O ideal é que homens e mulheres saudáveis consumam 8 mg e 18 mg de ferro por dia, respectivamente |
Exame específico de sangue é pouco usado, mas é capaz de detectar o problema
O ferro é um nutriente essencial para o nosso organismo, mas tanto a sua falta como o excesso podem provocar graves problemas para a saúde. Se a carência de ferro é o que leva às conhecidas anemias, o excesso do nutriente provoca a hemocromatose – doença que se caracteriza pelo acúmulo de ferro na forma de ferritina (proteína que armazena o nutriente) nos músculos, fígado, pâncreas, articulações e coração provocando danos aos órgãos e tecidos.
“É como se fossem colocados 20 pregos no seu fígado e os deixassem lá por 20 anos. Seria liberada uma ferrugem que causaria uma reação inflamatória que leva a fibrose e a cirrose”, exemplifica o oncohematologista Celso Massumoto. Segundo ele, o problema afeta uma a cada 200 pessoas no mundo. Nos EUA, cerca de 10% da população tem o problema.
A doença, que evolui lentamente, pode ter origem genética ou não, segundo o hematologista João Paulo de Oliveira. “Pode ser causada por um defeito nos genes (C282Y e H63D), ou como consequência de outras doenças, grande número de transfusões de sangue, ingestão excessiva de ferro ao longo da vida, alcoolismo, entre outras”, afirma o presidente do Departamento de Hematologia e Hemoterapia da Associação Médica de Minas Gerais.
Alimentação
O ideal é que homens e mulheres saudáveis consumam 8 mg e 18 mg de ferro por dia, respectivamente, segundo afirma a nutricionista Débora Cherubino. “O excesso de ferro pode se depositar no fígado, podendo causar cirrose. No pâncreas, (pode causar) diabetes; no coração, insuficiência cardíaca; nas glândulas, mau funcionamento e problemas na produção hormonal”, explica a especialista.
Assim, os sintomas da hemocromatose se manifestam de diversas formas. Com dores nas articulações e abdominal, fadiga, perda de peso, mudança na coloração da pele (tonalidade bronzeada), perda do desejo sexual, perda de pelo corporal, problemas cardíacos, sintomas relacionados com o início do diabetes.
Porém, por ser uma doença de conhecimento científico recente – cerca de oito anos –, Massumoto afirma que poucos médicos têm o costume de pedir um exame que identifica o acúmulo.
“Basta realizar um exame de sangue conhecido como ferritina. Os níveis nesse teste não devem ultrapassar 250 ng/ml (nanogramas por mililitro), para as mulheres, e 300 ng/ml, para os homens, mas nos pacientes com o distúrbio, a absorção é muito maior e alguns chegam a ter mais de 20 g de ferro no corpo”, conta.
A pedagoga Betânia Lucca, 47, descobriu que tinha hemocromatose no ano passado, após realizar exames de rotina. “No meu caso, é genético. Para o tratamento, não tive que fazer nenhum tipo de dieta. Como descobri cedo, não comprometeu nenhum órgão, mas já fiz em torno de 30 sangrias (extração de sangue)”.
Parte do tratamento da doença se baseia na retirada do excesso de ferro através da sangria, dieta balanceada e remédios.
“A doença (hemocromatose) se caracteriza pelo acúmulo de ferro. É como se fossem colocados 20 pregos no seu fígado e os deixassem lá por 20 anos.”
Celso Massumoto, oncohematologista
Desde 2009, a Secretaria de Estado de Saúde de MG fornece gratuitamente cinco medicamentos para as doenças ligadas ao ferro.
iG
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