Em nove dias sem tratamento, doença pode causar sérias complicações, como infarto e convulsões
Uma patologia infantil pouco conhecida e de difícil diagnóstico. São diversos os motivos que fazem com que a doença de Kawasaki tenha grandes chances de passar batida pelo exame clínico quando a criança aparece febril no consultório. Falha que pode ser decisiva quando se trata de uma doença que, em nove dias sem tratamento, pode mudar para sempre a vida da criança.
– Se não fosse a nossa insistência em buscar uma resposta para a febre da Pietra, que persistia, teria sido tarde demais – comenta a pedagoga Ana Paula Ludwig, 30 anos, mãe da Pietra, um ano e oito meses.
Gaúcha, moradora da Praia da Armação, em Santa Catarina, Ana Paula e o marido, o técnico em eletrônica Jean Pierri, notaram que a filha estava com febre que logo passou dos 40ºC e não baixava. Em um curto espaço de tempo, apareceram manchinhas nos pés, nas mãos e na boca.
– Nos primeiro e no segundo dia, fomos procurar ajuda. Como não havia sinais de virose, ou de algo facilmente detectável, nos mandaram para casa. Eu estava apavorada – diz Ana Paula.
No terceiro dia, foi a vez dos gânglios incharem e os olhos da menina ficarem vermelhos. Eles voltaram à emergência, onde foi feito um hemograma – e uma infecção foi diagnosticada. Como já estava com viagem marcada a Porto Alegre, onde mora sua família, mãe e filha vieram à Capital. No Hospital da Criança Santo Antônio, Pietra foi diagnosticada com Kawasaki.
– A pediatra disse que a gente tinha pouquíssimo tempo, que ela deveria ser internada naquele momento para receber medicação. Pouco depois, ela já estava bem. Tivemos sorte, mas imagine quantas crianças são mandadas de volta para casa com febre por desconhecimento dos pediatras? – questiona Ana Paula.
O chefe do Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Boaventura Antônio dos Santos, reconhece que existe, sim, dificuldade por parte de alguns médicos em diagnosticar a Kawasaki. Sua baixa incidência – na América do Sul, são menos de três casos para cada 100 mil habitantes – e a inexistência de um exame com marcadores específicos (o diagnóstico é exclusivamente clínico) contribuem para agravar o problema.
– A febre vem acompanhada de sintomas bem diferentes dos de uma virose, como conjuntivite – explica o médico, que já atendeu a 50 casos do gênero, sendo que alguns evoluíram para cardiopatias, inclusive com casos de morte.
Complicações
Identificada pelo pediatra japonês Tomisaku Kawasaki, em 1967, a Kawasaki chamou a atenção em 2007 por ter sido a causa da morte do filho mais velho de John Travolta, Jett, 16 anos. Após apenas nove dias sem tratamento, a doença pode causar infarto infantil e convulsões, por exemplo.
– Tive um caso de uma menina de dois anos, em Porto Alegre, com os principais sintomas (febre alta, hiperemia conjuntival, língua vermelha e inchada), linfonodos cervicais aumentados (ínguas no pescoço). A paciente chegou a apresentar manifestações cardíacas, e, por isso fez acompanhamento completo por meses, pois sempre podem surgir complicações posteriores – relata o pediatra Ricardo Kreitchmann Filho.
Saiba mais
:: Os principais sintomas são febre alta por mais de cinco dias, conjuntivite asséptica (sem pus), manchas na pele, inchaço de pés e mãos, ínguas no pescoço (geralmente em apenas um dos lados), secura e vermelhidão dos lábios e da língua. Nem todos os doentes têm todos os sintomas.
:: A doença afeta principalmente crianças com menos de cinco anos.
:: Crianças menores de dois anos de idade e do sexo masculino têm risco maior de desenvolver arterite (inflamação das paredes das artérias) com aneurismas das coronárias.
– Se não fosse a nossa insistência em buscar uma resposta para a febre da Pietra, que persistia, teria sido tarde demais – comenta a pedagoga Ana Paula Ludwig, 30 anos, mãe da Pietra, um ano e oito meses.
Gaúcha, moradora da Praia da Armação, em Santa Catarina, Ana Paula e o marido, o técnico em eletrônica Jean Pierri, notaram que a filha estava com febre que logo passou dos 40ºC e não baixava. Em um curto espaço de tempo, apareceram manchinhas nos pés, nas mãos e na boca.
– Nos primeiro e no segundo dia, fomos procurar ajuda. Como não havia sinais de virose, ou de algo facilmente detectável, nos mandaram para casa. Eu estava apavorada – diz Ana Paula.
No terceiro dia, foi a vez dos gânglios incharem e os olhos da menina ficarem vermelhos. Eles voltaram à emergência, onde foi feito um hemograma – e uma infecção foi diagnosticada. Como já estava com viagem marcada a Porto Alegre, onde mora sua família, mãe e filha vieram à Capital. No Hospital da Criança Santo Antônio, Pietra foi diagnosticada com Kawasaki.
– A pediatra disse que a gente tinha pouquíssimo tempo, que ela deveria ser internada naquele momento para receber medicação. Pouco depois, ela já estava bem. Tivemos sorte, mas imagine quantas crianças são mandadas de volta para casa com febre por desconhecimento dos pediatras? – questiona Ana Paula.
O chefe do Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Boaventura Antônio dos Santos, reconhece que existe, sim, dificuldade por parte de alguns médicos em diagnosticar a Kawasaki. Sua baixa incidência – na América do Sul, são menos de três casos para cada 100 mil habitantes – e a inexistência de um exame com marcadores específicos (o diagnóstico é exclusivamente clínico) contribuem para agravar o problema.
– A febre vem acompanhada de sintomas bem diferentes dos de uma virose, como conjuntivite – explica o médico, que já atendeu a 50 casos do gênero, sendo que alguns evoluíram para cardiopatias, inclusive com casos de morte.
Complicações
Identificada pelo pediatra japonês Tomisaku Kawasaki, em 1967, a Kawasaki chamou a atenção em 2007 por ter sido a causa da morte do filho mais velho de John Travolta, Jett, 16 anos. Após apenas nove dias sem tratamento, a doença pode causar infarto infantil e convulsões, por exemplo.
– Tive um caso de uma menina de dois anos, em Porto Alegre, com os principais sintomas (febre alta, hiperemia conjuntival, língua vermelha e inchada), linfonodos cervicais aumentados (ínguas no pescoço). A paciente chegou a apresentar manifestações cardíacas, e, por isso fez acompanhamento completo por meses, pois sempre podem surgir complicações posteriores – relata o pediatra Ricardo Kreitchmann Filho.
Saiba mais
:: Os principais sintomas são febre alta por mais de cinco dias, conjuntivite asséptica (sem pus), manchas na pele, inchaço de pés e mãos, ínguas no pescoço (geralmente em apenas um dos lados), secura e vermelhidão dos lábios e da língua. Nem todos os doentes têm todos os sintomas.
:: A doença afeta principalmente crianças com menos de cinco anos.
:: Crianças menores de dois anos de idade e do sexo masculino têm risco maior de desenvolver arterite (inflamação das paredes das artérias) com aneurismas das coronárias.
Fonte Zero Hora
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