Acompanhamento psicológico faz parte do processo; pacientes relatam maior liberdade após a cirurgia
Ana Paula Magalhães Torres foi uma criança magra, daquelas que os pais dão vitamina para ganhar peso. O remédio fez efeito. Na adolescência, era a gordinha da turma. Não parou mais. Aos 35 anos, pesava 141 quilos. “Ninguém é gordo porque quer. Não é relaxamento. Eu simplesmente não me via. Sabia que era gorda, mas não tinha noção da proporção do meu corpo”, explica.
Foi nessa época que fez a cirurgia bariátrica. Emagreceu 71 quilos, mas passou a enfrentar outros problemas: não havia roupa que ficasse bem e tinha dificuldades para se locomover. Soube, então, da cirurgia reparadora do Hospital Federal do Andaraí.
Dois meses após a plástica, estava prestes a realizar um sonho - ir à praia de biquíni. “Mesmo muito gorda, eu ia à praia, mas nunca na minha vida usei um biquíni. Agora vou comprar um”, diz a enfermeira de 39 anos.
Jaqueline Eriksson, de 26 anos, diz que sua personalidade mudou após a plástica. “Deixei de ser a simpática, a engraçada. O gordo tem de ser legal com todo mundo para ser aceito. Agora eu posso me dar ao luxo de não sorrir para quem eu não quero. Porque hoje eu me aceito.”
Jaqueline casou em 2006, com 115 quilos. Soube por um vizinho da cirurgia bariátrica e, contrariando as recomendações de passar por acompanhamento psicológico, fez a operação pouco mais de um mês depois. “Em 30 dias, passei por 51 exames.”
Ela perdeu 53 quilos e entrou na fila para a plástica em 2010. Em abril de 2010, quando um temporal deixou 250 mortos no Estado, Jaqueline atravessou a cidade numa motocicleta para não perder a consulta no Andaraí. A determinação da paciente comoveu os médicos.
Um dia, entrou numa loja e pediu para experimentar a calça 44. A vendedora perguntou se era presente. “Eu vestia 52, mas achava que o 44 já ia caber. Mas a vendedora disse que o número certo era o 36. Não acreditei. Quando a calça entrou, tive uma crise de choro. Comprei cinco.”
Fonte Estadão
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