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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

No Brasil, 41% da população é contra testes com animais, revela pesquisa

Foto: Jardiel Carvalho/Frame/Folhapress: Cães da raça
 beagle passam por exames em clínica veterinária nesta
tarde de sexta-feira (18) em São Roque
Dados são de pesquisa feita com 2.162 pessoas pelo instituto Datafolha. Oposição em relação aos testes com animais é maior em população jovem
 
Uma parcela grande da população brasileira é contra o uso de animais em testes para desenvolver novos remédios. Uma pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), entidade de pós-graduação para farmacêuticos, revelou que 41% dos brasileiros “discordam plenamente” dessa prática.
 
Segundo o levantamento, só 36% concordam plenamente com o uso de animais pela ciência. Outros 18% concordam apenas parcialmente com essa aplicação. Para chegar aos resultados, foram entrevistadas 2.162 pessoas em 134 cidades por todo o país. As entrevistas foram feitas entre 24 e 25 de setembro deste ano.
 
O debate sobre o uso de animais em pesquisas e no desenvolvimento de produtos veio à tona no país em outubro de 2013, quando ativistas invadiram um instituto de pesquisa em São Roque (SP) e levaram do local animais usados em testes, principalmente cães da raça beagle, alegando suspeitas de que os bichos sofriam maus-tratos.
 
Para Marcus Vinicius Andrade, diretor de pesquisa do ICTQ, a opinião negativa da população faz com que as indústrias farmacêuticas não queriam associar suas marcas e produtos aos testes com animais. No entanto, isso não inibe de fato os experimentos com animais no país.

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“As indústrias avaliam que, uma vez que abrem mão das pesquisas em animais aqui no país, as mesmas se tornam dependentes de tecnologias externas, o que consequentemente encarece o medicamento”, afirma Andrade. “Para não encarecer o produto, e também não associar suas marcas a um tema que sofre rejeição em termos de opinião pública, as indústrias terceirizam a pesquisa clínica para institutos e laboratórios especializados.”
 
Ou seja, na prática, os testes com animais são feitos da mesma forma, apenas por outras instituições.
 
Entre jovens, rejeição a testes é maior
De acordo com o estudo, quanto mais jovem a população, maior é a oposição ao uso de animais em pesquisas. Entre os jovens de 16 a 24 anos, por exemplo, apenas 29% concordam com os testes em animais. Já a partir dos 40 anos de idade, essa parcela passa a ser de 40%.
 
A opinião também varia conforme a região do país. O Sul registra o menor índice de aprovação em relação aos testes em animais: 32% dos residentes concordam com o procedimento. No Sudeste e no Nordeste, esse índice é de 36%. No Norte e Centro-Oeste, 38% das pessoas aprovam os testes.
 
Para a pesquisadora Luisa Maria Gomes de Macedo Braga, professora da PUC-RS e presidente da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL), existe pouco conhecimento por parte da população leiga sobre a importância dos testes com animais para a ciência e para o desenvolvimento de novas drogas. “Se 41% das pessoas são contra o uso de animais em pesquisas, será que elas têm na vida delas uma ausência total de medicamentos, de vacinas? Até para a anticoncepção ainda se usa.”
 
Ela observa que, nos últimos anos, novos métodos alternativos ao uso de animais têm sido desenvolvidos. Em setembro, por exemplo, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) reconheceu 17 métodos alternativos para o uso na pesquisa brasileira. “Estamos caminhando com uma perspectiva muito boa nesse sentido de atender ao máximo que pudermos sem o uso de animais. E, quando usar, usar de forma bastante ética, parcimoniosa”, diz Luisa.
 
A pesquisadora observa que a preocupação com o bem-estar dos animais faz parte do trabalho dos cientistas. “As pessoas que são contra têm que entender que nenhum pesquisador acha bom eutanasiar um animal. Também nos preocupamos muito com isso, mas temos que melhorar a saúde das pessoas e também dos animais. Muita da experimentação que se faz também reverte em benefício dos próprios animais”.
 
G1

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