O mecanismo não é claro, mas se especula que exista uma modificação hormonal desencadeada pela mudança do ciclo natural do sono que pode levar ao crescimento celular desordenado |
Mulheres que tiveram trabalho noturno por mais de 30 anos têm mais risco de desenvolver câncer de mama, de acordo com um estudo publicado online na revista Occupational and Environmental Medicine neste mês. Pesquisadores avaliaram 1134 mulheres com diagnóstico e compararam com outras 1179 sem câncer, mas com a mesma faixa etária, e identificaram o dobro do risco entre as mulheres que atuavam em turno à noite por mais de 30 anos.
O mecanismo não é claro, mas se especula que exista uma modificação hormonal desencadeada pela mudança do ciclo natural do sono que pode levar ao crescimento celular desordenado, conforme um dos autores, professor Kristan Aronson, da Queen's Cancer Research Institute, em Ontario (Canada).
De acordo com o oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus, Stephen Stefani, existem muitos fatores que são potenciais confundidores que devem ser considerados neste tipo de análise como, por exemplo, acesso à mamografia e quantidade de filhos, ambos fatores que podem interferir na estatística. O fato é que a supressão de melatonina tem sido descrita como envolvida no sistema imunológico que, por sua vez, tem sido cada vez mais identificada nos mecanimos de carcinogênese.
— É importe identificar o quanto modificações ambientais podem modificar o risco para a doença, mas classificar trabalhadoras noturnas como fator e risco para câncer de mama ainda é controverso no meio acadêmico — conclui Stefani.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) esperam-se, para o Brasil, mais de 50 mil casos novos de câncer da mama, com um risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores da pele não melanoma, esse tipo de câncer também é o mais frequente nas mulheres do Sul (65 para cada 100 mil pessoas).
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer da mama continuam elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. A sobrevida média após cinco anos na população de países desenvolvidos tem apresentado um discreto aumento, cerca de 85%. Nos países em desenvolvimento, a sobrevida fica em torno de 60%.
Fonte Zero Hora
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