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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Portugal: Utentes madrugam para ter consulta

Foto Reprodução
Espera por uma consulta demora várias horas. Autarquia reconhece que faltam médicos
 
O relógio marca 6h30. O vento sopra moderado e o sol deixa escapar os primeiros raios. Para quem está há várias horas à entrada do Centro de Saúde de Tondela, o início do dia é encarado como o fim do martírio. Ontem, eram oito os que esperavam, com ar enfadonho e cansado, pela abertura das portas – às 08h00 – para conseguir marcar uma consulta.

"Estou aqui desde as 23h25 (de terça-feira) pois precisava de marcar uma consulta com urgência e como só marcam duas por dia, não podia arriscar", conta Rogério Lourenço. O homem caminhou de um lado para o outro, fez tudo para que o tempo passasse, menos dormir. Perdeu a noite, ganhou uma consulta. Durante a madrugada, muitos utentes pararam nas imediações do Centro de Saúde, olhavam e seguiam, a fila já era "longa" e como só se podem marcar duas consultas por dia para cada médico de família, não valia mesmo a pena esperar.

A situação começou a complicar-se no final do verão do ano passado, por motivo de reforma de alguns médicos. "Desde essa altura, os problemas agravaram-se, uma vez que um número significativo de profissionais, que ainda eram necessários, aposentaram-se. Estimamos que o ideal seria contarmos com mais quatro a cinco médicos, para dar o mínimo de estabilidade em termos de cuidados de serviços em função dos nossos centros de Saúde", refere José António Jesus, vice-presidente da Câmara de Tondela. António Vilarigues, da comissão de utentes dos serviços públicos de saúde do distrito de Viseu, lembra que no País "há um défice de mil médicos de família e de 12 mil enfermeiros nos Centros de Saúde". As previsões da idade da reforma falharam e daqui a três anos, "80 por cento dos médicos de família terá mais de 65 anos", conclui.
 
Fonte Correio da Manhã

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