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quarta-feira, 26 de março de 2014

Saúde brasileira passa por crise de valores, acusam entidades

Para médicos e autoridades, resolução de cenário caótico exige choque de gestão e revisão do modelo de repasses
 
A saúde brasileira passa por um momento de crise de valores, com gestão inadequada e baixo financiamento da saúde pública, além da corrupção. Ocorre uma defasagem dos repasses do Ministério e o setor de saúde suplementar está sendo privilegiado. Essas foram algumas das críticas feitas pelo presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, durante o VIII Congresso Paulista de Política Médica e o VII Congresso Brasileiro de Política Médica. Participaram representantes de entidades médicas e outras instituições.
 
A sexta-feira (21) foi reservada para debater as duas principais questões que envolvem a saúde pública brasileira, segundo estas entidades: financiamento e gestão. Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), abriu os debates dizendo que o momento social e político do País é peculiar. Para ele, os protestos de 2013 trarão a Saúde para o centro dos debates em ano de eleição, e a “sociedade espera uma resposta mais clara (…) para o caos em que se transformou o SUS”.
 
Professor doutor livre-docente de Economia da Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, Áquilas Nogueira Mendes disse que há equívocos desde a implantação do SUS, há 25 anos. O motivo estaria relacionado aos modelos tributários e seria um problema de política de Estado, pois há problemas de definição de fontes de arrecadação. “É fundamental avançar o debate da Saúde à reforma tributária”, disse.
 
David Uip, secretário de Saúde de São Paulo, confessou que os problemas são inúmeros e que trabalha para amenizar o cenário caótico. Entre eles está a hierarquização dos hospitais, com repasses mais robustos aos que oferecem atendimento de alta complexidade. Uip também ressaltou que a secretaria encaminhou à Assembleia Legislativa do estado um projeto para implantação de uma política de cargos e salários para os médicos que trabalham na rede pública estadual.
 
Gestão
À tarde, questões relacionadas à gestão centralizaram os debates. Meinão afirmou que três quartos da população que dependem do SUS se acostumaram a esperar em filas e, às vezes, por anos para um procedimento mais complexo. Essa questão, disse, não é simples questão de falta de financiamento, mas também de processos mais eficazes. Recursos humanos são outro ponto fundamental, e o modelo de contratação precisava ser repensado, disse.
 
Durante sua palestra, o professor titular de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Miguel Srougi, não economizou críticas ao sistema atual da saúde pública, principalmente ao programa Mais Médicos, que considera opressor. Disse que o Brasil precisa modernizar seus processos tanto na nos níveis de ensino como do próprio exercício da Medicina.
 
Para Mario Maia Bracco, coordenador médico de Pesquisas do Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch-M´Boi Mirim e médico pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, outros fatores devem ser considerados na Saúde, como as condições em que vivem as populações mais carentes. A população de baixa renda contrai doenças crônicas mais cedo e envelhece mais cedo, disse.
 
Edson Rogatti, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (FEHOSP), falou em “situação de desespero” para esses hospitais. Para ele, não há alternativa se não modernizar os processos de gerenciamento e ampliar os recursos por meio da Tabela SUS.
 
* com informações da assessoria de comunicação da APM
 
SaudeWeb

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