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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Apesar da mesma qualidade, remédio de marca custa até 4 vezes mais que genérico

Daia Oliver/R7
Na farmácia, preços de remédios de marca, genéricos e similares
 variam muito
Diferença de valores se explica por pesquisas e marketing, explicam especialistas
 
Remédio de marca, genérico ou similar?  No balcão da farmácia, muitas vezes, surge a dúvida de qual deles escolher. Os genéricos e os similares têm preços mais atrativos para o bolso dos pacientes, se comparados aos de marca.
 
Entre os remédios mais prescritos por médicos, entre fevereiro de 2013 e o mesmo mês deste ano, de acordo com Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, a losartana potássica (usada para hipertensão arterial) custa em média R$ 8, o similar, R$ 9, já o de marca com o mesmo princípio ativo é vendido por R$ 32. Ou seja,  quatro vezes mais que os outros dois. Mas será que há diferença de qualidade entre eles?
 
De acordo com a professora de farmácia da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) Elza Oliveira Sebastião, o remédio de referência (de marca) é aquele que “primeiro foi produzido no mundo com aquela formulação e para um efeito terapêutico específico”.
 
— A indústria o “batiza” com um determinado nome comercial, registra e o patenteia. Quando termina a validade desta patente [que pode demorar dez e até 20 anos], o princípio ativo então pode ser “copiado” por outras indústrias. Então surgem os similares e genéricos.
 
Os genéricos têm a mesma qualidade que os medicamentos de referência, pois passam por “testes que garantem que são iguais na ação, toxicidade, reações adversas e forma de uso e também na forma de produção. De acordo com a especialista, eles são as cópias exatas dos medicamentos de referência.
 
— O Ministério da Saúde do Brasil garante a equivalência dos genéricos com os de referência, pois há fiscalização das indústrias farmacêuticas, certificando-as que a linha de produção daquele medicamento resultará num produto idêntico ao de referência. Por causa disso, eles podem ser intercambiáveis, ou seja, o de referência pode ser substituído pelo genérico, caso os médicos e dentistas permitam a troca.
 
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) garante este “intercâmbio” explicado pela professora. Segundo a agência, a substituição do medicamento de referência pelo seu genérico é assegurada por testes de "bioequivalência apresentados à Anvisa.
 
Preço que cabe melhor no bolso
Os preços mais em conta dos genéricos se explicam, pois as fabricantes não precisam investir em pesquisas e desenvolvimento, como as de remédio de referência, conforme afirma Elza. Na lista dos mais prescritos por médicos, o antibiótico amoxicilina é vendido a R$ 20 e sua  versão genérica, R$ 15.
 
— Eles apenas copiam da indústria que descobriu. Além disso, não têm gastos financeiros com marketing do produto. Já que indústrias de genéricos não gastam com pesquisa nem com propaganda, o preço cai. Não são mais baratos porque são ruins. São mais baratos porque o custo final deles é mais baixo que os de marca.
 
O farmacêutico Hemerson Henrique de Oliveira explica que, geralmente, o genérico tem que custar 50% mais barato que o de referência, mas com o similar não há controle. 
 
Cuidado com similares
Diferentemente dos produtos de marca e genéricos, os similares não passam por testes que comprovam os princípios ativos e sua eficácia, segundo Oliveira. Além disso, a professora explica que as indústrias de similares, apesar de não gastarem com pesquisa e desenvolvimento, precisam fazer propaganda para incentivar a venda.
 
— Muitas vezes [a indústria dos similares] faz pressão por outras formas de indução do consumo como a “empurroterapia”. Ou seja, fazem promoções do tipo “compre 6 e leve 12”. Os estabelecimentos não compraram estes produtos, eles “ganharam”, é o bônus. Então, “empurram” os produtos para o consumidor.
 
Elza conta que “conhece vários casos” de ineficácia de produtos similares.
 
— Um caso sério foi quando um paciente hipertenso, que fazia o acompanhamento comigo, apresentava descontrole dos valores, apesar de relatar que tomava o medicamento corretamente. Averiguei diversas questões que poderiam alterar sua pressão, como a sua alimentação, exercícios físicos, nível de estresse, uso de outros medicamentos e nada. Ele me contou então que os comprimidos estavam saindo nas suas fezes da mesma maneira que eram ingeridos. Como consequência, não fazia efeito!
 
Segundo a Anvisa, “os medicamentos similares devem apresentar os testes de biodisponibilidade relativa e equivalência farmacêutica para obtenção do registro para comprovar que o medicamento similar possui o mesmo comportamento no organismo (in vivo), como possui as mesmas características de qualidade (in vitro) do medicamento de referência”.
 
No consultório
O presidente da SBCM (Sociedade Brasileira de Clínica Médica), Antônio Carlos Lopes, disse que, em seu consultório, “receita muito os genéricos”, pois eles têm o mesmo efeito e fazem “os pacientes economizarem muito dinheiro”. Porém, segundo ele, há diversos profissionais que preferem prescrever apenas os de marca.
 
— Muitos médicos não acreditam no genérico, mas não mostram os fundamentos técnicos para não acreditarem. Alguns profissionais ficam presos a certas relações com indústrias farmacêuticas. Assim, só receitam remédios de tal laboratório pra prestigiar sua parceria e seus privilégios.
 
R7

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