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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Brasil tem carência de doação de medula óssea de negros, indígenas e asiáticos


Getty Images: Há carência de doadores de medula óssea
negros, asiáticos e índios
O País tem cerca de 3,5 milhões de doadores de medula, mas ainda há dificuldade de encontrar doadores com esses perfis
 
No Brasil, cerca de 70% de quem precisa de transplante de medula óssea encontra um doador. No entanto, a maioria dos doadores de medula óssea são de brancos, população que não é maioria no País. No entanto, geneticamente, a compatibilidade da medula também tem a ver com a raça em que a pessoa pertence. E, segundo a hematologista e presidente da Sociedade Brasileira de Transplantes de Medula Óssea (SBTMO), Lúcia Silla, há carência de doadores negros, indígenas e asiáticos. 
 
A chance de encontrar um doador dentro da própria raça é bem maior do que em raças diferentes, o que explica a preocupação pela falta de doadores. Segundo a hematologista, o Ministério da Saúde resolveu agora privilegiar a doação para determinadas raças, de forma em que o banco seja realmente variado e as chances das populações que não encontravam doadores aumentarem.
 
Geneticista do Hospital Albert Einstein, Ciro Martinhago explica que o que define se uma pessoa é compatível com a outra ou não é a região do HLA, que fica no cromossomo 6.

"São como bloquinhos de Lego, tem vários e de diferentes cores. Para ser compatível, a pessoa deve ter os bloquinhos da mesma cor", detalha o médico. Irmãos têm 25% de chance de ter o HLA um igual ao outro.
 
Cada ser humano carrega uma espécie de "código de barras". Para entender melhor, Martinhago explica que é como se as raças partissem de um ancestral em comum, o que faz com que a região de compatibilidade da medula óssea seja também semelhante. 
 
Se entre irmãos a chance de compatibilidade é de 25%, imagine em pessoas de raças diferentes, diz Martinhago. "Existe uma alta probabilidade de encontrar uma pessoa compatível em raças parecidas, por causa da ancestralidade das pessoas", explica o médico, que também é  diretor da Chromosome Medicina Genômica.
 
"Antes de ter a sociedade, as pessoas tinham a tendência de se reunirem em grupos étnicos". Quando aconteciam as recombinações, existia uma alta tendência de serem da mesma "família" étnica, o que tornaria um pouco mais fácil de encontrar a compatibilidade.
 
Há exemplos de comunidades, segundo o especialista, que vivem em clãs, com linhagens unidas por milhares de anos. "O DNA deles é como se fossem primos ou irmãos, parecidos idênticos", diz.
 
"Quando se foge disso, diminui a probabilidade. Imagine você não só mudar a família, mas a etnia também. A probabilidade de compatibilidade é muito menor". 
 
A presidente da SBTMO explica que há hemocentros em todos os Estados que estão preparados para receber doadores. "Tendo hemocentro, o voluntário pode ir lá se cadastrar como doador. A pessoa vai fazer o exame de sangue e depois as características serão enviadas para o Registro de Doadores de Medula Óssea [Redome]". A partir daí, quando um receptor compatível precisar da doação, o doador é contatado para fazer mais exames e confirmar se pode doar.
 
"As raças no Brasil estão mal representadas. O Brasil é um país majoritariamente negro, mas tem poucos negros doadores no banco", completa. 

iG

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