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quarta-feira, 10 de abril de 2013

Direito a acompanhante durante o parto é respeitado apenas em parte

No Sistema Único de Saúde, apenas 36% dos partos
são acompanhados
Pesquisa da USP aponta que planos de saúde, SUS e hospitais dificultam a presença do pai na hora do nascimento do bebê
 
Ter um acompanhante durante o parto é um direito das mulheres garantido por lei. No entanto, uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP mostra que a determinação é cumprida, em muitos serviços de saúde, apenas em parte. Os pais e acompanhantes ouvidos pela jornalista Ana Carolina Franzon relataram restrições impostas por planos de saúde e problemas de acolhimento quando estavam junto às mulheres em hospitais. No Sistema Único de Saúde, apenas 36% dos partos são acompanhados. Nos casos de partos domiciliares planejados, o acompanhamento foi total. Com base nos depoimentos, o estudo destaca a importância do acompanhamento do parto como forma de criar um compromisso afetivo dos homens com os filhos.
 
A pesquisa de mestrado, descrita em dissertação defendida em 28 de fevereiro, realizou uma análise qualitativa da experiência dos pais que foram acompanhantes de partos, incluindo suas percepções sobre a gravidez, o parto, a assistência obstétrica e a vida após o nascimento dos filhos. Ao todo foram entrevistados 23 pais, verificando como se preparam para o parto e os efeitos dessa preparação no desfecho da gravidez.
 
O estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla coordenada pela professora Carmen Simone Grilo Diniz, do Departamento de Saúde Materno Infantil da FSP, com o objetivo de estabelecer parâmetros para avaliar a qualidade da assistência à saúde oferecida às gestantes. Os pais avaliaram como satisfatória sua participação durante o pré-natal. A maioria esteve presente às consultas e exames realizados pela mulher – e alguns também participaram com as esposas de cursos de maternidade e grupos extra-hospitalares de preparação para o parto.
 
A jornalista conta que os pais manifestaram um desejo natural de participar do parto e um compromisso com a esposa e os filhos que irão nascer.
 
– Nota-se um novo modelo de paternidade, com um maior comprometimento afetivo, e a gestação é vista como um projeto do casal. O acompanhamento da mulher durante a internação é visto como um fator de proteção, e traz benefícios subjetivos, pois assistir ao nascimento dos filhos é considerado o momento em que a paternidade se concretiza efetivamente.
 
Direito a acompanhante
Ana Carolina relata que o direito das mulheres de terem um acompanhante de sua livre escolha, durante o pré-parto, parto e pós-parto é garantido no Estado de São Paulo por uma lei de 1999, e no restante do Brasil pela lei federal 11.108, de 2005. Entretanto, a legislação é cumprida apenas em parte. De acordo com pesquisa realizada pela Ouvidoria do SUS para a Rede Cegonha em 2012, a taxa de acompanhamento dos partos no SUS é de 36%, número considerado muito baixo. Os hospitais do SUS não permitem acompanhantes à noite, durante a internação, e alguns hospitais privados só permitem a presença do pai no momento de nascimento da criança, e mesmo assim por poucos minutos.
 
As maiores dificuldades para participação nos partos aconteceram com os usuários de planos de saúde, pois a maioria dos contratos com as operadoras não dá direito a acompanhantes.
 
– Todos os 17 pais que tinham plano de saúde tiveram de recorrer a alguma manobra para poderem estar no parto, em especial o pagamento de taxas extras – afirma a jornalista.
 
Somente nos casos de partos em hospitais particulares, não custeados por planos de saúde, e domiciliares os pais puderam ficar e exercer planamente o direito de acompanhar as esposas.
 
Nos partos realizados em hospitais, os pais se queixaram constantemente da falta de acolhimento.
 
– Eles sentiram que os profissionais não estavam preparados para receber os acompanhantes e que permitiram sua presença apenas para cumprir uma obrigação – aponta Ana Carolina.
 
– Também foi notado um receio das instituições em receber os acompanhantes pelo temor de que passassem mal ou que prejudicassem a privacidade de outras mulheres na enfermaria. Os pais também disseram que não eram informados sobre os procedimentos médicos durante o parto, o que lhes causava enorme angústia.
 
A jornalista ressalta a importância dada aos pais nos métodos de parto alternativos, como os centros de parto natural e os partos domiciliares planejados.
 
– A presença deles é muito valorizada. No caso dos partos sem intervenção médica, são realizadas reuniões e palestras de preparação específica para os pais, o que não acontece nos partos normais ou cesarianas realizados em hospitais.
 
Fonte Agência USP de Notícias

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