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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Descoberta pode levar a pílula 'antiapetite' contra obesidade

PA
Remédio poderia combater obesidade, hoje uma epidemia
global, dizem pesquisadores
Segredo estaria em molécula liberada pelo intestino durante ingestão de frutas, verduras e legumes
 
A descoberta de uma molécula que diz ao corpo quando se deve parar de comer abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos contra a obesidade, anunciaram cientistas na Grã-Bretanha.
 
Segundo pesquisadores do Imperial College, de Londres, o segredo estaria em uma substância chamada acetato, liberada no intestino durante a digestão das fibras presentes em frutas, legumes e verduras.
 
Eles dizem que uma pílula com a molécula teoricamente poderia ajudar as pessoas a diminuírem a ingestão de comida sem se submeter a dietas rigorosas.
 
No Brasil, ainda que a obesidade tenha parado de crescer, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira, 50,8% têm sobrepeso – e 17,5% são obesos.
 
O estudo britânico, que foi publicado na revista científica Nature, aponta que grandes quantidades de acetato são liberadas quando frutas, legumes e verduras são digeridas por bactérias intestinais.
 
Hipotálamo
Os cientistas observaram o comportamento da molécula e constataram que a substância tinha impacto sobre a região do hipotálamo do cérebro, que controla a fome.
 
A pesquisa sugere que a obesidade se tornou uma epidemia global quando a humanidade passou a ter uma dieta baseada em comida processada, que não reage com a bactéria presente no intestino e, portanto, não produz acetato. Dessa forma, o cérebro não recebe qualquer sinal de saciedade.
 
Atualmente, a dieta padrão na Europa contém apenas 15 gramas de fibras por dia. Nos tempos da Idade da Pedra, esse valor era de 100 gramas por dia.
 
"Infelizmente, o nosso sistema digestivo não evoluiu a tal ponto de termos de lidar com a dieta moderna e esse desequilíbrio contribui para a epidemia de obesidade de hoje em dia", afirmou o professor Gary Frost, do Imperial College, ao jornal britânico The Daily Telegraph.
 
Novas drogas
Embora afirmem que a principal conclusão da pesquisa é alertar sobre a necessidade de ingerir mais frutas, verduras e legumes, os cientistas dizem acreditar que seria possível criar novas drogas para ajudar quem faz dieta.
 
"Nossa pesquisa mostra que a liberação do acetato é importante para entender como as fibras reduzem o apetite e isso pode ajudar a comunidade médica a combater a ingestão excessiva de alimentos", afirmou Frost.
 
"O maior desafio é desenvolver uma droga que possa liberar a quantidade de acetato necessária para controlar a saciedade de uma forma que seja aceitável e segura para os humanos", acrescentou o pesquisador.
 
Pesquisa
O estudo analisou os efeitos de um tipo de fibra chamada inulina, que vem da chicória e beterraba e também é adicionada em barras de cereais.
 
Experimentos feitos em camundongos revelaram que as cobaias submetidas a uma dieta rica em gordura com adição de inulina comeram menos e ganharam menos peso do que as que ingeriram uma dieta rica em gordura sem inulina.
 
Eles também descobriram que o acetato se acumula no hipotálamo e ali desencadeia uma série de reações químicas que afetam neurônios, reduzindo fome.
 
A pesquisa também mostrou que quando o acetato foi injetado diretamente na corrente sanguínea, no intestino ou no cérebro, os camundongos reduziram a ingestão de comida.
 
Como o acetato permanece ativo apenas por um pequeno período de tempo no corpo, cientistas acreditam que uma "pílula de acetato" seja necessária para prolongar o efeito da substância no organismo.
 
BBC Brasil / iG

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