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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Hiperprolactinemia: o que é o distúrbio que faz produzir leite mesmo sem estar grávida

Hiper-pro-lac-ti-ne-mia, uma condição de nome difícil, mas de fácil entendimento que significa uma produção excessiva do hormônio prolactina pelo organismo da mulher

Tal disfunção interfere no ciclo menstrual, na libido e na fertilidade de homens e mulheres

Uma doença de nome complicado, mas que é mais comum do que se imagina e pode trazer uma série de inconvenientes. Causada pela produção em excesso de hormônio prolactina – que, entre outras funções, é responsável pela produção do leite materno – a hiperprolactinemia é um distúrbio que, se não identificado a tempo, pode atrasar o diagnóstico de um tumor benigno.

Um dos principais sintomas da doença é a produção de leite fora do período normal de amamentação após o parto.

“É a chamada galactorréia", explica Nina Musolino, médica-supervisora do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), que ainda esclarece: “a hiperprolactinemia também causa alterações menstruais, como irregularidade e até falta de menstruação, e em homens, redução da potência sexual, além de redução da libido e infertilidade em ambos os sexos”.
 
Causas da Hiperprolactinemia
Entre as principais causas da hiperprolactinemia está o uso de alguns medicamentos, entre eles, antipsicóticos, antiácidos, antieméticos (remédios para enjoo) e anti-hipertensivos. Estresse, casos de hipotireoidismo primário e síndrome dos ovários policísticos também estão relacionados com o surgimento da alteração.
 
Diagnóstico da hiperprolactinemia
Além dos sintomas relacionados, o diagnóstico da hiperprolactinemia é feito por meio de um exame laboratorial que mede a concentração de prolactina no sangue. Níveis acima de 20 ou 25 ng/ml caracterizam o distúrbio. Já quando o resultado da análise for acima de 100 ng/ml, existe a possibilidade da existência de um tumor benigno da hipófise. “Esses tumores podem causar distúrbios neurológicos como cefaleia e perda visual”, diz a médica. Porém vale ressaltar que, geralmente, as consequências são reversíveis e os tumores são muito sensíveis ao tratamento medicamentoso.
 
Tratamento da hiperprolactinemia
Na maioria dos casos de hiperprolactinemia, o tratamento é feito com medicamentos com ação semelhante à da dopamina, como Dostinex (cabergolina), que agem diretamente na hipófise, reduzindo a produção da prolactina.
 
“A cabergolina tem ação semelhante à dopamina e é o principal medicamento utilizado no combate à doença porque tem melhores resultados e menor interferência de efeitos colaterais”, diz a especialista.
 
Mesmo nos casos de tumores produtores de prolactina (prolactinomas) a substância é o tratamento de escolha.

“A duração do tratamento vai depender da causa da hiperprolactinemia e é muito variável. O medicamento pode ser indicado por muitos anos sem prejuízo do efeito”, conclui.

Em situações de falta de resposta à cabergolina, deve-se considerar a possibilidade de cirurgia para retirada do prolactinoma: no Brasil, apenas 15% a 20% dos indivíduos com hiperprolactinemia precisam ser submetidos à cirurgia.

Saúde Mulher

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