Mais de 40 por cento das mortes até aos cinco anos dizem respeito a recém-nascidos e a percentagem tende a aumentar, apesar de haver cada vez menos crianças a morrer, revela um estudo da Organização Mundial de Saúde hoje publicado.
De acordo com os dados agora revelados, as mortes nas primeiras quatro semanas de vida (período neo-natal) constituem hoje 41% de todas as mortes até aos cinco anos de idade. Essa percentagem cresceu dos 37% em 1990 e tem tendência para crescer ainda mais.
As mortes em recém-nascidos diminuíram de 4,6 milhões em 1990 para 3,3 milhões em 2009, mas constituem agora maior proporção do número global de mortes infantis.
As melhorias salientaram-se desde que foram instituídos os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas em 2000, que resultaram em mais investimento em cuidados de saúde para mulheres e crianças. No entanto, estas melhorias contribuíram mais para o rápido aumento da sobrevivência das mães (2,3% ao ano) e das crianças com menos de cinco anos (2,1 % ao ano) do que dos recém-nascidos (1,7% ao ano).
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, definidos pelos líderes mundiais em 2000, pretendem uma redução da mortalidade infantil para um terço dos valores de 1990, mas segundo este estudo, e embora tenha havido melhorias na redução da mortalidade infantil, os valores permanecem insuficientes para atingir esse objetivo, em particular na redução das mortes neo-natais.
Anualmente, mais de oito milhões de crianças morrem antes do seu quinto aniversário. Quanto às mortes neo-natais, quase 99% ocorrem nos países em desenvolvimento e são causadas por doenças que podem ser prevenidas ou tratadas.
Entre as principais causas de morte encontram-se os partos prematuros (29%), problemas respiratórios (asfixia) durante ou no pós-parto (23%), bem como septicemias ou pneumonias (25%).
Procedimentos simples já existentes, como melhores condições de higiene na altura do parto ou aconselhamento quanto ao aleitamento podem reduzir as mortes neo-natais para dois terços ou mais se chegarem às populações que deles necessitam.
A primeira semana de vida é a mais arriscada para os recém-nascidos e no entanto muitos países estão apenas agora a começar programas de cuidados pós-natais que apoiem mães e recém-nascidos neste momento crítico.
“A sobrevivência dos recém-nascidos tem sido deixada para trás, apesar das soluções existentes para prevenir essas mortes” diz Flavia Bustreo, responsável da OMS para a Saúde da Família, Mulheres e Crianças. “Com quatro anos para atingirmos os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, é crítico dar mais atenção e ações para os recém-nascidos”, acrescenta.
Cerca metade das mortes em recém-nascidos ocorre na Índia, Nigéria, Paquistão, China e República democrática do Congo.
Com uma redução de apenas 1% ao ano, África tem demonstrado o progresso mais lento a nível mundial. Ao ritmo atual, demorará mais de 150 anos a atingir níveis de sobrevivência comparáveis aos dos Estados Unidos da América ou Reino Unido.
“Este estudo demonstra claramente que onde os bebés nascem influencia dramaticamente as suas hipóteses de sobrevivência, e que especialmente em África demasiadas mães experienciam a dor de perder os seus filhos” disse o co-autor Joy Lawn, da organização Save the Children. “Milhões de bebés não deviam estar a morrer quando existem intervenções comprovadas e com bom custo-benefício para prevenir as principais causas da morte de recém-nascidos.”
O estudo, o mais completo até à data, cobre 20 anos e todos os 193 estados membros da Organização Mundial de Saúde. Realizado por investigadores da OMS, Save the Children e da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, foi hoje publicado na revista médica PLoS Medicine.
Fonte Destak
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