Brasil não perde para a Europa em relação aos diagnósticos genéticos, diz especialista. Tratamentos direcionados representam oportunidades para a indústria farmacêutica, de TI, médicos e, principalmente, pacientes
Antes o diagnóstico de praxe, o patológico. Em seguida, o genético, possibilitando a personalização do tratamento. Depois do sequenciamento do primeiro genoma humano há mais de dez anos, a promissora medicina personalizada veio à tona com suas inesgotáveis possibilidades.
“Daqui a uns seis anos, vai ser muito fácil mostrar o seu genoma para o médico e, com ele, o médico vai dizer quais doenças você tem propensão e direcionar o tratamento mais adequado”, afirma Mariano Gustavo Zalis, diretor do laboratório Pró Genética, mestre em Biofísica pelo Weizmann Institutte Of Science de Israel e doutor em Biofísica pela UFRJ.
Atualmente o genoma ainda não é compreendido perfeitamente, segundo Zalis. Embora a medicina personalizada seja importante para todas as patologias, os oncologistas já saíram na frente em relação ao conhecimento das técnicas genômicas, devido às características das células cancerígenas. Entretanto, todos os profissionais de saúde devem ficar atentos às inovações na área, que está revolucionando, de maneira gradual os tratamentos e a relação entre médico e paciente.
“Um tumor é dependente de muitas proteínas dentro da célula. Estas começam a se multiplicar. Mesmo sendo o mesmo tipo de tumor de um paciente para outro, existem diferenças genéticas importantes que alterarão a reação de cada um em relação às terapias ou doses”, explica o especialista.
O Brasil não perde para países europeus non que se refere à qualidade dos exames, na opinião de Zalis. ”A gente extrai o DNA de um tumor, ele é processado e colocado em um aparelho da Roche, por exemplo, que faz a análise genética do tumor”, exemplifica como a Pró Genética trabalha.
Para ele, a indústria farmacêutica tem uma grande oportunidade de mercado pela frente e, se souber explorar, deverá ganhar muito dinheiro com a medicina personalizada.
A multinacional Life Technologies, especializada em biotecnologia, por exemplo, apresentou ao mercado brasileiro este ano uma tecnologia de sequenciamento do DNA, baseada em um microchip.
Batizado de Ion Proton Sequencer, a máquina consegue sequenciar o genoma completo em um dia e por um preço abaixo de US$ 1 mil.
A multinacional possui dois escritórios alocados em São Paulo e opera em todo o Brasil – país que cresce para a organização entre cinco e seis vezes acima da Europa e dos EUA, segundo o CEO para AL, Gianluca Pettiti.
Entretanto, dentre os países latino-americanos ainda é um dos mais burocráticos no que diz respeito a importação de equipamentos. “No Chile demora um dia para importar um reagente. No Brasil demora duas semanas”, compartilha o executivo.
Em entrevista, em março de 2012, com Andrew Hessel – um dos responsáveis pela cadeira de Bioinformática e Biotecnologia da Singularity University – o cientista afirma que dentro de 20 anos, a biologia sintética será muito parecida com os computadores de hoje. “Teremos sequenciado o DNA de quase todas as criaturas do planeta. Haverá milhões de pessoas, que, hoje, são crianças, que irão programar coisas vivas como parte de seu trabalho diário. Seres vivos modificados serão importantes para, praticamente, qualquer indústria – saúde, alimentação, ambiente, energia, água, espaço, segurança. Além disso, muitas doenças “órfãs” serão curados ou tratáveis. No geral, eu vejo a biologia como a futura indústria de TI”.
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Fonte SaudeWeb
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