Tecnologia de telemedicina criada pelo Exército dos EUA será usada para consultar especialistas durante os Jogos.
Pela primeira vez, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) utilizará "robôs-médicos" no tratamento de atletas lesionados durante os Jogos de Londres, com a ajuda de especialistas brasileiros e americanos.
Os robôs foram criados pelo Exército dos Estados Unidos para o atendimento de soldados e utilizados na guerra do Iraque, segundo José Padilha, o médico-chefe do Comitê Olímpico Brasileiro.
A equipe de atendimento dos atletas utilizará 10 smartphones e tablets, além de uma tela portátil que se comunica com o Centro de Treinamento Crystal Palace, no sul de Londres, e dois robôs que possibilitam o atendimento à distância dos atletas, consultando especialistas do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação e Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro e do Ryder Trauma Center, em Miami.
"Os robôs serão usados somente em casos especiais quando os atletas estiverem no hospital King's College, como assistir a cirurgias, examinar fraturas mais complexas e tomografias", disse Antonio Marttos Jr., o cirurgião da Universidade de Miami que cuidará da telemedicina no Time Brasil.
A tecnologia já foi utilizada no diagnóstico da ginasta Laís Souza, que teve que deixar a delegação brasileira na semana passada após uma fratura de mão.
Os atletas e oficiais das confederações e do COB estão se reunindo no Centro de Treinamento Crystal Palace, que servira como uma espécie de base da delegação brasileira antes e durante os Jogos.
Parte deles deverá se mudar mais tarde para a Vila Olímpica, no Parque Olímpico em Stratford, no leste da capital britânica.
Comparação com adversários
Outro artefato tecnológico que estará à disposição da equipe olímpica brasileira na base de Crystal Palace é o software americano DartFish, que já havia sido utilizado nos Jogos de Sydney em 2000.
Ele reunirá imagens dos 41 canais oficiais de transmissão dos Jogos e filmagens feitas pela equipe de cada confederação para que seja possível analisar a performance dos principais adversários.
O supervisor científico do COB, Luís Viveiros de Castro, disse à BBC Brasil que a equipe de sete especialistas deve virar noites para entregar as análises a tempo de serem usadas na preparação dos atletas.
"O Dart Fish pode comparar o atleta e seu adversário e o próprio atleta em dois momentos diferentes de sua performance, analisar ângulos, velocidade e distâncias a depender da necessidade de cada um deles. Mas ele não faz tudo sozinho, teremos muito trabalho manual", explica.
Os dados serão colocados na rede interna do COB para serem acessados também pelos técnicos na Vila Olímpica e em hotéis que hospedarão atletas do Brasil.
O superintendente executivo do Comitê, Marcus Vinícius Freire, vê a atuação da equipe de ciência do esporte como um trabalho complementar ao das confederações esportivas.
"Estamos trazendo pra cá nove ciências do esporte, mas nós não vamos inventar, nem começar nenhum trabalho aqui. Nem psicologia, nem fisioterapia, nem cinemática, nem bioquímica. Só vamos afinar e dar o 'sprint' final a quem já vinha fazendo este trabalho."
Exclusividade
O Centro de Treinamento Crystal Palace, que começou a receber os atletas na segunda-feira, tem 120 mil metros quadrados para uso exclusivo do Brasil, resultado de um investimento de valor ainda não divulgado pelo COB.
"Falaremos sobre isso em uma coletiva no fim da Olimpíada", disse o superintendente executivo de esporte, Marcus Vinícius Freire.
O COB, de acordo com ele, quer testar uma estrutura que possa ser aproveitada pelo Time Brasil nas Olimpíadas do Rio, em 2016.
Além de quadras de handebol, piscina, pistas de atletismo e de uma quadra de basquete totalmente reconstruída especialmente para a seleção brasileira, o centro ainda tem um alojamento para mais de 140 pessoas, que deve abrigar as equipes de atletismo, nado sincronizado, levantamento de peso, saltos ornamentais e todos os oficiais do COB.
A academia de ginástica do Centro, no entanto, será dividida com a comunidade local. De acordo com Freire, um acordo entre o Comitê e a administração do Centro permitiu que os moradores locais credenciados continuassem a frequentar a academia.
"É melhor do que na Vila Olímpica, onde teríamos que dividir com 17 mil pessoas", afirmou.
Fonte Estadão
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