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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Apesar da fama de mau, glúten não é vilão e evitá-lo não ajuda a emagrecer

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Thinkstock - Alimentos a base de trigo, aveia, centeio e cevada, como pães e massas, contêm glúten
Perda de peso se deve à dieta restritiva; apenas celíacos, alérgicos e hipersensíveis devem cortar glúten da dieta 

De tempos em tempos um alimento é demonizado. Já aconteceu com o ovo, com a manteiga e agora é a vez do glúten. Cada vez mais famosas emagrecem e atribuem a perda de peso ao não consumo dessa proteína presente no trigo, na cevada, no centeio e na aveia. Se uma celebridade fala, vira febre e as dietas da moda começam a apregoar distância desse vilão malvado que arruinaria qualquer tentativa de perda de peso ou de manutenção da beleza. Felizmente, tudo isso é mentira. 

O nutrólogo Roberto Navarro explica que em pessoas sem intolerância à proteína, o glúten não faz mal algum. Logo, o sacrifício de não comer pão de trigo, cevada, centeio e aveia achando que a atitude refletirá em algum benefício à saúde é perda de tempo. 

O emagrecimento, diz ele, é apenas uma coincidência calórica. “É claro que se alguém retirar pão, biscoito, pizza e macarrão da dieta, vai perder peso. Mas não é por causa do glúten, é pela dieta restritiva. Se retirar a lactose também, que é outro modismo, não vai tomar sorvete nem leite e vai emagrecer muito, mas é apenas coincidência”.

Retirar o glúten, em vez de fazer bem, pode ser prejudicial no caso da farinha de trigo. Por medida de saúde pública, ela é enriquecida de ácido fólico, substância responsável por ajudar a diminuir a anemia da população, bem como ajudar no aporte vitamínico para diminuir os casos de bebês com má-formação gestacional.

Somente devem abandonar o glúten os celíacos, os alérgicos ao trigo e os hipersensíveis. 

Doença celíaca
No mundo todo, 2% da população é celíaca. O gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Flávio Steinwurz, explica que, para esse grupo, o glúten causa uma reação imunológica no corpo, inflamando o intestino e impedindo a absorção de nutrientes. Qualquer mínima partícula de glúten causa desconfortos, diarreias, gases em excesso, náuseas e até mesmo anemia, resultando em fraqueza, queda de cabelo e unhas fracas.

Mesmo se a pessoa estiver disposta a conviver com todas as reações, comer glúten se torna muito perigoso, pois a reação causa uma atrofia no intestino delgado, como consequência das inflamações sucessivas, que pode mesmo levar à morte. Quem suspeita sofrer desse problema pode fazer um exame de sangue e diagnosticar, quanto mais precocemente melhor. Uma vez o glúten retirado da dieta, a vida segue normalmente.

Alérgicos ao trigo
Existem também os alérgicos ao trigo, que, para se sentir bem, precisam excluir da dieta todo o derivado do alimento. Essa turma corresponde a 5% da população mundial. Mas atenção: o problema dos alérgicos é somente com o trigo, não com o glúten, que também está presente na cevada, no centeio e na aveia. O nutrólogo Roberto Navarro explica que essa alergia é fácil de ser identificada e costuma acometer mais a pele, com coceiras e urticárias. “Também pode acontecer diarreias, cólicas, falta de ar, queda de pressão, mas não inflama o intestino como na doença celíaca”, detalha.

A princípio, somente o primeiro grupo de pessoas deveria fugir do glúten e o segundo, manter-se afastado do trigo. Mas a ciência descobriu que há um terceiro grupo que relata alguns desconfortos quando ingere o glúten.

Hipersensíveis ao glúten
Quando ingerem alimentos com glúten, essas pessoas reclamam de dores de cabeça, dores musculares, intestino preso ou muito solto, coceiras na pele, cansaço e fadiga. Se sofrer de artrite reumatóide, pode acontecer uma piora dos sintomas. Segundo dados de um estudo britânico com sete mil pessoas, 10% delas foram consideradas hipersensíveis. Segundo Navarro, foi a partir disso que surgiu toda a polêmica de que o glúten é um “veneno”.

O nutrólogo dá a dica para descobrir essa hipersensibilidade. Para quem relata esses desconfortos, basta retirar todo o glúten da dieta durante quatro semanas e avaliar como se sente. Se não mudar nada, o glúten não tem nada a ver com isso. Se, porém, a pessoa se sentir bem, ele recomenda inserir novamente o glúten na alimentação para ver se o quadro piora. Por fim, se isso acontecer, para o próprio bem-estar, é bom que a pessoa se mantenha longe do glúten.

iG

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