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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Superlotação leva Conselho de Enfermagem a interditar parcialmente a emergência do hospital Conceição

Superlotação leva Conselho de Enfermagem a interditar parcialmente a emergência do hospital Conceição Carlos Macedo/Especial
Enfermeiros só estão atendendo casos de urgência
Foto: Carlos Macedo / Especial
Estão sendo atendidos apenas casos com risco de morte, de alta e média gravidade

A emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, sofreu uma interdição parcial do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS). Com isso, estão sendo atendidos apenas casos com risco de morte, de alta e média gravidade. 

Das 18h de quarta-feira até a meia-noite, o atendimento estava restrito aos casos com risco de morte, que recebem uma pulseira vermelha na triagem. Um acordo entre a prefeitura e o Coren-RS, no entanto, ampliou o auxílio para situações de alta e média complexidade, que recebem a classificação laranja e amarela.

A interdição concedida pelo Coren-RS tem como base os problemas de superlotação, falta de funcionários e condições de atendimento aos pacientes, que, nas palavras do presidente, Ricardo Rivero, são piores que as encontradas em um hospital de campanha. Desde 2010, o conselho acompanha a situação da emergência do Conceição e, em 16 de maio, uma equipe de fiscais esteve no local para verificar a superlotação, que faz com que pacientes aguardem leito no chão. Ontem à tarde, uma nova fiscalização identificou que a situação não havia mudado.

— Em abril, a taxa de ocupação da emergência foi de 300% a mais do que comporta, isto é algo muito sério. Dos 78 pacientes que entraram pela linha vermelha (casos graves), a taxa de mortalidade foi de 26,6%, é um índice muito alto. As pessoas lá não têm nem espaço adequado — explica Rivero.

A decisão impede que técnicos, auxiliares e enfermeiros atendam casos classificados de menor gravidade. Apenas os pacientes com risco iminente de morte são atendidos. A interdição deve permanecer pelo menos até as 14h desta quinta-feira, quando uma o Coren-RS vai se reunir com o Ministério Público Federal para debater o assunto.

A partir da interdição, apenas os pacientes que já haviam passado pela triagem foram atendidos. Os demais foram orientados a procurar outros serviços de emergência. Foi o caso do aposentado Osvaldo Pereira Duarte, 48 anos. Recentemente submetido a uma cirurgia plástica na cabeça, após ter sofrido um câncer de pele, ele procurou o Conceição para um reparo nos pontos.

— Os pontos estouraram e está sangrando. Eu pago meus impostos, tudo direitinho e não vou ser atendido. Agora, vou ter que ir até o HPS — reclamou.

Hospital diz que amplia quadro de funcionários:
A direção do hospital diz ter sido pega de surpresa pela atitude do Coren-RS.

— Não houve notificação prévia. O que ocorre em termos de deficiência e superlotação é um problema muito antigo. Estamos buscando soluções, como a contratação de profissionais. Há 14 dias, começaram a trabalhar 51 técnicos em enfermagem e estamos abrindo 384 novas vagas para a emergência e setores de apoio, como os de imagem e de laboratório — argumenta o diretor superintendente, Carlos Eduardo Nery Paes.

Mesmo sem ter responsabilidade direta na gestão do Conceição, o secretário de Estado da Saúde, Ciro Simoni, resolveu entrar no debate. Ele afirma que o hospital já está adotando medidas para amenizar os problemas.

— O que me deixa indignado é a forma como foi feita a interdição. De maneira irresponsável, o Coren foi tentar fechar uma estrutura que é fundamental para o setor de emergência de saúde na região. É uma atitude que não se espera de uma entidade — critica.

Fonte Zero Hora

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