Pessoas que sofrem de depressão há muito tempo podem se beneficiar de terapia
(conversa) quando outros métodos de tratamento, como o uso de medicamentos
antidepressivos, não estiverem funcionando, sugere um novo estudo.
Somente nos Estados Unidos, cerca de 15 milhões de adultos sofrem de
transtorno grave de depressão – casos severos da doença, que duram mais de duas
semanas – segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental do país. A maioria das
pessoas diagnosticadas com transtorno grave de depressão recebe a prescrição de
antidepressivos, ao invés de irem direto para a terapia, explicou Ranak Trivedi,
principal autora do estudo realizado pela Escola de Saúde Pública da
Universidade de Washington.
Ela afirma, porém, que aproximadamente metade destas pessoas não se sentirá
melhor depois de iniciar o tratamento com a medicação.
Os manuais médicos oferecem algumas opções para tratar pacientes que não
respondem aos primeiros medicamentos antidepressivos. O médico pode adicionar um
novo remédio ao primeiro, ou trocar a medicação por completo. Muitas vezes são
necessárias diversas tentativas até encontrar a medicação que irá ajudar o
paciente a se sentir melhor. O médico também pode indicar a terapia tanto como
tratamento complementar ou como substituto da medicação.
Entretanto, “embora os manuais sugiram que existem quatro formas de tratar
pacientes que não respondem ao primeiro tratamento, costumamos optar pelo uso de
medicamentos”, disse Trivedi à Reuters Health.
Para avaliar a eficácia da terapia em oposição ao uso de diferentes
antidepressivos, Trivedi e sua equipe revisaram uma séria de sete estudos
envolvendo aproximadamente 600 adultos como transtorno grave de depressão, que
não tinham tido melhoras com o uso de medicação.
Cada um dos estudos funcionou como um “ensaio aleatório”, ou seja, médicos e
pacientes não tiveram poder de escolha sobre cada tipo de tratamento a ser
adotado; ao contrário, pacientes receberam diferentes tratamentos
aleatoriamente. Este é o tipo mais confiável de estudo.
Os resultados, publicados no Journal of General Internal Medicine, foram
favoráveis de forma geral. Alguns deles apontaram que os pacientes se
beneficiaram mais da combinação terapia/medicação do que somente do uso de
medicamentos. Outros mostraram que a terapia foi benéfica tanto como forma
complementar quanto como único tipo de tratamento, mas nem tanto quanto trocar a
prescrição do paciente ou usar medicamentos complementares.
Segundo os pesquisadores, os resultados mostram que a terapia através da
conversa pode ser promissora para aqueles que não veem melhora com o uso de
medicamentos.
Ao tornar-se mais claro que a primeira tentativa de um antidepressivo pode
não funcionar para muitos pacientes, “aparentemente precisamos prestar mais
atenção a toda essa variada gama de tratamentos para aqueles que não respondem
às primeiras tentativas de medicação”, disse o Dr. Michael Thase à Reuters
Health. O psiquiatra da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia
participou em alguns dos estudos que sugerem que a terapia pode ser benéfica
(Entretanto, ele não participou do estudo de Trivedi).
Fator preço
Fator preço
Para alguns pacientes, porém, o acesso à terapia é mais difícil e caro do que
o uso de medicamentos, que se tornaram mais baratos com a entrada dos genéricos
no mercado. Segundo dados da Wolters Kluwer Solutions, relatados na publicação
americana Consumer Reports, em agosto de 2010, o custo médio da dosagem mensal
de antidepressivos era de apenas US$19 (R$34, em janeiro/2011) no caso da
fluoxetina (forma genérica de Prozac), US$26 (R$46, em janeiro/2011) da
sertralina (Zolof) e US$35 (R$62, em janeiro/2011) do citalopram (Celexa).
A terapia custa mais do que a medicação, pelo menos em curto prazo. E os
planos de assistência médica costumam impor limitações aos reembolsos. Mas,
Trivedi afirma que, em longo prazo, a terapia pode realmente valer o seu custo.
“Pacientes sob uso de antidepressivos acabam tomando este tipo de medicamentos a
vida inteira”, disse ela. Já a terapia costuma ocorrer por alguns meses, ou, às
vezes, por alguns anos, e é interrompida quando os sintomas desaparecem.
Thase diz que a conclusão é que a escolha do tratamento deve girar em torno
da preferência do paciente. Nos estágios iniciais de depressão crônica, “o
tratamento (ou a combinação de tratamentos) desejado deve ser escolhido e
mantido. Se não são observadas melhoras depois de três meses, aí então devemos
considerar outra opção”.
Trivedi concorda que pessoas que sofrem de depressão devem tentar estar em
harmonia com o tipo de ajuda que necessitam e gostariam de receber e não perder
as esperanças de melhorar. Ela diz que aqueles que sofrem de depressão crônica
não devem desistir. “Se você não sentir-se melhor com o primeiro tipo
tratamento, você não é o único”.
iG
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