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quinta-feira, 6 de junho de 2013

5 fatos que você precisa saber sobre a “Terapia de Conversão Sexual"

A terapia de conversão sexual, ou terapia reparativa, é um tratamento que supostamente ajuda pessoas gays a superar sua atração pelo mesmo sexo.
 
No entanto, a maioria dos psicólogos diz que o tratamento é ineficaz, antiético e muitas vezes prejudicial, agravando a ansiedade e auto-ódio entre aqueles tratados pelo que não é um transtorno mental – conforme foi concluído anos atrás.
 
Por conta de tudo isso, a Associação Americana de Psicologia desaconselha qualquer profissional a tentar “converter” gays em héteros, e o estado da Califórnia (EUA) possui uma lei que proíbe profissionais de saúde licenciados de fazer “terapias de conversão” em menores de idade. Essas políticas estão de acordo com as normas da Organização Mundial da Saúde.
 
Nos EUA, esse ano, dois casos envolvendo a terapia para converter homossexuais em heterossexuais chegaram aos tribunais: um processando conselheiros que oferecem o tratamento e outro buscando defendê-los.
 
Abaixo, leia o básico que você precisa saber sobre a terapia:
 
5. Porque os psicólogos afirmam que a terapia de conversão não funciona
A homossexualidade não é considerada um transtorno mental, de modo que a Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês) não recomenda a “cura” da atração pelo mesmo sexo, em nenhum caso.
 
Em vez disso, desconhecimento, preconceito e pressão para se conformar aos desejos heterossexuais são os verdadeiros perigos para a saúde mental das pessoas homossexuais.
 
Uma força-tarefa da APA em 2009 descobriu que as terapias de conversão, apesar de serem organizadas e defendidas por organizações muitas vezes religiosas, têm pouca evidência para apoiá-las. Uma revisão de estudos de 1960 a 2007 descobriu apenas 83 trabalhos sobre o tema, sendo que a grande maioria não tinha força experimental para provar se as terapias alcançavam seus objetivos declarados. Inclusive, muitas das pessoas estudadas nos primeiros anos foram obrigadas por tribunal a fazer as terapias, o que adiciona um elemento coercitivo aos resultados.
 
Os estudos de melhor qualidade analisados foram os mais recente e qualitativos, o que significa que não incidem sobre a eficácia estatística do tratamento, mas sim sobre a experiência subjetiva dos “pacientes”.
 
“Esses estudos mostram que uma mudança duradoura na orientação sexual de um indivíduo é incomum”, concluiu a força-tarefa. Os participantes continuaram a relatar atração pelo mesmo sexo após a terapia de conversão, e não se mostraram significativamente mais atraídos pelo sexo oposto.
No entanto, as pesquisas de fato demonstraram que a terapia de conversão pode ser prejudicial. Os efeitos negativos incluíam “perda de sensibilidade sexual, depressão, ideal suicida e ansiedade”.
 
4. O que acontece na terapia de conversão?
Como a terapia de conversão não é um tratamento psicológico padrão, não há normas ou orientações profissionais para guiá-la.
 
Tratamentos no início da década de 1960 e 70 incluíam terapia de aversão, com pacientes levando choques ou tomando drogas indutoras de náuseas enquanto assistiam filmes homossexuais eróticos, de acordo com um artigo de 2004 do British Medical Journal.
 
Outros métodos testados incluem psicanálise ou psicoterapia, tratamentos de estrogênio para reduzir a libido nos homens, e até mesmo terapia eletroconvulsiva, em que um choque eléctrico é utilizado para induzir uma convulsão, com efeitos secundários como perda de memória (ou piores, como doenças cardíacas).
 
Mais recentemente, as pessoas que fizeram o tratamento relataram terapias de conversa que enfatizam teorias pseudocientíficas, como a ideia de que uma mãe dominadora e um pai distante tornam um filho gay.
 
Em abril de 2012, o escritor Gabriel Arana descreveu sua experiência em uma terapia conversora na qual seu terapeuta culpou seus pais por sua homossexualidade, e pediu-lhe para se distanciar de suas melhores amigas.
 
O americano Chaim Levin processou seu terapeuta por práticas enganosas. Ele abandonou a terapia de conversão depois que o “profissional” lhe pediu para se despir e se tocar a fim de “se reconectar com sua masculinidade”.
 
3. O que está acontecendo nos tribunais?
Dois desafios legais têm como alvo a terapia de conversão. Os desenvolvimentos e resultados desses processos têm gerado muita discussão e polêmica na sociedade, especialmente porque são o oposto um do outro.
 
O primeiro é um processo civil em Nova Jersey (EUA), em que quatro antigos clientes de um grupo de aconselhamento chamado Jonah estão o processando por práticas enganosas. Os pacientes afirmam que pagaram milhares de dólares por tratamentos que não os livraram da atração pelo mesmo sexo, e que, depois, tiveram que pagar mais ainda para fazer terapia convencional a fim de reparar os danos causados pela terapia de conversão.
 
Em um segundo caso, na Califórnia (EUA), um juiz federal deve ouvir os argumentos contra uma nova lei estadual (passada em setembro de 2012) que proíbe a terapia de conversão para menores. Grupos conservadores afirmam que a lei é uma violação do direito à liberdade de expressão, liberdade de religião e de privacidade.
 
2. Como surgiu a terapia de conversão?
O desejo de transformar pessoas gays em heterossexuais é antigo. Em 1920, Sigmund Freud escreveu sobre uma paciente lésbica cujo pai queria fosse convertida à heterossexualidade. Freud respondeu o que os psicólogos modernos respondem: que a mudança de orientação sexual era difícil e improvável.
 
Ele se ofereceu para ver a mulher mesmo assim, mas interrompeu a terapia mais tarde devido à sua hostilidade. Em 1935, Freud foi ainda mais longe, escrevendo a uma mulher que queria que seu filho homossexual fosse convertido que a homossexualidade “não era nada de que se envergonhar, nenhum vício, nenhuma degradação, não podia ser classificada como uma doença”.
 
No entanto, outros psicólogos dos anos 1900 acreditavam que a homossexualidade podia ser mudada e recomendavam uma variedade de tratamentos. Uma das tentativas mais estranhas foi a do endocrinologista vienense Eugen Steinach, que transplantou testículos de homens heterossexuais em homens homossexuais na tentativa de livrá-los dos desejos por pessoas do mesmo sexo. Não funcionou.
 
Um dos mais proeminentes defensores da terapia de conversão na década de 1940 e 50 foi Edmund Bergler, que via a homossexualidade como uma perversão e acreditava que poderia “curar” gays com uma terapia de confronto baseada em punição.
 
Uma vez que a Associação Americana de Psiquiatria deixou de classificar a homossexualidade como um transtorno mental em 1973, as terapias de conversão perderam apoio. Mas organizações religiosas de direita, como a Exodus International e a “Love Won Out” da Focus on the Family assumiram o cargo, promovendo suas próprias terapias “ex-gays”.
 
Ainda hoje, um pequeno grupo de psicólogos – que diverge da opinião padrão – continua a promover as terapias, como a organização NARTH, ou Associação Nacional de Pesquisa e Terapia da Homossexualidade. No entanto, o grupo tem ligações religiosas. Por exemplo, um de seus fundadores e ex-presidente, o psicólogo Joseph Nicolosi, foi uma vez porta-voz da Focus on the Family.
 
1. Um estudo disse que a terapia funcionava – mas seu autor assumiu falhas mais tarde
Grupos que promovem a terapia de conversão muitas vezes apontam para um único estudo que apoia o seu trabalho. Em 2003, o famoso psiquiatra Robert Spitzer, que liderou a retirada da homossexualidade da lista de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria em 1973, publicou na revista Archives of Sexual Behavior que entrevistas com pacientes de terapia de conversão sugeriam que algumas pessoas podiam mudar sua orientação sexual.
 
O estudo polêmico foi altamente criticado, uma vez que se baseou em entrevistas com pacientes, em vez de parâmetros mensuráveis de desejos por pessoas do mesmo sexo. Grupos conservadores ficaram encantados de ter o apoio de Spitzer, que não estava “contaminado” com viés religioso ou ideologia antigay. Por outro lado, organizações gays se sentiram traídas.
 
No final, no entanto, Spitzer veio a concordar com seus críticos. “Não havia nenhuma maneira de confirmar que o que os entrevistados disseram era verdade”, ele escreveu em 2012 para o editor da revista Archives of Sexual Behavior. O estudo, segundo Spitzer, foi fatalmente falho. “Acredito que devo a comunidade gay um pedido de desculpas por ter feito reivindicações não comprovadas da eficácia da terapia reparativa”, disse.
 
Fonte Hypescience

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