A marcha reversiva trabalha lateralidade, equilíbrio, coordenação, ritmo e reduz o impacto sobre as articulações
Em alguns esportes como futebol, vôlei, basquete, em certos momentos os atletas são obrigados a recuar, andando e até fazendo pequenas corridas de costas, para dificultar o avanço do adversário ou para dominar uma bola. Mas andar ou correr de costas continuamente é outra história. Ou melhor, outra modalidade.
A atividade existe – inclusive são realizadas competições do gênero no mundo todo – e leva o nome de marcha reversiva (MR), prometendo benefícios como melhora da capacidade física e manutenção da saúde. Esse tipo de corrida começou a ser praticado na China como filosofia, mas foi nos Estados Unidos que ganhou status de esporte.
“Experimente reconstruir sua maneira de ver o mundo: nós não andamos para trás e sim andamos para frente, de costas”, defende o professor de educação física e fisiologista do exercício Pablo Galletto, especialista em MR no Brasil.
Segundo ele, a atividade usa procedimentos para quebrar padrões psíquicos e corporais. “A marcha reversiva propicia novos estímulos, faz uma 'bagunça cerebral', forçando todas as estruturas a se reorganizarem e evoluírem”, diz Galletto.
Com essa “revolução no cérebro”, ocorre melhora de psicomotricidade, propriocepção, ritmo, consciência espacial, lateralidade, equilíbrio e coordenação, entre outras coisas.
“Essas qualidades também podem impulsionar o indivíduo a ter uma visão diferente do ambiente, de seu próprio corpo e de suas possibilidades”.
Por ser uma atividade aeróbica, ainda ajuda na melhora da capacidade cardiopulmonar, aumenta o condicionamento e a queima calórica.
“Uma recente pesquisa apresentada no congresso anual do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) testou a MR na recuperação de lesões de joelhos. O trabalho mostrou que aqueles que utilizavam bicicletas ergométricas e aparelho elíptico (também chamado transport) pedalando para trás alcançavam melhores condições cardiovasculares e recuperação mais rápida de lesões, quando comparados a indivíduos que faziam o movimento normal, para frente”, conta Galletto.
Assim como qualquer outra atividade física, a marcha reversiva requer orientação de um profissional. O ideal é fazer um treinamento individualizado, com três sessões semanais de cerca de 40 minutos cada. Para quem quer se iniciar na prática, Galletto recomenda o seguinte esquema:
1ª e 2ª semanas
- Três treinos por semana, de 40 minutos cada, em dias alternados
- Antes de começar, alongue membros inferiores, costas, ombro e pescoço
- Faça exercícios educativos: caminhe e saltite lateralmente; ande elevando o joelho na altura do quadril; ande nas pontas dos pés e nos calcanhares
- Intercale 5 minutos de corrida leve com 1 a 2 minutos de marcha reversiva (MR), tomando cuidado para não cair na hora da inversão
- Finalize com alongamento
- Três treinos por semana, de 40 minutos cada, em dias alternados
- Antes de começar, alongue membros inferiores, costas, ombro e pescoço
- Faça exercícios educativos: caminhe e saltite lateralmente; ande elevando o joelho na altura do quadril; ande nas pontas dos pés e nos calcanhares
- Intercale 5 minutos de corrida leve com 1 a 2 minutos de marcha reversiva (MR), tomando cuidado para não cair na hora da inversão
- Finalize com alongamento
3ª e 4ª semanas
- Três treinos por semana, de 40 minutos cada, em dias alternados
- Antes de começar, alongue membros inferiores, costas, ombro e pescoço
- Faça exercícios educativos: caminhe e saltite lateralmente; ande elevando o joelho na altura do quadril; ande nas pontas dos pés e nos calcanhares
- Vá evoluindo de acordo com adaptação do corpo, intercalando 5 minutos de corrida leve com 3 minutos de MR; 5 minutos de corrida leve com 4 minutos de MR; até chegar a 5 minutos de corrida leve com 5 minutos de MR
- Finalize com alongamento
- Três treinos por semana, de 40 minutos cada, em dias alternados
- Antes de começar, alongue membros inferiores, costas, ombro e pescoço
- Faça exercícios educativos: caminhe e saltite lateralmente; ande elevando o joelho na altura do quadril; ande nas pontas dos pés e nos calcanhares
- Vá evoluindo de acordo com adaptação do corpo, intercalando 5 minutos de corrida leve com 3 minutos de MR; 5 minutos de corrida leve com 4 minutos de MR; até chegar a 5 minutos de corrida leve com 5 minutos de MR
- Finalize com alongamento
Segurança
A falta de coordenação motora é uma das principais dificuldades que o corredor enfrenta no início. E vale ressaltar que a MR é vetada para pessoas que tenham labirintite, hérnia ou protrusão de disco ou qualquer outra patologia que impeça a atividade física.
Para a prática segura, já que você estará de costas, é preciso atenção. “Pratique em um local com bom calçamento. Ou na academia, utilizando a esteira e o elíptico, fazendo, por exemplo, três minutos para frente e um para trás”, aconselha Mauro Guiseline, professor da Faculdade de Educação Física da Uni-FMU e diretor técnico da Academia Runner.
“A modalidade traz benefícios musculares, acionando os músculos da parte de trás das pernas e fortalecendo os músculos da coxa, minimizando também o impacto nos joelhos. E ainda melhora equilíbrio e coordenação”, reforça Guiseline.
O treinador Pablo Galletto, que descobriu os benefícios da MR aos 16 anos, durante a reabilitação de um acidente de bicicleta, especializou-se na modalidade e agora faz mestrado em neuropsicologia para estudar melhor as reações da marcha reversiva em portadores de Doença de Alzheimer.
Fonte IG
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