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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Infertilidade masculina tem pouca relação com cueca apertada ou celular no bolso

Entenda como é feito o diagnóstico do problema e quais as principais causas 

Por Dr. Alfredo Canalini

A infertilidade conjugal é sempre um tema delicado, devido aos problemas emocionais que entremeiam esta situação. E nem todos os homens estão preparados para sequer pensarem que o problema pode ser com deles, e não da esposa.

Não é raro encontrarmos um casal em que o marido só se dispõe a procurar um urologista após a esposa ter sido submetida a vários exames, e não ter sido diagnosticada nenhuma patologia que as impeça de conceber.  

A avaliação da infertilidade masculina tem que responder a três perguntas:

- Esse homem é infértil?

- Qual a causa desta infertilidade?

- Como tratar o problema?

A avaliação do homem começa com um balanço da sua história pregressa, para tentar detectar alguma doença que pode provocar o problema (por exemplo, uma infecção dos testículos). Após esta anamnese, o exame dos testículos deve ser realizado para então o urologista averiguar se eles são normais ou se estão atrofiados. Além disso, é verificado ainda se há presença de varicocele, uma doença que dilata as veias dos testículos e que pode afetar também na produção dos espermatozóides. A ultrasonografia da bolsa escrotal ajuda consideravelmente nesta análise médica.


Entretanto, o exame mais importante é o espermograma. Neste, o esperma é analisado, e diversos parâmetros, como o número e a qualidade dos espermatozóides, são avaliados e considerados para um prognóstico. As causas da infertilidade são várias, porém vou me deter nas principais e de como evitá-las. Algumas causas de infertilidade podem ser detectadas logo na infância ou na adolescência, e devem ser tratadas o quanto antes. 

Mitos podem atrapalhar o diagnóstico na idade adulta
Em alguns casos, a causa da infertilidade não é tão evidente e, em tais situações, o tratamento nem sempre é fácil na hora de definir a conduta terapêutica. No passado deu-se muito valor a fatores como cuecas apertadas ou a outros hábitos de vida que pudessem expor os testículos a temperaturas mais elevadas, próximas à temperatura do corpo. Hoje não se dá muita importância a esses fatores. Outras situações como o ciclismo, usar o celular no bolso da calça ou tomar banho de água quente são conjecturas sem evidências científicas significativas que comprovem a relação dessas com a infertilidade masculina. 

Doenças que podem causar infertilidade
A criptorquidia (cripto = escondido, orquidos=testículo) é a ausência dos testículos na bolsa escrotal, e este diagnóstico é feito pelo simples exame físico. Na maioria das vezes o testículo existe, porém está localizado fora de sua posição normal, geralmente na região da virilha. A colocação do testículo na bolsa é um procedimento cirúrgico (orquidopexia) e que deve ser realizado antes que ele sofra danos irreversíveis. 

A varicocele (varizes nas veias que drenam as estruturas da bolsa escrotal) também pode ser diagnosticada ainda no início da puberdade, e o tratamento, também cirúrgico, deve ser realizado quando há possibilidade da varicocele dificultar o desenvolvimento que ocorre no testículo durante a adolescência.

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Já no homem adulto, o tratamento da infertilidade vai depender do agente que produz esta alteração. Quando há atrofia testicular severa provocada, por exemplo, pela falta de tratamento adequado da criptorquidia, dificilmente haverá melhora da fertilidade. Nesta faixa etária a varicocele deverá ser operada se ela existir, e também se houver indícios desta alteração ser a causa do problema.

Como prosseguir com o tratamento?
O tratamento da infertilidade requer que o casal tenha paciência para esperar pelos resultados da terapia proposta. E se considerarmos que todo o processo de formação, maturação e finalmente a ejaculação dos espermatozóides demora 75 dias em média, esse é o tempo para que se perceba a eficácia ou não de um tratamento, através de um novo espermograma, a partir do momento que este tratamento é realizado.

É sempre difícil conter a ansiedade dos cônjuges durante esta espera. Há que se administrar bem este processo todo. O advento dos procedimentos de fecundação assistida veio para atender à expectativa dos casais. Essas técnicas, de maior ou menor complexidade dependendo da gravidade da situação, permitiu que os casais, mesmo os com alterações mais graves e de difícil tratamento, pudessem ter filhos. Converse sempre com seu urologista, ou procure um se tiver alguma dúvida. 

Minha Vida

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