A pedido de seu ginecologista, a bancária Mary Yugue fez uma mamografia porque sentia pontadas na mama esquerda. O laudo apontou uma microcalcificação na mama direita e o médico sugeriu, sem urgência, uma biópsia sem cirurgia. Três meses depois, ao fazer o procedimento, contou ao radiologista que, na verdade, sentia algo errado na mama esquerda. "Ele pediu novos testes e descobriu que eu tinha câncer na mama esquerda."
Era um tumor agressivo. E a bancária ficou revoltada com o laboratório. "Se não fosse esse radiologista, o tumor cresceria de repente e não daria tempo de tratar", diz ela, que preferiu não processar o emissor do laudo errado para se concentrar no tratamento. Foram necessárias quatro cirurgias, além de radioterapia e quimioterapia.
Maria Helena Faria de Camargo, de 51 anos, também foi vítima de um laudo errado. Ela tem osteopenia há 10 anos, que leva à diminuição da massa óssea. Em junho, passou pelo exame de densitometria óssea no Hospital Sírio-Libanês, um dos mais conceituados do País. O laudo comparava os valores de sua densitometria com um exame anterior que ela nunca havia feito no local. "É duro receber um resultado que não é o seu. Disseram que fariam um segundo laudo, mas não acredito mais."
Para o diretor técnico do Sírio-Libanês, Antonio Carlos Onofre de Lira, o que houve foi erro humano. "O exame é cadastrado pelo nome e pelo número de identificação. A checagem foi pelo nome e não pelo número, havendo risco de homônimos". Segundo ele, o laudo fornecido é correto e só a comparação com o exame anterior deve ser desconsiderada.
O advogado Gilberto Bergstein, especializado em saúde, diz que o problema não se limita a exames de imagem. E conta o caso de uma cliente que recebeu resultado positivo em um exame para anemia falciforme e, durante oito anos, foi submetida a um difícil tratamento. Foi quando outro exame revelou que ela não tinha a doença.
SAIBA MAIS
- Recomenda-se que o paciente verifique se o laboratório tem selos de qualidade, como o fornecido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) ou pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca)
- Cabe ao paciente informar ao laboratório qual é a queixa que motiva o exame e, quando houver, levar exames anteriores para comparação
- Em caso de dúvidas quanto ao resultado, recomenda-se a realização de outro exame, que deve ser feito em locais indicados pelo médico que solicitou o procedimento
- Diante da constatação de erros no laudo, o paciente pode acionar juridicamente o laboratório, o profissional responsável pelo exame ou até o convênio médico
Fonte Estadão
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