Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



segunda-feira, 26 de maio de 2014

DF: Mais de 80% dos atendimentos nos CAPs se referem a dependentes de álcool

Reprodução
São pacientes que, além do próprio drama, expõem a família e os amigos às mais diversas dificuldades
 
A última imagem que o projetista Vítor* tem do pai é a de um homem fragilizado deitado sobre um leito de unidade de terapia intensiva (UTI). As gotículas de sangue, consequência da cirrose crônica, brotavam de cada poro e manchavam a pele.
 
O paciente não sentia dor, diziam os médicos. Mas a cena era dura de se ver. Em pouco mais de nove décadas, Maria do Rosário* conviveu com o alcoolismo. A mãe morreu aos 40 e poucos, “de tanto beber”. O primeiro marido, também alcoólatra, ela largou mesmo com dois filhos para criar. Mas difícil mesmo foi ver o primogênito morrer por causa da bebedeira.
 
No Distrito Federal, não se sabe exatamente quantos dependentes de álcool existem nem qual o padrão de consumo. Mas, de acordo com Secretaria de Saúde, das 100,5 mil pessoas atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) em 2013, 80% — ou 80,4 mil — têm problemas exclusivamente com a bebida — o restante faz uso abusivo de álcool e de outras drogas.
 
Os dados nacionais são igualmente assustadores. Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), estudos recentes demonstram que, no Brasil, as primeiras doses são ingeridas, em média, aos 13 anos.
 
Em 2012, cerca de metade da população, 67,2 milhões de pessoas, bebeu. Desse total, 60% relataram um padrão pesado de consumo, ou seja, ingeriram entre quatro e cinco doses em duas horas. E outros 17%, quase 12 milhões, apresentam um uso de risco para a dependência.

O perfil de usuário da droga lícita, amplamente difundida e de fácil acesso, combina com o do pai de Vítor. Depois de uma temporada de seis meses entre a casa da família e um quarto de hospital, ele morreu em dezembro de 2012, aos 73 anos. Chegava ao fim a história do homem que apanhou algodão e cortou cana-de-açúcar na infância para sobreviver, que venceu na vida e se aposentou como subprocurador-geral do Distrito Federal.
 
Correio Braziliense

Nenhum comentário:

Postar um comentário