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sexta-feira, 7 de março de 2014

Hospital é condenado por morte em exame

Três morreram em janeiro de 2013 na clínica que fica dentro do hospital
Foto: Cedoc/RAC
Três morreram em janeiro de 2013 na clínica que fica

dentro do hospital
A Justiça condenou o Hospital Vera Cruz e a clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC) a pagarem uma indenização por dano moral de R$ 1 milhão ao empresário Pedro José Ribeiro Porto e à sua mulher, Maria Inês, pela morte do filho do casal, Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos, após a realização de um exame na unidade hospitalar em janeiro de 2013.
 
A decisão é do juiz Gustavo Pisarewski Moisés, da 6ª Vara Cível de Campinas, mas ainda cabe recurso.
 
Por engano de uma auxiliar de enfermagem, a vítima teve a substância perfluorocarbono injetada nas veias no lugar de soro e sofreu uma parada cardiorrespiratória.
 
Na mesma ocasião, outras duas pessoas - a administradora de empresas Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, e o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 - também morreram em situação idêntica.
 
Falha
"O ato ilícito aqui é patente: o filho dos autores ingressa nas dependências dos réus para realizar um exame corriqueiro e de lá sai sem vida, em razão da troca de substâncias químicas. Trata-se de falha imperdoável, injustificável, inescusável, vergonhosa e que, de tão grotesca que é, dispensa maiores qualificativos", afirmou o juiz em sua decisão.

"Afastada a arenga e a ladainha que os responsáveis em eventos que tais soem apresentar em juízo, como se tal conseguisse algum sucesso em sua defesa, é gritante aqui o erro grosseiro e crasso, a falta de perícia e a incompetência dos prepostos dos reús (…) A morte de paciente quando da realização de exame corriqueiro por troca de substâncias é algo tão absurdo que só confirma a falta de cautela daqueles que lá trabalhavam em favor dos réus", reforçou a sentença.

Agradecimento
O empresário Ribeiro Porto agradeceu a decisão, mas deixou claro que nada disso diminuirá a dor pela perda do filho.
 
"A sentença foi contundente; a Justiça fez o que estava ao seu alcance. O hospital e a empresa precisavam ser punidos. Mas, para toda a nossa família, essa indenização não tem muito significado", comentou o pai.

O advogado da família, Carlos de Araújo Pimentel Neto, avaliou que a sentença foi exata."O fato foi escandaloso", disse ele.
 
Um dos advogados que representam o Hospital Vera Cruz e a clínica Ressonância Magnética Campinas, Fernando Damha Filho, fez críticas ao tom da decisão judicial e questionou a inexistência de uma possibilidade de acordo.
 
"A sentença foi passional. A função do Judiciário é conciliar, mas nesse tom vai ser difícil. As empresas vão oferecer recurso, principalmente, porque não foi aberto nenhum canal de negociação (entre as partes). Nós estávamos esperando a designação de uma audiência de conciliação, que é praxe nesse tipo de processo. Os advogados aguardavam essa audiência para tentar fazer uma composição e minimizar o tamanho da dor. É lógico que o tempo não vai minimizar a dor, mas os que ficam, os que vivem, têm que ter instrumentos para minimizar essa dor", afirmou o advogado.
 
"Nós esperávamos um valor menor. Essa discussão de quanto vale uma vida é algo horroroso. Mas, quando temos uma situação dessas, precisamos verificar o que os costumes rezam. Os tribunais têm fixado as condenações entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Não que eu ache isso correto... Nenhum valor paga uma vida. Foi um desastre, não tem como negar", apontou Damhas.
 
RAC

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