Pesquisadores britânicos estão propondo a adoção de sobretaxas para conter o consumo de alimentos considerados não saudáveis.
Em artigos publicados ontem no "British Medical Jornal", especialistas em saúde pública da Universidade de Oxford e da City University de Londres sugerem um imposto de no mínimo 20% para reduzir o consumo de comida com alto teor de gordura, açúcar e sal e refrigerantes.
A medida deveria ser acompanhada de subsídios para baixar preços de alimentos saudáveis ou de acordos para que as empresas reduzissem os teores de sódio e gordura saturada da comida.
A ideia foi divulgada como parte dos preparativos da assembleia da OMS (Organização Mundial da Saúde), que ocorre na semana que vem.
Países da Europa já começaram a criar impostos específicos para esse tipo de produto. Na Dinamarca, o alvo foram os alimentos com muita gordura saturada. Na Hungria, açúcar e sal também estão na mira, além dos refrigerantes, que são sobretaxados na França e em algumas regiões dos Estados Unidos.
Estudos feitos com base em modelos econômicos preveem que o aumento de preços dos refrigerantes em 20% resultaria em até 50 calorias a menos por pessoa a cada dia.
Isso levaria a uma redução de 3,5% na prevalência de obesidade nos EUA.
Todas as armas
Lisa Gunn, coordenadora-executiva do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), afirma que, apesar de uma medida como essa levar a um aumento no preço de alguns alimentos, a sobretaxa pode ser útil.
"As últimas pesquisas do Ministério da Saúde mostram que quase metade da população está acima do peso. A obesidade é um problema de saúde pública, e o custo será coberto pelos nossos impostos. Todas as estratégias devem ser discutidas."
Gunn diz, no entanto, que o país tem providências mais simples a tomar antes disso.
"É preciso garantir informações nutricionais claras ao consumidor e restringir a publicidade desses alimentos."
Uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicada em 2010, que previa alertas em anúncios de comida com muita gordura, açúcar e sal, foi barrada na Justiça e não entrou em vigor.
A Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) disse, em nota, que uma sobretaxa teria impacto negativo. De acordo com a entidade, refrigerantes, por exemplo, são tributados em 47% no país, enquanto na Inglaterra a taxa é zero.
Para a indústria, a melhor forma de combater a obesidade e as doenças cardíacas é reduzir os teores de nutrientes que fazem mal à saúde.
A Abia destaca que, em parceria com o Ministério da Saúde, cortou 230 mil toneladas de gorduras trans de alimentos e vai reduzir o sódio.
No mundo
Países onde já existem taxas sobre alguns alimentos e bebidas não saudáveis
Hungria
- Alimentos com alto teor de gordura, sal, açúcar e cafeína
- Refrigerantes
- Álcool
- Energéticos
França
- Refrigerantes
Dinamarca
- Alimentos com alto teor de gordura saturada (o imposto aumenta segundo a quantidade de gramas de gordura)
Estados Unidos
- Alguns Estados taxam refrigerantes
Efeitos esperados
Refrigerantes 20% mais caros resultariam em até 50 calorias a menos por pessoa e queda de 3,5% nos níveis de obesidade nos EUA
Fonte Folhaonline
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