Uma em cada cinco consultas dos médicos de medicina geral está relacionada com doenças reumáticas, a principal causa de reforma antecipada por invalidez em Portugal e que será agora alvo de um estudo epidemiológico inédito.
O diagnóstico é do reumatologista Jaime Branco, que é também o principal investigador do Reuma Census, o primeiro estudo epidemiológico que se vai realizar em Portugal sobre as doenças reumáticas e que abrangerá 10 mil portugueses.
O especialista sublinha a dimensão do estudo, que será sexta-feira apresentado em Lisboa, o que faz com que seja “inédito a nível mundial”, e espera agora que os portugueses sejam sensíveis aos inquéritos, até porque esta é uma doença bem conhecida em Portugal.
Sendo “a patologia mais frequente da raça humana”, as doenças reumáticas têm uma elevada expressão em Portugal, estimando-se que atinja 2,7 milhões de portugueses, ou seja, mais de um quarto da população (25,7 por cento).
Estima-se ainda que, destes doentes, 1,7 milhões sejam mulheres e 970 mil homens.
Apesar de conhecidas como “reumatismo”, as doenças reumáticas são muitas – mais de 100 tipos - e podem afetar o aparelho locomotor (ossos, articulações, músculos e tendões) e outros órgãos, como o coração, o rim, o pulmão, sistema nervoso, os olhos e a pele.
Esta é uma das razões por que as doenças reumáticas são o motivo de um quinto de todas as consultas feitas pelos médicos de medicina geral e familiar nos centros de saúde.
Para Jaime Branco, é precisamente nos cuidados de saúde primários que as pessoas afetadas com doenças reumáticas devem ser seguidas, o que acontece atualmente com muito melhor qualidade do que há meia dúzia de anos.
O especialista destacou ainda o desenvolvimento positivo que se registou nos hospitais portugueses nos cinco últimos anos.
“Triplicou o número de hospitais com reumatologistas”, disse, frisando que este número ainda não é suficiente, o que dificilmente acontecerá tendo em conta a dimensão da doença em Portugal.
Outro reflexo desta elevada incidência das doenças reumáticas é a incapacidade que resulta e a consequente abstenção laboral.
“As doenças reumáticas são a principal causa de reforma antecipada por invalidez”, disse.
Esta incapacidade “resulta essencialmente da dor e da deformação que às vezes também ocorre”, explicou.
“Há doentes que simplesmente não se conseguem vestir ou despir nem assegurar os cuidados de higiene, tal é a dor que sentem”, disse.
Para alguns destes doentes, que sofrem de tipos de doenças reumáticas mais graves, a resposta passa pelos medicamentos biológicos, de elevados custos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que os comparticipa totalmente.
Há medicamentos biológicos que custam 800 a mil euros mensais por pessoa, mas apenas dois a três mil doentes precisam destes fármacos.
Fonte Destak
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