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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Saiba driblar os problemas de saúde típicos da cidade grande

Contorne problemas de saúde da cidade Chuvas, poluição e até o trânsito podem desencadear doenças
 
Que atire a primeira pedra aquele quem mora em uma metrópole e nunca disse "não aguento mais essa cidade".
 
O estresse e desconforto causado por algumas situações comuns desses municípios podem passar por cima das vantagens em certos momentos, nos fazendo pensar seriamente em uma mudança de ares. Entretanto, o psiquiatra Leonard Verea, de São Paulo, afirma que essa nem sempre pode ser a solução.
 
"Muitas pessoas acreditam que a mudança irá trazer melhor qualidade de vida, mas na prática, às vezes, é melhor lidar com a situação que incomoda, achar maneiras para driblar, do que mudar de cidade", diz.
 
Afinal, abrir mão de tudo, da vida que se leva, pode não ser uma boa opção, e você ainda corre o risco de enfrentar os mesmos ou outros problemas.
 
Pensando nisso, listamos os maiores problemas da cidade grande e buscamos soluções. Confira:
 
 Chuvas e enchentes - Foto: Getty ImagesChuvas e enchentes
O crescimento desenfreado e não planejado das grandes metrópoles brasileiras não é autor apenas do trânsito e acúmulo de pessoas - o estudo "Vulnerabilidades das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas", feito por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), contatou que o modelo de expansão dessas cidades, em conjunto com as mudanças climáticas que estão ocorrendo em todo o mundo, está deixando a metrópole cada vez mais vulnerável a desastres, como enchentes e deslizamentos. O trabalho foi feito com base na cidade de São Paulo, e mostra que a falta de vegetação, a impermeabilização causada pelo asfalto, a ocupação irregular do solo e a falta de destinação adequada do lixo são componentes importantes para o acúmulo de água nas ruas e, consequentemente, as enchentes.

Além disso, os grandes temporais (mais de 50 milímetros de chuva em um único dia) ficaram muito mais comuns nos últimos 60 anos. Atualmente, segundo o estudo, chuvas como essa ocorrem comumente em até cinco períodos do ano. A previsão é de que 20% do que a capital paulista crescer até 2030 será área suscetível a acidentes naturais provocados pela chuva e aproximadamente 11,17% dessas ocupações poderão ser afetadas por deslizamentos.

Mas muito antes dos desastres naturais, as chuvas das metrópoles podem ser transmissoras de doenças - e nem precisa ser uma enchente, bastam as poças d?água ou as pequenas corredeiras do meio fio. "Existem vários patógenos que não conseguem te atingir por via aérea, mas o fazem pelo contato com a água", diz o clínico geral Eduardo Finger, coordenador do departamento de pesquisa e desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos. Portanto, a água não tratada forma um meio condutivo entre as zonas contaminadas (lixo, esgoto, etc) e a nossa pele, permitindo a transmissão. "O exemplo mais típico é a leptospirose, que está intimamente associada às enchentes - mas nem de longe é a única doença que pode ser transmitida dessa forma", afirma o especialista. Por isso, evite ao máximo pisar em poças ou outras acumulações de água, e prefira usar calçados fechados nesses dias de chuva. "Qualquer coisa que impeça o contato da água não tratada com sua pele diminuirá os riscos de transmissão de doenças."
 
Trânsito - Foto: Getty ImagesTrânsito
Quando pensamos em engarrafamento, a primeira palavra que vem à nossa cabeça é estresse. "Esse sentimento é gerado quando o trânsito impossibilita o indivíduo de realizar determinada atividade, isto é, quando estamos atrasados para chegar ao trabalho e o ônibus não passa, ou quando o carro está no rodízio e ainda estamos longe de nosso destino", exemplifica o psiquiatra Leonard Verea, de São Paulo. Essa urgência faz com que a liberação de adrenalina (neurotransmissor estimulante) seja aumentada, provocando sensações desagradáveis, como a contração dos músculos e aumento dos batimentos cardíacos. "Quando as situações estressantes são muito frequentes, o estresse se torna crônico e a pessoa passa a reagir da mesma forma em outros momentos, que antes não provocariam tais sensações - isso explica o fato de nos estressarmos quando estamos dirigindo sem pressa num final de semana ou mesmo antes de entrar no carro, apenas imaginando o caminho a ser percorrido", afirma. O especialista afirma que é importante criar saídas para evitar ou fugir desse estado de estresse, como sair mais cedo de casa, ouvir música, escutar estações de rádio que informem sobre o trânsito - para fugir dele -, buscar técnicas de relaxamento ou, em últimos casos, abandonamos a ideia de ir até o local desejado.

"O trânsito é o maior problema para a mobilidade humana", afirma o clínico geral Dirceu Rodrigues Alves Junior, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional na Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET). Segundo o especialista, os veículos geram calor e poluente atmosféricos, além de fuligem. Além disso, a variação de temperatura, a vibração do veículo por conta dos buracos ou o barulho produzido pela vibração das janelas de um ônibus, por exemplo, debilitam a saúde da pessoa.

A nossa postura também é afetada pelo trânsito. "A postura correta ao sentar no automóvel é extremamente importante para uma coluna saudável e para evitar crises de dor", afirma o ortopedista e traumatologia Luciano Pellegrino, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Aos sentarmos inadequadamente - e os bancos dos automóveis favorecem essa condição - podemos causar problemas posturais crônicos. Os principais sintomas dos problemas posturais são dores na coluna cervical, na região dos ombros e na coluna lombar. "Todos esses problemas são causados por um desbalanço da musculatura, principalmente no momento em que relaxamos e descuidamos da postura", afirma. Para evitar que isso aconteça, o especialista explica que é extremamente importante sentar com a coluna totalmente alinhada e totalmente apoiada no banco, principalmente a curvatura lombar, que deve se encaixar na parte inferior do banco. "O uso de pequenas almofadas na região lombar pode auxiliar algumas pessoas que possuem uma lordose aumentada", diz Leonardo. Outras dicas importantes são: manter uma distância do banco que permita manter os cotovelos e joelhos semiflexionados ao utilizar o volante e os pedais, respectivamente, evitando mantê-los totalmente estendidos. Ajustar a altura do banco de forma a manter a coluna cervical neutra e evitar utilizar carteiras ou objetos no bolso de trás da calça ao estar sentado, pois esses podem levar a compressão do nervo ciático e dores na região dos membros inferiores. Lembre-se também de ajustar corretamente a altura do apoio da cabeça e do cinto, que são itens fundamentais para sua segurança.
 
 Poluição do ar- Foto: Getty ImagesPoluição do ar
A poluição e as mudanças climáticas na capital paulista são responsáveis por cerca de 70% das internações por doenças respiratórias, sendo o estudo do Inpe e da Unicamp. "Os gases decorrente da queima dos combustíveis, como monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio, comprometem a atmosfera, além de comprometer nosso sistema ocular e respiratório", explica o clínico geral Dirceu. Segundo o especialista, a cada seis horas expostos à poluição é o mesmo que fumar de três a cinco cigarros - e as consequências disso são doenças graves, como câncer de pulmão e outras neoplasias e doenças relacionadas ao sistema imunológico deficiente. "A poluição nas cidades causa irritação nos olhos, podendo levar a uma conjuntivite irritativa", diz o oftalmologista Alfredo Tranjan, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

E os problemas não são apenas de ordem direta - o CO e o CO2 são dois gases que sobem na atmosfera e formam um isolante térmico, criando uma espécie de efeito estufa, além de contribuir para o aumento do buraco na camada de ozônio, elevando o risco de câncer de pele. Já o SO2 e NO2 para a atmosfera e entram em contato com a imunidade do ar, caindo na forma de chuva ácida. "Isso causa a destruição de plantas, corrosão dos veículos e extermínio dos micro-organismos que nutrem o solo", afirma Dirceu, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. Além disso, a transição dos veículos na rua levanta muita poeira, aumentando a concentração de micro-organismos no ar, que entrarão em contato com a boca a nariz, aumentando o risco de doenças por agentes infecciosos e irritações da mucosa, como rinite e sinusite.
 
Poluição sonora e visual - Foto: Getty ImagesPoluição sonora e visual
 "A vibração dos veículos causa um ruído constante nas cidades, e essa exposição pode causar uma lesão no ouvido interno, fazendo com que haja zumbido, perda da audição e até surdez", alerta o clínico geral Dirceu. Além disso, o constante estímulo visual e sonoro das metrópoles, como anúncios luminosos, veículos e pessoas, podem nos levar a um quadro de estresse - a musculatura fica tensionada, o coração dispara, a pressão arterial sobe, o estômago fica cheio de suco gástrico e o intestino trabalha bem devagarinho, além da agitação que dificulta a concentração. "Às vezes a pessoa sente dificuldade para relaxar até quando chega em casa, de tão elétrica que ficou durante o dia - isso pode levar a quadros de hiperatividade, agressividade, mau humor, depressão e até bipolaridade", afirma o psiquiatra Leonardo.

A exposição excessiva a telas, como computadores, tablets ou similares, também podem causar um cansaço visual que, no futuro, corre o risco de demandar o uso de óculos. "Devemos usar todos esses meios de comunicação sem abusar, e se você já está com dificuldade de leitura ou cefaleia constante, é importante procurar seu oftalmologista para avaliação", diz o oftalmologista Alfredo.
 
 Aglomerações - Foto: Getty ImagesAglomerações
Outro problema muito comum das metrópoles são as grandes concentrações de pessoas, seja nas ruas, nos shoppings ou transportes públicos. É tanta gente no mesmo espaço, compartilhando o mesmo ambiente, que não é difícil pensar na possibilidade de contrair alguma doença infecciosa. "A transmissão aérea de patógenos é facilitada pela proximidade do indivíduo contaminado com o indivíduo saudável, e uma aglomeração não só aumenta essa proximidade, como também expõe um maior número de pessoas ao patógeno", explica o clínico geral Eduardo Finger. Nos casos em que o ar é recirculado sem filtração, a concentração desses patógenos no ambiente aumenta cada vez mais. "Para as doenças de vias respiratórias, a estação mais propícia é o inverno, e para as doenças diarreicas é o verão", diz. É muito difícil evitar uma transmissão que é feita pelo ar, mas pessoas com uma imunidade fortalecida estão mais protegidas nessas situações - por isso, hábitos como ter uma alimentação equilibrada, comer bem, praticar atividades físicas e ter o calendário de vacinação em dia são bem-vindos. Além disso, é muito importante lavar as mãos sempre que tiver contato com grandes aglomeração.
 
mulher no escritório - Foto: Getty ImagesTrabalhar sentado
Seja no escritório ou mesmo em casa - o famoso home office - os empregos em que se trabalha sentado, em frente ao computador, são muito comuns nas grandes metrópoles. "Os problemas posturais são as queixas mais frequentes dos pacientes que trabalham muitas horas sentados em escritórios", afirma o ortopedista Luciano. É frequente a dor na coluna cervical e na coluna lombar, por conta da má postura. O ortopedista explica que passar muito tempo sentado pode afetar nossas articulações, que devem sempre estar em equilíbrio e sem sobrecargas. "O trabalho em escritórios pode forçar as articulações quando assumimos posturas inadequadas ou realizamos esforços extenuantes", declara Luciano. Os erros mais comuns são manter as articulações constantemente flexionadas ou constantemente estendidas durante muitas horas. "Nessas situações pode haver uma sobrecarga da cartilagem que reveste as articulações e também compressão dos nervos na região, levando a sintomas dolorosos." Segundo o especialista, artrites e tendinites podem surgir dos esforços repetitivos. Por isso é importante assumir uma postura correta sentado, procurar levantar de hora em hora, fazer alongamentos e participar de algum tipo de ginástica laboral durante o dia. Na cadeira, devemos sentar com bom apoio de toda a coluna vertebral, manter o monitor do computador na nossa frente e na mesma altura da cabeça. "Procure evitar sentar muito tempo inclinado para frente, pois essa postura sobrecarrega os discos da coluna, além de levar a dor na região lombar."

Outro problema comum do trabalho em escritórios é o sedentarismo. "Para os profissionais que passam horas na mesma posição, pode ser ainda mais difícil iniciar uma atividade física", afirma o ortopedista Luciano. Mas o especialista afirma que não é somente o trabalho responsável pelo sedentarismo, mas sim a rotina que adotamos para nós, que deve prever a atividade física. "É fundamental vencer a preguiça e o cansaço, praticando atividades físicas regularmente nos horários livres", lembra.

Como explicou o psiquiatra Leonardo, o ambiente de trabalho é a principal fonte de estresse. "A forma como levamos nossa vida e nos deixamos abalar pelos agentes externos estão diretamente ligados ao nosso nível de estresse", afirma. De acordo com o especialista, nós precisamos dividir o nosso tempo em quatro momentos fundamentais: trabalho, família, lazer e um tempo para o eu. "A maior parte das pessoas não conseguem esse tempo para si e misturam o tempo da família com o lazer", diz. O que podemos mudar é a forma de enfrentar cada situação e tentar tirar o melhor de cada etapa. "Precisamos ter jogo de cintura e saber enfrentar cada momento, sem deixar de separar um tempo individual, para relaxar."
 
homem com calor - Foto: Getty ImagesIlha de calor
O trabalho feito pelo Inep e a Unicamp mostram que a falta de vegetação e a impermeabilização das ruas causada pelo asfalto fazem com que o chão retenha muito calor, que depois precisa ser liberado. Isso, somado com o efeito estufa da poluição, faz com que a cidade fique cada vez mais quente. O resultado pode ser um quadro de indisposição e fadiga térmica que, segundo o clínico geral Eduardo, é o esgotamento da capacidade do organismo de contrabalancear a exposição ao calor, fazendo com que a temperatura interna aumente. "O calor em excesso pode causar desidratação, descompensar doenças crônicas, como hipertensão, e se a exposição for muito acentuada pode levar ao coma e até matar."
 
Minha Vida

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