Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia Direção disse que infecção por bactérias multirresistentes são “comuns a qualquer hospital com esse perfil” |
Rio - Referência no país em tratamento de doenças hematológicas, o Hemorio tem dos 83 pacientes internados, 25 com superbactérias, que são aquelas que têm forte resistência a antibióticos. Desses, quatro estão infectados e os demais, ‘colonizados’ — a bactéria está na pele, mas nenhum sintoma, como febre alta, foi desenvolvido.
Todos estão isolados, nos sexto e sétimo andares, porque estão na condição de transmissores. Uma das preocupações da diretoria da unidade é alertar para o fato de que essa realidade não afeta o setor de doação de sangue, que fica em outra estrutura, e precisa manter seu estoque.
“Estamos no momento da Copa, quando podem ocorrer manifestações, e nos preocupa que as pessoas achem que há risco de contaminação na doação de sangue”, desabafou a diretora técnica do Hemorio, Carla Boquimpani. Os quatro infectados estão sozinhos em enfermarias de dois leitos. Já os outros 21 pacientes que estão com as superbactérias na pele, mas sem registros delas ainda na corrente sanguínea, foram separados por tipo de ‘colonização’. “Ficam na mesma enfermaria as pessoas que estão com a mesma bactéria”, afirmou a diretora.
“Estamos no momento da Copa, quando podem ocorrer manifestações, e nos preocupa que as pessoas achem que há risco de contaminação na doação de sangue”, desabafou a diretora técnica do Hemorio, Carla Boquimpani. Os quatro infectados estão sozinhos em enfermarias de dois leitos. Já os outros 21 pacientes que estão com as superbactérias na pele, mas sem registros delas ainda na corrente sanguínea, foram separados por tipo de ‘colonização’. “Ficam na mesma enfermaria as pessoas que estão com a mesma bactéria”, afirmou a diretora.
Pelo menos três tipos de superbactérias foram detectados em exames: MRSA, VRE e Klebsiella. O Hemorio alega que, como é um hospital que atende pacientes com defesas imunológicas fracas, em tratamento quimioterápico, há a predisposição para a presença de infecções por bactérias multirresistentes “comuns a qualquer hospital com esse perfil”.
Membro da Câmara Técnica de Doenças Infectoparasitárias do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), o médico Alberto Chebabo, explicou que as bactérias multirresistentes não são mais perigosas que as demais, mas são mais difíceis de serem tratadas, justamente por serem resistentes aos antibióticos. “Algumas delas surgem de mutações. Aumentam as chances de infecção quanto maior for o número de pacientes ‘colonizados’, alertou Chebabo.
Unidade diz que está dentro de critérios da OMS
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que as infecções hospitalares atingem aproximadamente 14% dos pacientes internados no Brasil, podendo chegar a 100 mil mortes por ano. Se forem considerados todos os 25 pacientes — entre infectados e colonizados — do Hemorio que estão com as superbactérias, esta marca chega aos 30%.
Mas, segundo a diretora técnica da unidade, Carla Boquimpani, a conta não pode ser feita dessa maneira. “Só entra na estatística aquele paciente infectado, que desenvolveu a bactéria. A nossa taxa de infecção hospitalar foi de 1,4% em março e de 1,3% em abril”, afirmou a médica. Segundo ela, o leito do paciente isolado passa por três lavagens antes de ser liberado de novo.
Refeição servida a pacientes na Pediatria tinha verme
Enquanto pacientes estão isolados em dois andares por causa das superbactérias, no setor de pediatria da Emergência, o problema é outro. No último dia 19, a refeição servida para as crianças tinha vermes visíveis na berinjela, no feijão e no arroz. Mãe de uma das crianças que ingeriu a comida contaminada, a dona de casa Vanda Regina dos Santos, 29 anos, disse que foi alertada por uma outra acompanhante, mas a filha, de 12 anos, que sofre de anemia facilforme, já tinha comido metade da refeição.
“Ainda tentaram esconder os bichos, mas uma outra mãe foi lá na direção e mostrou. Uma mulher, que se disse da empresa que fornece o alimento, falou ainda que não era para os vermes aparecerem, porque eles se desfazem no cozimento”, contou Vanda.
A direção do Hemorio confirmou que tinham vermes na comida e disse que notificou a empresa Mazan, que fornece alimentação à unidade. Além disso, “determinou a inutilização do estoque de arroz”. De acordo com a assessoria de imprensa do Hemorio, por causa do episódio, foi exigida a troca da chefia de Nutrição da empresa, e o hospital intensificou a vigilância no processo de preparação de alimentos da fornecedora. “O Hemorio também realizou acompanhamento das crianças internadas e nenhuma delas apresentou qualquer alteração”, afirmou a unidade de saúde, em nota.
Criança de 3 anos dorme em corredor
Ao dar entrada no Hemorio, no domingo passado, com o filho Jonathan, 3 anos, a dona de casa Raquel da Silva, 25, não sabia que o pior ainda estava por vir. A criança, que teve que esperar cerca de três horas para receber sangue, passou a noite sentada no colo da mãe, que ficou no corredor. Somente na segunda-feira, por volta das 16h, é que surgiu uma vaga na pediatria.
“Dá para imaginar? Depois de uma transfusão, ainda ficamos numa cadeira sentados a noite toda”, contou Raquel, que tinha vindo de Nova Iguaçu. Mas essa não é a única queixa que vem do setor de Pediatria. A família de Carlos Eduardo da Silva, 11, relatou que teve que pagar do próprio bolso um vidro de ácido fólico, para o tratamento da criança.
“A vitamina é barata, cerca de R$ 6 o vidro, mas somos pobres, moramos em Vigário Geral, e para a gente, isso pesa”, desabafou a aposentada Maria de Lourdes da Silva, 72, bisavó do garoto. O Hemorio afirmou que o ácido fólico não é essencial ao tratamento do paciente. Mas a unidade adquiriu uma remessa, que chega hoje, e outras duas vão ser entregues em junho.
O Dia
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