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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Fase pré-analítica é responsável pela maioria dos erros laboratoriais

Etapa entre a solicitação do clínico e a realização do exame no laboratório, incluindo outros itens, é a que contribui pela maior proporção de erro, variando entre 54,5% e 88,9% do total de incidentes

Identificar os estudos sobre erros laboratoriais relacionados à segurança do paciente e discutir sua possibilidade de aplicação no Brasil foram os objetivos da dissertação de mestrado em Saúde Pública pela ENSP Erros laboratoriais e segurança do paciente, defendida pelo médico Wilson Shcolnik. O estudo se baseia na análise de nove artigos que descrevem eventos adversos decorrentes de erros laboratoriais nos Estados Unidos, na Itália e no Reino Unido e confirma que a fase pré-analítica – etapa entre a solicitação do clínico e a realização do exame no laboratório, incluindo, entre outros itens, cadastramento, orientação sobre coleta, recolhimento do material do paciente e transporte ao laboratório – é a responsável pela maior proporção de erro, variando entre 54,5% e 88,9% do total de incidentes.

O estudo partiu de uma revisão sistemática relacionada à segurança do paciente e seus efeitos, sendo categorizado pelos métodos empregados e pela frequência dos incidentes. As fontes bibliográficas utilizadas nas buscas eletrônicas foram Medline, por meio da interface do PubMed, Cochrane, Lilacs, ScieELO, Scopus, Web of Science e o banco de dados de teses e dissertações da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os incidentes descritos nos estudos foram classificados quanto à fase do processo laboratorial envolvida; ao caráter cognitivo; à evitabilidade; e ao impacto na segurança do paciente. O trabalho teve a orientação do pesquisador do Departamento de Administração e Planejamento da ENSP Walter Mendes.

As proporções de eventos adversos relatados e os impactos clínicos descritos nos estudos variaram, levando a consequências descritas como: nenhuma influência na assistência; danos decorrentes da flebotomia (procedimento de coleta de sangue); recoleta de amostras; repetições de exames; atrasos na liberação de resultados de exames; influência no diagnóstico e/ou no tratamento; tratamentos impróprios e/ou desnecessários; realização de investigação adicional desnecessária; internação em unidade de terapia intensiva; e óbitos. Os resultados mostram que grande parte dos incidentes laboratoriais que causaram danos aos pacientes poderia ter sido evitada.

O trabalho revela também que a ocorrência de erros laboratoriais pode estar relacionada, entre outros fatores, à pressão econômica, que ocasiona redução de equipes, aumento do fluxo de trabalho, exigência de produtividade, e à centralização da realização de exames, o que dificulta o controle sobre a fase pré-analítica do processo laboratorial.

Shcolnik conclui que os estudos analisados evidenciam eventos adversos relacionados a erros laboratoriais e fornecem uma gama de métodos que poderiam ser utilizados na realidade brasileira e que permitiriam conhecer melhor e monitorar danos causados aos pacientes pelos erros cometidos nos laboratórios clínicos. Além disso, o autor sugere a adoção de notificação voluntária para a identificação de eventos adversos e a aplicação de estudos retrospectivos de relatórios de incidentes, que, analisados juntamente com médicos e outros profissionais da equipe de saúde, podem ser úteis para a avaliação dos danos reais e potenciais aos pacientes originados dos erros laboratoriais.

Fonte SaudeWeb

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