O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, diz-se pouco incomodado com a ameaça de processo judicial lançada pelo seu homólogo da Ordem dos Farmacêuticos. "A Ordem dos Médicos está do lado dos doentes e não tem interesses comerciais no circuito do medicamento", disse o responsável à Rádio Renascença.
Em causa estão as denúncias sobre troca de medicamentos nas farmácias, em prejuízo dos doentes, lançadas num anúncio publicado em órgãos da imprensa.
Em comunicado, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Carlos Maurício Barbosa, diz que os textos publicados pela Ordem dos Médicos são uma afronta e causam um descabido alarme social, ao convidar a população a cometer um erro de generalização.
"A Ordem dos Médicos não faz comentários sobre comunicados da Ordem dos Farmacêuticos", responde José Manuel Silva, reiterando "a sua determinação de continuar a defender a transparência, a verdade e o legítimo direito dos doentes à estabilidade terapêutica, à não substituição por fármacos mais caros e à estabilidade clínica".
Na perspectiva do bastonário da Ordem dos Médicos, essa estabilidade "é perturbada, sobretudo, nas pessoas mais idosas, visto que os doentes menos letrados identificam os medicamentos pela cor e aspecto da caixa e dos comprimidos e as trocas sucessivas prejudicam-nos, confundem-nos, levam-nos muitas vezes a tomar duas e três marcas do mesmo princípio activo e a terem consequências adversas por sobredosagem".
"Portugueses pouparam" com prescrição por Denominação Comum
Os farmacêuticos, por seu lado, dizem ter sido surpreendidos, na semana passada, pela "insólita compra de espaços publicitários em jornais" por parte da Ordem dos Médicos, relatando "exaustiva e desmedidamente um isolado caso de uma alegada irregularidade no aviamento de uma receita médica por uma farmácia".
"A gravidade da situação criada pela Ordem dos Médicos exige a devida ponderação de todas as implicações no plano jurídico, tendo em vista promover a cabal reparação das consequências injuriosas, caluniosas e difamatórias causadas aos farmacêuticos portugueses", lê-se no comunicado, divulgado esta terça-feira.
A Ordem dos Farmacêuticos garante que o caso relatado, a ter existido, constitui "um caso pontual", não reflectindo "de modo algum" a realidade nacional.
"O senhor bastonário [da Ordem dos Médicos] esteve desde sempre contra a aprovação da legislação que obriga a prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI). Não gosta e sempre lutou contra isso", acusou o bastonário Carlos Maurício Barbosa, em declarações à agência Lusa.
No mercado de medicamentos de ambulatório, exemplificou, registou-se uma poupança de 50 milhões de euros para os utentes e de 62,5 milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Os portugueses pouparam e o SNS poupou, o que quer dizer que a legislação está a dar resultados", sustenta.
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