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sábado, 21 de maio de 2011

Colesterol: o que ele tem a ver com infecções...e com câncer

Sempre na mira dos médicos quando o assunto é o coração, agora a gordura se tornou alvo de pesquisas que a associam a outras doenças, como as infecciosas e o câncer


Um exame de sangue cujo resultado causa inveja nas rodas de conversa é aquele que aponta níveis baixos do chamado colesterol ruim, o LDL. Isso porque, na boca do povo, ele já se tornou sinônimo de complicação para o sistema cardiovascular. A partir de agora, quem se preocupa com as defesas do organismo terá um motivo a mais para se gabar de suas taxas equilibradas. Um estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, sugere que reduzir a gordura em circulação auxilia a barrar infecções. Os cientistas confirmaram esse elo depois de simular uma contaminação por vírus em culturas celulares e acompanhar a reação da imunidade.

"Observamos que, diante da invasão pelo micro-organismo, o sistema imune libera substâncias que, por sua vez, emitem uma ordem para que haja diminuição dos índices de LDL", conta, em entrevista a SAÚDE!, o médico geneticista Peter Ghazal, que conduziu o experimento. À primeira vista, essa informação pode soar como uma boa notícia. Afinal, prestes a iniciar um combate, as células imunológicas nos prestariam um serviço extra ao nocautear o colesterol ruim. Só que a história é bem outra. Os pesquisadores desconfiam que, ao mantermos o LDL sob rédeas curtas, as defesas não precisariam queimar essa gordura e, assim, ficariam mais disponíveis para enfrentar os micróbios baderneiros. A pergunta que não quer calar é: por que elas têm de se meter nesse imbróglio gorduroso?

A bióloga Marília Seelaender, do Grupo de Pesquisas sobre o Metabolismo do Câncer da Universidade de São Paulo, esclarece a teoria com mais detalhes. "Ao ser desafiado, o sistema imunológico fabrica uma substância, o interferon. Ele, por sua vez, inibe a produção de enzimas responsáveis pela síntese de colesterol", esclarece. Ou seja, as fábricas dessa partícula entram em marcha lenta. De acordo com Marília, uma molécula formada durante esse processo, chamapor da mevalonato, seria importante para que alguns vírus, como o da dengue, consigam se multiplicar a contento. Em outras palavras, interromper esse ciclo no início privaria o inimigo do substrato de que necessita para se replicar.

Com base nesse resultado, Peter Ghazal e sua equipe se animam com a hipótese de que as estatinas — as principais drogas utilizadas para controle do colesterol — possam ser uma alternativa ou um reforço aos medicamentos contra infecções no futuro. "As estatinas bloqueiam justamente a via do mevalonato", concorda Marília. "Mas investigamos, também, outras maneiras de interromper esse mecanismo", anuncia Ghazal. Na opinião do cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade de Lípides do Instituto do Coração, em São Paulo, toda a linha de pesquisa faz bastante sentido. "Há evidências de que pacientes tratados com estatinas apresentam menor risco de morrer diante de uma septicemia, infecção generalizada grave", conta.

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