Heidi Schumann/The New York Times Eventos oferecem dicas de meditação aos participantes |
O Corpo de Marines dos EUA está testando o Treinamento em Fitness Mental para
ajudar os soldados a relaxar e incentivar sua "inteligência emocional", as
palavras de ordem do momento. Empresas como
Nike, General Mills, Target e Aetna incentivam seus funcionários a ficarem
sentados sem fazer nada e lhes oferecem aulas para ensiná-los a fazer isso.
Neste ano, Arianna Huffington lançou uma conferência sobre atenção plena, uma
página dedicada ao tema no site "Huffington Post" e um aplicativo telefônico
chamado "GPS for the Soul" (GPS para a alma) com sensor cardíaco embutido.
A sede de encontrar algum alívio é especialmente intensa no berço da
revolução digital. O cofundador do Facebook Dustin Moskovitz falou sobre como
idealizou sua start-up atual de software, Asana, depois de lições aprendidas
fazendo ioga. Padmasree Warrior, executiva-chefe de tecnologia e estratégia da
Cisco, descreveu fins de semana analógicos dedicados à família, à pintura, à
fotografia e a haicais.
A atenção plena foi apresentada pelo líder budista vietnamita Thich Nhat
Hanh, que afirmou certa vez: "A dádiva mais preciosa que podemos oferecer a
qualquer pessoa é nossa atenção".
Como seria de se esperar, os arquitetos de nossa era eletrônica abordam o
conceito da atenção plena como um problema de engenharia. "Isto não é uma
bobagem antiga de hippies de San Francisco", comentou o engenheiro do Google
Chade-Meng Tan, rindo ao falar da demanda por um curso interno que ele criou,
intitulado "Procure Dentro de Você Mesmo". Com sete semanas de duração, o curso
ensina a atenção plena.
Isso pode significar passar dez minutos todas as manhãs com os olhos
fechados, deitado sobre um travesseiro com fios de ouro, ou ouvir realmente o
que diz sua sogra, uma vez na vida. "Sempre que oferecemos o curso on-line, as
vagas se esgotam em 30 segundos", disse Tan.
De acordo com ele, centenas de estudos atestam os benefícios do treino de
atenção plena.
A meditação espessa o córtex cerebral, abaixa a pressão sanguínea, pode curar
a psoríase e "ajuda a conseguir uma promoção", diz Tan.
Empresas como Goldman Sachs e Farmers Insurance também pagam Tan e sua equipe
para ensinar técnicas de como fazer uma pausa antes de enviar e-mails
importantes e enviar em silêncio votos de felicidade a colegas de trabalho com
quem o relacionamento é difícil.
O blogueiro e empreendedor francês Loïc Le Meur recomenda um app de meditação
chamado Get Some Headspace. O programa se descreve como a primeira academia do
mundo para a mente. "É uma maneira de praticar meditação sem ter a impressão de
que é algo estranho", disse Le Meur. "Não é preciso ficar sentado em posição de
lótus. Basta pressionar 'play' e relaxar."
Ele estava discursando em setembro na conferência Wisdom 2.0, em San
Francisco, fundada por Soren Gordhammer para estudar como podemos conviver com a
tecnologia sem que ela nos engula completamente.
As listas de espera para os eventos de Gordhamer têm centenas de nomes. "As
pessoas anseiam por uma sensação de sossego e reflexão, de não precisar ser
estimuladas, entretidas ou ficar constantemente à procura de alguma coisa.
Ninguém está expulsando a tecnologia de nossas vidas, mas precisamos recuperar
nossa conexão com os outros e com a natureza, senão todos sairão perdendo."
Com palestrantes destacados das comunidades da tecnologia e da "sabedoria", a
primeira conferência Wisdom 2.0, em 2009, foi um evento modesto que reuniu 325
pessoas. Em 2012, já havia uma lista de espera de 500 pessoas para participar da
conferência seguinte, cujos palestrantes incluiram cofundadores do Twitter,
Facebook, eBay e PayPal.
Num encontro do Wisdom em setembro, Walter Roth, 30, executivo-chefe de uma
start-up de tecnologia chamada Inward Inc., estava exibindo um app que criou
para o iPhone que ajuda o usuário a parar de fumar. Ele contou que a atenção
plena o deixou mais competitivo. "Não apenas agora coloco menos coisas em minha
lista de tarefas, como dou conta das tarefas, e bem. Aprendi que, para ser mais
bem-sucedido, primeiro preciso desacelerar."
Na primeira conferência Wisdom 2.0 da qual participou, em 2010, Arturo Bejar,
diretor de engenharia do Facebook, ficou na última fileira da plateia. Mas ele
ficou inspirado quando ouviu o autor e professor de meditação Jon Kabat-Zinn
dizer que, se as pessoas enxergassem umas às outras por completo, elas se
relacionariam melhor. Decidiu integrar essa ideia em seu trabalho, que envolve
lidar com as preocupações de conteúdo de 1 bilhão de usuários do Facebook.
Neste ano, a empresa introduziu emoticons para captar uma gama mais ampla de
sentimentos humanos, ao lado de uma fórmula mais suave para resolver tensões
entre usuários.
Até então, alguém que fosse marcado numa foto infeliz no Facebook podia
assinalar que a imagem era ofensiva e torcer para que a outra pessoa a tirasse
do ar. Agora aparece um pop-up com opções como "é embaraçoso", "é inapropriado"
e "me deixa triste", com um pedido cortês para que a foto seja tirada do ar.
A introdução da frase simples, demonstrando consideração pelo outro, triplicou a probabilidade de os usuários enviarem uma mensagem pedindo a remoção da foto, disse Bejar, acrescentando que a resposta global tem sido grande.
A introdução da frase simples, demonstrando consideração pelo outro, triplicou a probabilidade de os usuários enviarem uma mensagem pedindo a remoção da foto, disse Bejar, acrescentando que a resposta global tem sido grande.
Nos EUA, se alguém marca uma foto no Facebook como sendo "embaraçosa", há 83%
de chances de que a pessoa que a postou responda ou a delete.
"Não tínhamos entendido como é difícil sentir-se ouvido nas comunicações
eletrônicas, mas agora existem mecanismos para ser mais expressivo e mostrar
mais consideração."
O whil.com encoraja os visitantes a desligar seu cérebro por 60 segundos,
visualizando um ponto. "Fazer uma pausa de uma hora e meia para praticar ioga é
demais para a maioria das pessoas", disse Chip Wilson, cofundador do site. "Você
precisa se afastar do trabalho e da tecnologia por um minuto para se sentir
revigorado."
Folhaonline
Nenhum comentário:
Postar um comentário