Prematuro: pesquisa mostrou que cantar ajuda os pequenos a saírem mais rápido da encubadora |
Até mesmo os Beatles teriam tido dificuldade em reconhecer a própria canção quando Andrea Zalkin a cantou para o filho na unidade neonatal da maternidade.
Mas havia algo de involuntariamente pungente no título da canção que ela escolheu cantar para o bebê: Eight Days a Week (Oito Dias Por Semana, em tradução literal) é mais tempo do que se consegue encaixar no calendário. O bebê de Zalkin, Hudson, nascido 13 semanas precoce, teve muito pouco tempo.
À medida que ela cantava, monitores mostraram os batimentos cardíacos de Hudson desacelerando e a saturação de oxigênio aumentando. Efeitos colaterais como este estavam entre os resultados de um novo estudo sobre o uso da música como remédio para crianças prematuras.
O Centro Médico de Beth Israel, em Nova York, liderou a pesquisa. Realizado em 11 hospitais, o estudo descobriu que a música executada ao vivo pode ser benéfica para os bebês prematuros. Nele, os musicoterapeutas ajudaram os pais a transformar suas músicas favoritas em canções de ninar.
Os pesquisadores concluíram que a música ao vivo, tocada ou cantada, ajudou a abrandar batimentos cardíacos dos bebês, acalmar a respiração, melhorar hábitos de sucção importantes para a alimentação, melhorar o sono e promover estados de alerta silenciosos. Médicos e pesquisadores disseram que, ao reduzir o estresse e estabilizar os sinais vitais, a música pode permitir que crianças concentrem mais energia para ter um desenvolvimento normal.
O estudo, publicado no início de abril no jornal Pediatrics soma-se ao crescente corpo de estudos relacionados à música e os bebês prematuros. Alguns hospitais acreditam que a música é tão eficaz quanto, e mais segura do que, sedar bebês antes de procedimentos como ultrassonografias do coração e de monitoramento do cérebro.
Alguns neonatologistas disseram que os bebês que são tratados com musicoterapia costumam ir embora dos hospitais mais cedo, o que pode auxiliar no desenvolvimento e na união familiar, além de economizar dinheiro.
Os cientistas estão longe de conseguir determinar o impacto da música, e há certamente aqueles que são céticos a respeito de seu valor medicinal. Manoj Kumar, neonatologista do Hospital Infantil Stollery localizado em Edmonton (Canadá), disse que, embora “os estudos tenham demonstrado um benefício da frequência cardíaca e respiratória,” não está claro se realmente comprovou melhorias clínicas, como a remoção de tubos de oxigênio ou alimentação mais cedo, questões que o estudo da Pediatria não chegou a mencionar.
No Beth Israel, Zalkin disse que ter um bebê, de repente, pode ser algo bastante intimidante, ainda mais um que pesava um quilo e meio quando nasceu. Ela resolveu participar do programa de musicoterapia de Beth Israel após a conclusão do estudo.
“Os barulhos assustadores e as pessoas correndo de um lado para o outro, isso é algo que eu não posso mudar”, disse Zalkin.
A terapeuta Angela Ferraiuolo-Thompson mudou o ritmo da canção “Eight Days a Week” para uma valsa lenta e recentemente disse para que Zalkin cantasse a canção de maneira mais lenta para acalmar os soluços de Hudson.
“Isso muda como ele está respirando e a minha maneira de respirar, muda o comportamento dele”, disse Zalkin. “Terapia de música, é algo que você também consegue fazer.”
Fonte iG
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