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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O mercado e a sobrevivência dos farmoquímicos no Brasil

Todos sabem como é difícil administrar uma empresa e quando se trata de um país é muito mais complexo. No setor da saúde podemos dizer que o cenário é ainda mais complicado, principalmente na área de farmoquímicos.

Quando os medicamentos genéricos foram lançados a ideia era reduzir o custo da droga para a população, mas o processo não foi tão fácil quanto parece. As farmacêuticas nacionais que cresceram a partir disto passaram a competir buscando matéria-prima com o menor preço possível. Assim, todo princípio ativo acabou por ser buscado em países com maior escala de produção, como Índia e China, sem permitir nenhuma competitividade local.

“Nós acompanhamos por muito tempo a história do cobertor curto: a falta de dinheiro para remédio para toda população. E com esse esquema introduzido após a chegada dos genéricos impediu-se a competição nacional a ponto do déficit da balança brasileira ser da ordem de US$ 10 bilhões”, diz Ogari Pacheco, diretor-presidente da Cristália, durante debate sobre Parcerias para Desenvolvimento de Produtos (PDPs) na 6ª ENIFarmed. Para o executivo, essa é uma grande jogada em que há uma tentativa de convergir esse desvio.

Aqui “mercado” é a palavra do jogo. “Nenhuma empresa consegue sobreviver sem mercado, sem ele isso tudo é nada”, avalia.

Com isso, o governo passa a criar mercado para a indústria farmoquímica, gerando reações no setor. No caso da Cristália, a sobrevivência se deu por conta da produção de moléculas sofisticadas e, consequentemente, de outros produtos. Segundo Pacheco, a companhia escolheu alguns nichos para trabalhar, sendo um deles o de moléculas antirretrovirais. “Éramos pequenos brigando com gigantes”, enfatiza.

No final do século passado, a Cristália conseguiu síntese de moléculas antigas, ainda produzidas, e em 2009 um consórcio entre três empresas nacionais, sob coordenação de Farmanguinhos, permitiu a produção do Efavirenz e outros medicamentos.

“Com isso posso dizer que o Brasil não perdeu o bonde da farmoquímica em moléculas elaboradas. Não fizemos apenas sínteses de moléculas conhecidas, fizemos cópias também, mas cópias melhoradas como, por exemplo, a criação das minicapsulas”, diz.

Atualmente, a Cristália está em fase final de desenvolvimento do Ritonavir Termoestável, considerado evolução das minicapsulas. Para que isso ocorresse foi fundamental, de acordo com Pacheco, que houvesse conjunção de fatores. “Era de extrema importância que o Estado percebesse que sem mercado não haveria sucesso.”

O executivo também conta que as PDPs foram percebidas como instrumentos cruciais para viabilizar a produção de farmoquímicos no Brasil. “Essa foi a grande sacada que o governo teve”, conclui.

Fonte SaudeWeb

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