Os hospitais brasileiros recebem a cada dia 260 vítimas de acidentes de trânsito. São 100 mil internações por ano em centros médicos privados ou conveniados com o SUS (Sistema Único de Saúde).
Os dados, referentes a 2009, foram compilados pela Abramet (Associação de Medicina de Tráfego). Entre setembro de 2009 e dezembro de 2010, as colisões e os atropelamentos resultaram em um prejuízo de R$ 41 bilhões ao país – o valor seria suficiente para construir 283 quilômetros de metrô em São Paulo –, revela levantamento da ONG Chega de Acidentes.
De acordo com a entidade, no mesmo período, 46 mil pessoas morreram em rodovias e ruas brasileiras. Apenas no SUS, os custos da violência no trânsito somam R$ 113,4 milhões nos últimos doze meses.
Os acidentes já representam o maior gasto entre todas as internações custeadas pela rede pública de saúde no país. Dados do Ministério da Saúde apontam que 45% dos envolvidos em acidentes graves de trânsito têm entre 20 e 39 anos.
Segundo o médico especialista em traumas de trânsito e diretor da Abramet, Dirceu Rodrigues Alves, a má formação dos condutores é das uma das principais causas do elevado número de acidentes nas ruas e avenidas brasileiras.
“As autoescolas não preparam os condutores. O sujeito fica andando a 30 km/h por 15 dias e depois vai para a rua dirigir a 80km/h ou até 100 km/h. Ele não está pronto para isso”. Para Rodrigues Alves, o perído de duração do curso para retirada da CNH (Carteira Nacional de Habitação) deveria passar dos atuais três meses para pelo menos um ano.
O médico ainda defende o uso de simuladores de direção durante a passagem pelo CFC (Centro de Formação de Condutores). “No simulador, o futuro motorista poderá testar suas reações ao dirigir com chuva, neblina e em congestionamentos”, explica o médico.
Ele também critica o exame psicotécnico que, em sua avaliação, levou às ruas um contingente de motoristas com graves problemas psicológicos. “Dos condutores brasileiros, acredito que 15% não têm condições psicológicas de ter um carro nas mãos.”
A consequência dessa falha na formação dos condutores é o aumento da violência no trânsito, principalmente na luta travada entre carros e motos. “O motorista não está pronto para a pressão de dividir o espaço com outros carros e com as motos. Quando há um imprevisto, reage de forma violenta e acaba provocando acidentes fatais.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário