A Ritalina, remédio usado no tratamento de crianças com deficit de atenção e hiperatividade, exibiu como efeito colateral o atraso da puberdade em um estudo feito com macacos.
O problema, que não foi investigado ainda em humanos, foi descoberto por acaso por cientistas nos EUA.
Os testes, feitos por um grupo dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, tinham como objetivo medir possíveis danos causados pela Ritalina no DNA.
"Todos esses nossos estudos tiveram resultados negativos", disse à Folha Donald Mattison, pesquisador que coordenou o trabalho.
"Ao avaliar macacos que haviam sido tratados com a droga, vimos que a descida testicular [deslocamento dos testículos do abdome para a bolsa escrotal] estava atrasada. Isso foi inesperado."
O estudo foi publicado ontem no site da revista "PNAS".
O trabalho descobriu que os níveis de testosterona dos animais estavam abaixo do normal após 30 meses de tratamento com metilfenidato, princípio ativo da Ritalina.
O cientista afirma, no entanto, que ainda é cedo para tirar conclusões sobre a segurança da droga.
"Esse estudo não implica que a mesma coisa deva acontecer em humanos, mas pode ser que aconteça", afirma o cientista Ridha Joober, da Universidade McGill, de Montreal (Canadá), que vem investigando efeitos colaterais da Ritalina.
"Depois desse estudo, muitos cientistas vão se interessar em checar se há efeitos similares em crianças."
Mattison afirma que não encorajaria pais a mudarem o tratamento dos filhos sem discutir antes com o médico.
OUTRO LADO
A Novartis, laboratório suíço que detém o nome comercial Ritalina e é líder nas vendas da droga, emitiu ontem uma nota sobre o assunto.
"É importante notar que esse é um estudo único conduzido em macacos e que mostra um impacto não permanente do metilfenidato sobre a puberdade", afirma o documento. "A Novartis monitora continuamente os efeitos adversos relatados de todos os seus produtos."
Fonte Folhaonline
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