Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Comedores seletivos: hábito acomete 50% das crianças em idade pré-escolar

"Fazer o filho comer", para algumas mães, é quase um desafio rotineiro. Tentar dar a comida à criança e alcançar o sucesso, às vezes, é uma equação que não fecha. Isso sem contar quando o filho come determinados alimentos com cores ou formas específicas e despreza totalmente os demais.
 
O que pais e mães não sabem é que essa seletividade extrema aos alimentos pode ser um Transtorno Alimentar Seletivo, um comportamento que acomete 50% das crianças em idade pré-escolar (4 a 6 anos). Crianças com esse tipo de hábito são chamadas de "comedoras seletivas", termo que surgiu nos Estados Unidos como "picky eaters".
 
Embora o problema seja mais evidente em crianças, os adultos também podem desenvolver. O Dicionário de Saúde Mental atualizado inclusive já não mais relaciona o transtorno com a idade e reconhece que o quadro pode surgir também na fase adulta. Até então, para caracterizar o transtorno, os sintomas deveriam aparecer antes dos 6 anos.
 
Uma das causas para esse transtorno surgir, explica a nutricionista Renata Borges Abdulmassih, responsável pela UTI Cardiopediátrica do Hospital do Coração (HCor), é a passagem da amamentação para alimentação pastosa. "Este distúrbio específico pode afetar pessoas de qualquer idade, embora a incidência seja maior em crianças. Há maior incidência em crianças menores de 5 anos", explica Renata.
 
Os comedores seletivos costumam pular refeições e ter intolerância a diferentes consistências. Por isso, é importante que os pais aprendam a lidar com esse hábito justamente para que as crianças não se tornem adultos seletivos, um problema que, no futuro, pode inclinar-se a quadros de obesidade.
 
"Não se deve forçá-los a comer, nem fazer chantagem ou trocas. O ideal é oferecer mais de uma vez o mesmo alimento. Às vezes pode ter de ser ofertado mais de 10 vezes até que o alimento seja aceito atestam alguns estudos", completa a nutricionista.
 
Hábitos alimentares de um comedor seletivo
Quem apresenta o Transtorno Alimentar Seletivo pode exibir estranhos hábitos alimentares, talvez preferindo comer a mesma coisa todos os dias. A seleção de alimentos em pacientes seletivos baseia-se exclusivamente em sabor, textura, consistência, familiaridade ou até mesmo na cor.
 
'A criança seletiva manifesta-se pela recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento. Em geral, há grande aversão a frutas, legumes e verduras. Além disso, existe uma recusa em experimentar novos alimentos', explica a nutricionista Renata Borges Abdulmassih, responsável pela UTI Cardiopediátrica do Hospital do Coração (HCor).
 
Que motivos impulsionam crianças a ter esse comportamento com a comida?
'Mães com histórico de depressão e transtornos alimentares e pais exigentes tendem a apresentar filhos com maior risco de padrões alimentares inadequados. Outras vezes, pais autoritários, que controlam horários, quantidades e qualidade das refeições, induzem a criança a uma relação de dificuldade em experimentar novos desafios e, entre eles, a de experimentar novos alimentos', pondera a nutricionista.
 
Criança seletiva pode desenvolver outro transtorno alimentar?
Ao restringir demais a dieta, a criança pode sofrer deficiência de diversos nutrientes, desencadeando outros problemas de saúde. Sem contar que, como a maioria das situações sociais envolve comida, eventos assim se tornam uma fonte de estresse, deixando-a mais vulnerável a quadros de depressão e ansiedade. Aliás, adultos também podem ser comedores seletivos.
 
'Essas pessoas têm uma preocupação com o peso e com o corpo. O Transtorno AlimentarSeletivo pode ter sintomas associados com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e com a Fobia devido ao medo intenso de comer determinadas coisas', explica Renata Borges.
 
Como funciona o tratamento?
Uma parte importante do tratamento é educar a pessoa com o transtorno sobre sua condição, seu corpo e como seu comportamento ou história pessoal afetou seus hábitos alimentares. 'As crianças com o distúrbio devem ser incentivadas a experimentar novos alimentos em uma variedade de ambientes, incluindo salas de terapia e restaurantes. As avaliações físicas e nutricionais são recomendadas para tratar quaisquer condições ou problemas de saúde que resultaram da dieta restritiva', observa a nutricionista.
 
Recorrer a produtos industrializados é válido?
Os produtos industrializados devem ser evitados ao máximo por terem grande quantidade de sódio e gordura. 'Alguns pais preferem oferecer uma bolacha recheada ou um chocolate para não deixar a criança passar fome. Trata-se de um erro recorrente até pela correria do dia a dia que acaba por tornar a situação mais complicada', alerta a nutricionista do Hcor.
 
Que estratégias pais devem usar para reverter esse hábito?
As refeições em família devem ser momentos prazerosos e devem acontecer de modo regular para que as crianças possam observar outras pessoas consumindo uma variedade de alimentos. 'É importante que a criança veja a diversidade de opções e se sinta segura para tentar algo novo sem a garantia de que vai gostar. Devem oferecer desde os seis meses de vida um cardápio variado para explorar o paladar dos pequenos e acostumá-los com salgado, doce, azedo, pratos quentes, frios, que exijam mastigação', completa Renata.
 
Use e abuse da criatividade na hora da comida
Os pais podem abusar da criatividade na hora de alimentar as crianças. Como os principais alimentos rejeitados são as verduras, legumes, frutas, grãos e carnes, explore as formas de apresentação do prato, as cores, os temperos naturais (manjericão, salsinha ou hortelã) e até mesmo incluindo a criança no preparo desses alimentos. 'Se, por exemplo, a carne em pedaços não agradar, opte pela moída na forma de hambúrguer. Beterraba e cenoura são ótimas para dar cor aos sucos. Os vegetais são coloridos e podem ser incluídos na alimentação sem que elas percebam', exemplifica a nutricionista.
 
MSN

Nenhum comentário:

Postar um comentário