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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mundo contempla ‘maremoto’ de câncer e custos fogem do controle, diz OMS

No mundo, estima-se que 14 milhões sejam diagnosticados todos os anos, previsão é que número aumente para 24 milhões em 2035, com concentração nos países emergentes
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu nesta terça-feira (4) que o mundo corre o risco de enfrentar um "maremoto" de casos de câncer nos próximos anos, e os gastos com o tratamento da doença estão ficando descontrolados em todo o mundo.
 
Segundo o alerta da entidade, feito no Dia Mundial do Câncer, o número de casos da doença deve chegar a 24 milhões até 2035, mas metade deles pode ser prevenido. Para tanto, existe uma "necessidade real" de ampliar os esforços preventivos, combatendo tabagismo, a obesidade e o alcoolismo.
 
No Brasil, um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde no ano passado indica que haverá 576.580 casos diagnosticados apenas neste ano. O relatório prevê que os tipos com maior incidência serão o câncer de pele, de próstata e de mama.
 
Um estudo divulgado em 2013 no periódico Lancet Oncology, previa um aumento de 38,1% nos casos de câncer no País ao longo desta década, passado de 366 mil casos em 2009 para mais de 500 mil em 2020.
 
No mundo, estima-se que 14 milhões de pessoas sejam diagnosticadas todos os anos com câncer, segundo a OMS. A previsão é de que esse número aumente para 19 milhões em 2025 e 24 milhões em 2035, com os países emergentes concentrando os novos casos.
 
Incidência de câncer no mundo

Hábitos
Em seu Relatório Mundial do Câncer 2014, a OMS diz que além da combinação de obesidade e sedentarismo, do álcool e do fumo, outros fatores associados ao câncer que poderiam ser prevenidos são:
 
- Radiação (solar e de scanners médicos)
 
- Poluição atmosférica;
 
- Adiar a gravidez para quando as mulheres têm mais idade, ter menos filhos e não amamentar.
 
Chris Wild, diretor da agência internacional da OMS para a pesquisa sobre o câncer, disse que o "fardo global do câncer está se tornando mais pesado e mais evidente, principalmente devido ao envelhecimento e crescimento da população".
 
"Se verificarmos o custo de tratamento do câncer, ele está fugindo do controle até em países com renda alta. Prevenção é algo absolutamente crucial e vem sido um tanto negligenciada."
 
Brasil
Questionado pela BBC Brasil, o Ministério da Saúde informou que o investimento em assistência a pacientes com câncer cresceu 26% em dois anos.
 
"O recurso alocado para o diagnóstico e tratamento da doença passou de R$ 1,9 bilhão, em 2010, para R$ 2,4 bilhões, em 2012. Além desses recursos, estão reservados ao setor, para o período de 2011 a 2014, R$ 4,5 bilhões em programa estratégico de prevenção do câncer de colo do útero e de mama, que prevê também o fortalecimento da rede de assistência e diagnóstico precoce", disse o ministério em nota.
 
O ministério não forneceu estimativas sobre o número de brasileiros que possam ser vítimas do câncer nos próximos anos. Informou, no entanto, que com o aumento de recursos "foi possível ampliar em 17,3% o número de sessões de radioterapia" e em "14,8% as de quimioterapia".
 
Prevenção
Bernard Stewart, um dos editores do relatório da OMS, diz que a prevenção tem "um papel crucial no combate ao maremoto de câncer que estamos vendo surgindo em todo o mundo".
 
Ele explicou que o avanço da doença está associado, em muitos casos, aos hábitos das pessoas e citou o exemplo dos australianos que costumam tomar sol nas praias "até que cozinham de forma homogênea em ambos os lados".
 
"Em relação ao álcool, por exemplo, nós estamos cientes dos seus graves efeitos, sejam eles acidentes de carro ou agressões. Mas há um problema que não é discutido simplesmente porque não é reconhecido, especialmente envolvendo o câncer."
 
"Há coisas que devem estar na pauta de discussões: modificar a disponibilidade do álcool, a rotulagem do álcool, a promoção do álcool e o preço do álcool", afirmou.
 
Stewart disse que um argumento similar pode ser apresentado em relação ao açúcar, que impulsiona a obesidade, que por sua vez eleva o risco de tumores.
 
BBC Brasil

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