Permanecem as desigualdades no acesso ao cuidado das arritmias na Europa. A conclusão é de Fernando Arribas, coordenador do Livro Branco 2013 da Associação Europeia do Ritmo Cardíaco, que dá conta do ‘estado da arte’ no que diz respeito aos tratamentos em vários países, Portugal incluído. Por cá, explica ao Destak Carlos Morais, presidente da Associação Bate Bate Coração, apesar dos progressos, «não tratamos todos os doentes que devíamos».
A falta de «uma rede de referenciação organizada» é uma das principais causas apontadas. É que muitas terapêuticas neste campo estão dependentes do implante de dispositivos, procedimentos «realizados por equipas experientes em centros hospitalares diferenciados, existindo a necessidade de implementar uma rede de referenciação que proteja os doentes localizados fora da área de influência imediata desses hospitais». E é preciso ainda «desenvolver mais esforços na divulgação de linhas de orientação clínica para o doente com arritmias nos médicos de clínica geral e Unidades de Saúde Familiar».
Segundo o relatório europeu, de 6.400 pacemakers implantados em 2011, passámos para 8.890 no ano passado. Um aumento que, explica Carlos Morais, tem como grande responsável o envelhecimento gradual da população, «já que as perturbações de condução afetam maioritariamente os grupos etários mais idosos».
A subir estive ainda o implante de aparelhos de ressincronização cardíaca, destinados aos doentes com insuficiência (de 500 em 2011, para 564 em 2012), mas os valores ficaram aquém do esperado. «É uma terapêutica ainda relativamente recente, realizada em hospitais de referência e existe algum desconhecimento na parte dos próprios médicos das indicações clínicas para o implante deste tipo de dispositivos.»
Tendo em conta «o valor e a importância» destas terapêuticas, o especialista chama a atenção para os cortes anunciados, esperando que «não restrinjam o acesso consagrado na Constituição aos tratamentos».
Destak/Lusa
Nenhum comentário:
Postar um comentário