organismos que causam doenças. Porém, para bebê-la sem medo, o ideal é manter a caixa d'água sempre limpa. Somente é indicada a fervura por 15 minutos em localidades onde o saneamento é precário
 
Beber muita água é bom para eliminar toxinas do organismo
PARCIALMENTE VERDADE: A água tem o poder de eliminar as toxinas do organismo, principalmente pela urina, mas tomá-la em excesso pode ser prejudicial à saúde. Beber mais de três ou quatro litros por dia pode aumentar o risco de hiponatremia, queda na quantidade de sódio no sangue, que pode causar tonturas, convulsões e, ao extremo, levar à morte
 
Água do chuveiro não deve ser bebida
PARCIALMENTE VERDADE: Em cidades onde há tratamento de água e esgoto, a água que chega às casas é potável, isto é, ausente de organismos que causam doenças, e indicada para consumo. Entretanto, se a caixa d'água não estiver limpa, isso pode influenciar na qualidade da água da residência
 
Água naturalmente gasosa é mais saudável do que a água sem gás
MITO: Não há comprovação científica que comprove tal afirmação. Ambas têm poder de hidratação, embora em longo prazo o dióxido de carbono presente na água gasosa possa aumentar o risco de osteoporose
 
UOL

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