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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Por que a Medicina deve se tornar social?

Os pacientes encontram muita informação de saúde boa – e ruim – online. Serviços na internet ajudam médicos a ser tão digitalmente alfabetizados quanto os pacientes
 
A educação médica provavelmente nunca andará na mesma velocidade das mídias sociais, mas talvez consiga se mover rápido o suficiente para que novos médicos (bem como aqueles ainda em formação) entendam como elas estão mudando a prática da medicina.
 
Alfabetização digital para médicos é uma parte vital porque a mídia social é muito importante para os pacientes – muitas vezes é o primeiro lugar onde procuram informação médica, antes de visitarem seus médicos. Os médicos precisam estar preparados para encontrar seus pacientes que podem ou estar incrivelmente bem-informados ou totalmente desinformados pelo que descobriram online.
 
É isso o que Bertalan Mesko pretende fazer com o The Social MEDia Course, série de tutoriais online, e com o livro Social Media in Clinical Practice (A Mídia Social na Prática Médica), publicado em agosto. Como ele diz no livro, “O único jeito de lutar contra a pseudociência e o charlatanismo médico é tomar controle das informações médicas publicadas na rede”.
 
Os médicos precisam estar na mídia social para desenvolverem e protegerem suas próprias reputações, bem como para entender as fontes disponíveis e como ela pode ser usada, afirmou. Seu livro cataloga os muitos tipos de mídia social e dá conselhos específicos, como a recomendação de não aceitar pedido de “amizade” de pacientes no Facebook, a não ser que o perfil seja usado somente de forma profissional, e não para interação pessoa.
 
Mesko mora na Hungria e é um médico com Ph.D. em genômica. Em vez de praticar medicina, ele acabou fazendo negócios como médico futurologista, falando em tecnologias médicas com seus desenvolvedores, bem como ensinando. Como sempre foi um entusiasta tecnológico, percebeu enquanto completava o Ph.D que “meu lado nerd parecia ser um pouco mais forte do que meu lado médico”.
 
Seu curso online é baseando no que ele ministra na faculdade, e escreveu o livro após conversar com um médico mais velho que achava que aprenderia mais lendo um livro do que assistindo um curso online. Mas muitas escolas ainda precisam alocar tempo na grade para este assunto.
 
“Estudantes de medicina devem ter acesso há muito mais fontes do que as atuais, então, quando tentarem entrar na era digital, saberão por onde começar”. A maioria dos estudantes de medicina não tem um curso relevante oferecido por suas universidades e muitos entram em contato para agradecê-lo pelo curso online.
 
Enquanto isso, muitos médicos enxergam as mídias sociais como canal de marketing, isso quando as enxergam de alguma forma.
 
Enquanto ainda estava na faculdade de medicina, Mesko se tornou um editor ativo da Wikipedia, trabalhando eventualmente para se tornar um dos administradores do site quanto as informações médicas. Apesar de alguns médicos não enxergarem o Wikipedia como uma fonte confiável de informações de saúde, há muitas razões para a melhoria da qualidade do que é publicado ali, explicou Mesko.
 
“A pergunta é se as pessoas estão usando”, Mesko esclareceu, e na verdade estão, conforme os consumidores cada vez mais buscam por informações médicas primeiro na rede. “Se você fizer uma pesquisa a respeito de informação médica, seja um sintoma, uma doença ou um tratamento, o Wikipedia normalmente está entre os três primeiros resultados. Se o paciente está buscando ali, a responsabilidade para garantir a correta informação é dos profissionais de saúde”.
 
Muitas vezes, os pacientes entrarão no consultório tendo uma informação obtida por meio de uma fonte muito menos confiável do que o Wikipedia, explicou Mesko. No contexto, isso não é diferente do que podia acontecer no passado se um paciente encontrava um livro que contivesse seus sintomas e fosse até o médico com suas teorias embasadas nessas informações. Mas com a proliferação da mídia digital, isso aumentou.
 
“Se um paciente pergunta minha opinião sobre uma página no Facebook, eu tenho que conseguir fazer uma avaliação da qualidade desse canal de mídia social”, ele disse, e não apenas com uma resposta vaga. “Os médicos devem dar uma resposta com base em evidências. Todo profissional de saúde devem avaliar a qualidade dessas fontes”.
 
Mesko também já viu como a mídia social pode beneficiar a prática de medicina. Quando ele estava na universidade, seu professor estava perplexo com o caso de um garoto de 16 aos que sofria de recorrentes crises de pancreatite, então Mesko tentou tuitar um descrição abreviada do caso e recebeu centenas de respostas, incluindo um possível diagnóstico, dentro de 24 horas. A sugestão era verificar por uma condição causada por pequenas pedras na vesícula – difíceis de serem vistas em uma radiografia convencional, mas fácil de ser encontrada quando se sabe o que está procurando.
 
Apesar de haver mais comunidades exclusivas para médicos, como a Sermo, redes sociais públicas também podem ser úteis, se empregadas com zelo acerca da informação que está sendo compartilhada e da forma que está sendo feita. Em seu experimento com diagnósticos crowdsourced, as respostas vieram de médicos conhecidos, bem como de médicos de pesquisa e de pacientes que haviam experimentado sintomas similares. “Se tivesse todas essas pessoas em uma sala, não precisaria da internet”, ele explicou, mas funciona porque “todos contribuem com aquilo no que são melhores”, incluindo os pacientes que descrevem suas próprias experiências.
 
Conseguir tempo na grade da educação médica para esse tópico é um grande desafio, afirmou Warren Wiechmann, um médico de emergência que trabalha na University of California Irvine e ministra um curso em Health 2.0 e Digital Literacy, no campus e no iTunes U. “Se você não transforma o curso obrigatório porque os estudantes já têm muito para estudar, é difícil conseguir envolvimento”, ele afirmou, mas se propõe tornar o curso não opcional, dizem a ele “quer dizer que não vamos ensinar aos estudantes sobre anatomia por 12 horas para que você possa falar sobre Facebook?”
 
UC Irvine é um das primeiras escolas de medicina a dar a todos os estudantes um iPad junto com os materiais do curso, mas Wiechmann diz que ainda não acredita que os estudantes estão devidamente preparados – nem para o impacto da mídia social, nem para trabalhar com tecnologias hospitalares como registros eletrônicos de saúde (EHRs – electronic health records). Por exemplo, estudantes de medicina ainda são treinados para fazerem suas anotações com caneta e papel, quando não é isso que será exigido deles como médicos, ele explicou, e são pouco expostos ao software EHR.
 
“Não é apenas Facebook e Twitter; trata-se de qual será a futura cara da medicina”, afirma Wiechmann.
 
Ainda assim, a dimensão da mídia social é realmente importante, ele diz, concordando com os médicos que têm a responsabilidade em “curar a rede” e separar a boa informação da má informação. “Passamos horas treinando em como ler um artigo em revista e entendê-lo. Precisamos de uma aula como essa para sites e aplicativos”.
 
Felizmente, há alguns esforços para ajudar os médicos a caminharem por essas fontes. Ele apontou o Happtique, que oferece certificação para aplicativos educativos médicos e de cuidados. A empresa de Mesko, Webicina, também oferece um diretório de aplicativos, blogs e outras fontes.
 
A ajuda está por aí, ou pelo menos começando a surgir, para os médicos que procuram por ela.

* Por David F. Carr | InformationWeek Healthcare USA
 
SaudeWeb

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