Entre 2% e 5% têm alergia a camarão e outros frutos do mar, diz médica.Nas férias, contaminação dos alimentos por parasitas também é um risco.
Nas férias, quem sai de viagem para a praia deixa em casa toda a sua rotina. Mudam a hora de dormir, a hora de acordar e os hábitos alimentícios. Quem vive longe do litoral aproveita para comer frutos do mar, mais frescos e mais baratos do que os encontrados nos mercados da cidade em que mora.
Algumas vezes, o corpo não responde bem às mudanças e provoca o que os médicos chamam de reações adversas ao alimento. Essas reações podem ser de origem infecciosa ou alérgica.
A relação da mineira Maria Aparecida Santos Silva com os frutos do mar é um tipo caso de alergia. Criada em uma época em que era difícil encontrar esses alimentos em Belo Horizonte, ela demorou a descobrir que era alérgica.
Hoje com 75 anos, a dona de casa conta que, nos anos 1950, comia camarões em lata, bem pequenos, misturados no arroz. “Sentia que picava minha garganta, mas não dava nada mais grave”, diz.
Maria Aparecida tinha 18 anos quando a alergia se manifestou mais intensamente. “A primeira demonstração foi numa festa casamento que serviu bobó de camarão com camarões grandes. Quando eu terminei, comecei a ficar vermelha e fiquei com a respiração curta. Meu tio, que é médico, me levou para o hospital para tomar injeção. Aí ele falou: ‘passe longe de camarão e lagosta’”, lembra.
A experiência a deixou em alerta máximo. “Até o cheiro dá uma coceira no nariz”, ela afirma. “Evito comer salgados em festa, nunca se sabe onde eles foram fritos”.
A preocupação tem a ver com a segunda crise alérgica, que aconteceu anos mais tarde, durante uma viagem à Bahia. No almoço, ela pediu bacalhau, mas seu marido comeu camarão e ela teve a reação alérgica. “Estava com a boca toda branca por dentro e dificuldade para respirar. Era sexta-feira da Paixão, passei um aperto para achar um farmacêutico”, relembra. Quando finalmente encontrou, Maria Aparecida tomou a injeção e a crise terminou.
Explicação médica
Essa injeção tão comum que resolve as crises de alergia é de adrenalina, e deve ser aplicada em um músculo, geralmente no músculo lateral da coxa.
A alergia alimentar, como a respiratória, é uma resposta exagerada do sistema de defesa do corpo a alguma substância. É uma reação imediata, que surgem normalmente minutos após a ingestão do alimento, no máximo duas horas depois.
Provoca vermelhidão e coceira intensa na pele, dor de barriga, vômito e diarreia e tosse e falta de ar, com um inchaço na garganta conhecido como edema de glote. Também faz com que a pressão arterial caia e pode levar à parada cardíaca, em sua versão mais grave, o choque anafilático.
A alergia a frutos do mar é uma das alergias alimentares mais comuns no Brasil. “Em geral, a gente considera que entre 2% e 5% têm alergia a camarão e outros frutos do mar”, diz Raquel Pitchon, alergista e imunologista geral e pediátrica do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte.
A médica explica que animais como o camarão, a lula e o mexilhão têm um antígeno na formação do tecido que dispara essa reação. O mesmo antígeno está presente nos ácaros, então quem tem alergia respiratória a poeira fica mais predisposto à reação alimentar também, segundo a especialista.
O diagnóstico de alergia pode ser dado por um médico alergista. “Ele vai perguntar o histórico, o histórico é muito importante”, afirma Pitchon. Além disso, existe um exame feito na pele ou no sangue que pode confirmar a presença dos anticorpos que provocam a reação alérgica.
Infecções
Mesmo quem não é alérgico a frutos do mar fica sujeito a reações adversas aos alimentos na praia. Isso porque é comum a infecção por bactérias e outros parasitas.
Segundo a médica, a melhor forma de se proteger dessas infecções “é comer alimentos cozidos, frutas frescas, evitar ingestão de maionese e cremes brancos, em casos de suspeita”. Quem manipula os alimentos deve ter cuidado redobrado com a higiene.
A contaminação é mais comum se a cidade não tiver saneamento básico ou se o mar receber esgoto sem tratamento, o que deixa a água com coliformes fecais. Além disso, o calor e a umidade favorecem a proliferação das bactérias.
Fonte Bem estar
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