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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Planos deverão oferecer prótese para incontinência após câncer de próstata

Bexiga e próstata entre a uretra (Foto: SKU/Science Photo Library/AFP)
Foto: SKU/Science Photo Library/AFP
Bexiga (acima) e próstata envolvendo o canal da uretra
ANS determina que tratamento esteja disponível a partir de janeiro de 2014. Perda de urina ocorre em até 10% dos casos de retirada total da glândula
 
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que, a partir de janeiro de 2014, os planos de saúde do país ofereçam um esfíncter urinário artificial aos pacientes com câncer de próstata que fizerem cirurgia de remoção total da glândula e ficarem com incontinência urinária mesmo após um ano da operação. Até então, os homens com essa sequela precisavam entrar na Justiça para adquirir o direito à prótese.
 
Esse aparelho substitui a função do esfíncter natural, um músculo em forma de anel que envolve a uretra e controla a liberação da urina. Como ele fica quase "grudado" na próstata, pode acabar enfraquecido após a cirurgia.
 
Segundo o urologista Carlos Sacomani, do Hospital A.C. Camargo, entre 5% e 10% dos indivíduos que retiram totalmente essa glândula – exclusiva do sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga e responsável por armazenar um fluido que compõe o sêmen – apresentam algum tipo de perda involuntária de urina, que pode ser leve, moderada ou grave.
 
"O esfíncter artificial é indicado para os casos mais sérios ou para aqueles que não responderam a tratamentos anteriores, como fisioterapia pélvica. Consideramos que um paciente grave é aquele que precisa usar fraldas ou mais de três absorventes higiênicos por dia para conter a urina", explica.
 
Em casos de cirurgia por hiperplasia benigna da próstata – quando há um aumento excessivo da glândula, podendo causar estreitamento da uretra e dificuldade para urinar –, o risco de incontinência depois da cirurgia é mais baixo: menos de 1%.
 
Sacomani diz que a incontinência não tem a ver com a idade do paciente nem com os procedimentos usados na cirurgia, mas com a anatomia da pessoa.
 
Na opinião do urologista Fabio Vicentini, do Hospital das Clínicas e do Centro de Referência da Saúde do Homem em São Paulo, a decisão da ANS é importante porque a incontinência urinária pode ser uma consequência da cirurgia, então "não faz sentido autorizar um tratamento e proibir o outro".
 
"Todo paciente que entrava na Justiça ganhava, mas isso podia levar anos, o indivíduo ficava perdendo urina, com a qualidade de vida e a rotina social comprometidas. Precisa agora ter isso nos hospitais públicos", diz. Até hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece esse tipo de tratamento.
 
 Exame de sangue ajuda a identificar alterações na próstata (Foto: Voisin/Phanie/AFP)
Como funciona o aparelho
O esfíncter artificial é uma prótese de silicone colocada em volta da uretra do paciente, que manuseia o aparelho por meio de uma "bombinha" hidráulica acondicionada no saco escrotal. Após ser colocado cirurgicamente, esse sistema a vácuo fica desligado por seis a oito semanas e, então, pode começar a ser usado.
 
"Quando precisa urinar, o homem aperta essa bombinha, que abre a uretra. Depois de 2 a 5 minutos, ela se fecha sozinha", diz Sacomani, que já introduziu o aparelho em mais de 80 pacientes desde 2001, com eficácia de até 90%.
 
No Brasil, um equipamento como esse – desenvolvido na década de 1980 – custa cerca de R$ 40 mil e é feito para durar a vida toda. Nos EUA, o preço gira em torno de US$ 8 mil.
 
Em geral, os pacientes atendidos têm entre 50 e 70 anos e levam uma vida ativa. Se descobrem o câncer de próstata, fazem a cirurgia e começam a apresentar incontinência urinária, acabam ficando muito ansiosos e psicologicamente abalados, afirma o urologista do A.C. Camargo.
 
"Mesmo assim, precisamos esperar um ano, que é o período em que o esfíncter normal pode voltar a funcionar. Passada essa fase, fazemos um exame em que enchemos a bexiga do paciente, colocamos uma sonda na uretra e pedimos para que a pessoa tussa, espirre ou faça algum esforço, para ver se há perda de urina", afirma. Além disso, o homem precisa responder a um questionário sobre sua qualidade de vida.
 
A cirurgia para colocação do esfíncter dura cerca de 1 hora e o paciente recebe alta no dia seguinte. Há risco de rejeição e infecção, embora baixo, e cerca de 15% dos casos precisam fazer algum tipo de revisão (como troca do aparelho) ou tratamento de alterações causadas por ele, como infecção urinária.
 
Por conta da incontinência urinária, muitos pacientes também deixam de ter uma vida sexual ativa – o que acaba melhorando com o esfíncter artificial. Este mês, ações em todo o mundo marcam o "Novembro Azul", campanha que alerta sobre a importância de prevenir o câncer de próstata.
 
G1

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