Cigarro eletrônico gera interesse e controvérsia |
Milhões de europeus e americanos já provaram e muitos conseguiram abandonar o tabaco graças a ele. O cigarro eletrônico gera interesse e controvérsia, enquanto Bruxelas e Washington se preparam para regulamentá-lo de forma mais estrita.
Os usuários deste aparelho eletrônico sem tabaco, com tamanho de um charuto ou de um cigarro e que produz na boca um vapor aromatizado que contém nicotina, se mobilizam diante de uma regulamentação que o assimilaria a um "produto farmacêutico".
Se este dispositivo for votado no Parlamento europeu, o "e-cig" só poderá ser vendido na União Europeia em farmácias, lojas especializadas e pela internet.
Nos Estados Unidos, onde o dispositivo está na moda, a poderosa agência federal FDA (Food and Drug Administration), que regulamenta alimentos e medicamentos no país, se dispõe a anunciar uma norma este mês que assemelharia o "e-cig" a um produto com tabaco.
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) emitiu um sinal de alerta no começo de setembro ao publicar um estudo que evidenciou o aumento do uso do cigarro eletrônico entre os jovens, particularmente entre aqueles não fumantes, temendo que se torne uma ponte para o cigarro verdadeiro.
Tom Frieden, diretor do CDC, comenta que "o aumento do uso do cigarro eletrônico é inquietante", porque a nicotina "é uma droga que causa forte dependência".
No entanto, para dois especialistas britânicos em dependência e militantes antitabaco, o professor Gerry Stimson (Imperial College) e o ex-diretor da associação antitabaco ASH Clive Bates, o "e-cig" é "uma solução, não um problema".
Eles criticaram em um relatório o desejo da Comissão Europeia de querer regulamentá-lo como se fosse um medicamento, o que tornaria o "e-cig" em "algo mais difícil de comprar do que um maço de cigarros".
— O cigarro eletrônico é uma alternativa pouco arriscada ao cigarro. Muitos usuários, com frequência fortes tabagistas, relatam sua passagem ao cigarro eletrônico como uma experiência que os transformou. São muitos os que reduzem o consumo e estão a caminho de abandoná-lo por completo.
Um médico americano especialista em tabaco, Joel Nitzkin, deu uma opinião similar.
— Não duvido nem por um segundo que o cigarro eletrônico salva a vida dos fumantes que o adotam.
E considera como "má e equivocada" a ideia europeia de torná-lo um produto farmacêutico. O pneumologista e militante antitabaco francês Bertrand Dautzenberg tem uma opinião um pouco mais equilibrada. Embora defenda uma maior regulamentação do cigarro eletrônico, que "não pode ficar como objeto de consumo normal", considera contraproducente "uma regulamentação que tornaria mais disponível o cigarro comum que os 'e-cigs'".
Mas a Comissão Europeia insiste que "os cigarros eletrônicos devem manter seu papel inicial de ajudar os fumantes a parar de fumar. Daí a nossa proposta de classificá-lo como um produto farmacêutico", explica um porta-voz em Bruxelas.
Muito ativo na internet, os "vapeadores" — neologismo que se atribui ao fumante que exala vapor de nicotina e que, embora não esteja nos dicionários, muitos adeptos o usem na rede - convocam um protesto contra o projeto, que será submetido à votação em 8 de outubro no Parlamento Europeu, no âmbito de uma comissão antitabaco.
Várias associações de usuários convocaram, ainda, manifestações em 7 de outubro em Estrasburgo.
Os usuários alemães entregaram uma petição com 27.500 assinaturas para defender o uso "livre e responsável" dos "e-cigs", e na França 37.000 assinaturas já foram coletadas.
Brice Lepoutre, que lidera a associação francesa, faz um alerta.
— Estima-se em sete milhões o número de 'vapeadores' na União Europeia. Sete milhões que pararam de fumar e corre-se o risco de que voltem a fazê-lo.
AFP
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