Foto: Wong Maye-E / AP: Agentes de saúde ficam de prontidão no aeroporto de Pyongyang, capital da Coreia do Norte |
Rio - Turistas estrangeiros são proibidos de entrar no país, independentemente da origem. Já os cidadãos nacionais que estavam de viagem são detidos ainda no aeroporto e precisam ficar em quarentena durante três semanas por conta do medo de ebola. Documentários e explicações sobre as características do vírus são veiculados diariamente na mídia.
À primeira vista, a descrição das medidas mais duras contra o surto impostas por um país poderia se aplicar a alguma nação que estivesse próxima ou mantivesse forte contato com os locais mais afetados. Mas essa política draconiana de segurança foi adotada desde o dia 23 de outubro por ninguém menos do que a já isolada Coreia do Norte, milhares de quilômetros distante da África.
Quem relatou o ambiente de tensão no país foi uma equipe do jornal inglês The Guardian, que conseguiu entrar no país dias antes da imposição das medidas. De acordo com a reportagem, embora agências de notícias oficiais do governo mostrem diariamente informações sobre o ebola, o medo de contágio e a desinformação entre os cidadãos é visível. “Os noticiários parecem ter alarmado ao invés de tranquilizar muitos norte-coreanos”, afirmou o jornal.
- As pessoas estão nos pedindo informação. Elas não entendem o que é ebola e realmente não sabem o que é – disse um estrangeiro que está na Coreia do Norte.
A reportagem indica que o reforço na segurança vem de encontro com o desejo de maior abertura do país comunista para o mundo, principalmente para o turismo, já que o país está seco por reservas internacionais. No aeroporto de Pyongyang, por exemplo, grupos de soldados uniformizados se esforçam para concluir o novo prédio reluzente que em breve substituirá o pequeno e discreto terminal.
A nação asiática também anda promovendo eventos internacionais para atrair o turista, como as extravagantes performances aquáticas e o parque Mirim Riding Club, onde os turistas podem correr em torno de uma arena coberta de serragem com um treinador por US $ 40.
Mas todo esse impulso pode estar minado pelo ebola. Após as medidas de segurança, hotéis e cassinos ficaram vazios. Pessoas são impedidas até mesmo de circular internamente pelo país, principalmente quando a rota tem como destino a capital Pyongyang.
As novas regras de banir turistas estrangeiros e colocar em quarentena qualquer pessoa que chegue do exterior, independentemente da origem, já foi posta em prática durante a gripe aviária e o surto da síndrome respiratória aguda grave (Sars), que castigou os principais países do Extremo-Oriente. Essas medidas draconianas conseguiram colocar a Coreia do Norte como uma ilha livre de infeção em meio aos seus vizinhos.
O The Guardian revela, no entanto, que as regras também se explicam pelo precário sistema de saúde do país, e pela escassez de recursos básicos como a água. Uma epidemia na nação comunista, segundo o jornal, seria um “desastre”.
Canadá suspende vistos para países africanos
Já o Canadá anunciou que vai suspender os pedidos de visto de residentes e titulares de passaportes de países da África Ocidental mais afetados pelo surto de Ebola. A decisão segue o exemplo similar da Austrália, que recebeu críticas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A proibição não especifica os país que serão alvo. O governo canadense informou apenas que ela se aplica a países com "transmissão generalizada e persistente intenso". Na prática, no entanto, ela tem como destino a Libéria, Serra Leoa e Guiné, que juntos já têm quase cinco mil cidadãos mortos pelo vírus.
A OMS disse na sexta-feira que 4.951 pessoas morreram durante o surto atual, com 13.567 casos notificados até 29 de outubro.
O Globo
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