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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Livro recomenda dieta de oito horas de comida livre e 16 de jejum

André Mello: Livro atrai com promessa de poder comer o que se
quer durante oito horas, desde que se faça um jejum de 16 horas em,
pelo menos, três dias na semana
Mais nova dieta da moda parece liberar geral e, mesmo assim, emagrecer, mas apela a preceitos ligados a um estilo saudável
 
Falar da possibilidade de comer o que quiser e, ainda assim, emagrecer é falar ao coração de qualquer pessoa que faça dieta, principalmente quem já passou pelas mais variadas experiências — da sopa aos pontos, de Atkins a Dukan. Pois é o que prega o livro “Dieta das 8 horas”, de David Zinczenko e Peter Moore, recém-lançado aqui pela Sextante. Só que não é bem assim que funciona.
 
É possível emagrecer com a dieta do livro. E atrai bastante a promessa de poder comer o que se quer durante oito horas, desde que se faça um jejum de 16 horas em, pelo menos, três dias na semana. Já tendo fisgado o gordinho de plantão, no entanto, Zinczenko (ex-editor da revista “Men’s Health” e autor do famoso livro “A dieta do abdômen”) e Moore (atual editor da “Men’s Health” americana) dão o bote com bons hábitos que, na verdade, estão presentes nas dietas mais equilibradas, mas aqui são empacotados com muito marketing. Diante do primeiro impulso de fome, por exemplo, aconselham água ou chá. Para adoçar, a dica é usar açúcar, mel ou agave (adoçante natural com baixo índice glicêmico, extraído da planta da tequila) em vez de adoçantes artificiais.
 
Além disso, é recomendável fazer oito minutos de exercício logo de manhã e incluir na alimentação oito grupos de alimentos poderosos, que são carnes magras, ovos, iogurte e laticínios, pães e massa integrais, frutas com pouco açúcar, feijões, hortaliças verdes e castanhas. Pronto: só isso já garante uma alimentação melhor, sem falar na restrição de horário, já que ninguém consegue comer tanto em oito horas, mesmo que coma muito. Ao criar uma regra simples e reduzir o número de horas de alimentação, os autores do livro simplificam o processo. Ao Globo, Peter Moore explica que a tendência após o jejum é escolher alimentos de alta qualidade:
 
— O jejum é um profundo agente de mudança na saúde mental e física, mas, para atingir o benefício máximo, é preciso comer os alimentos poderosos e evitar os sabotadores (farinha branca e carne gordurosa, por exemplo).
 
Acordar e já ir comer? Por que?
A ciência por trás dessa nova dieta também não é nova, privilegia o funcionamento do nosso relógio biológico ao propor que as oito horas de alimentação sejam as mais ativas do dia — dessa forma, em vez de acordar e tomar café às 8h, uma pessoa que trabalha o dia inteiro fará a primeira refeição na hora do almoço. Segundo os autores, a primeira coisa que o organismo faz ao acordar é procurar energia para gastar, recorrendo ao rápido glicogênio armazenado no fígado. Mas, como acordamos e comemos, aquele glicogênio continua armazenado, e o organismo queima primeiro o café da manhã.
 
— Normalmente damos energia ao corpo antes que ele peça. Em tese não precisaríamos comer ao acordar, pois ainda não gastamos energia — explica a médica ortomolecular Sara Bragança. — Mas, se a pessoa for fazer exercício sem energia, vai ter hipoglicemia e desmaiar.
 
O livro se baseia em várias pesquisas, mas principalmente num superestudo do neurocientista Satchin Panda, PhD que estuda o mecanismo molecular do relógio biológico em ratos no Instituto Salk, na Califórnia (EUA). Ele testou dois grupos de ratos: um alimentado com dieta rica em calorias por apenas oito horas durante o dia, e outro com a mesma dieta consumida quando quisessem, dia e noite.Os que se alimentavam só durante o dia ganharam menos peso. Ao Globo, Panda deixa claro que não endossa nenhum livro e que suas pesquisas foram feitas com ratos:
 
— Há muitas diferenças entre ratos e humanos, e, se eu tentar transportar o modelo que eu tenho, será apenas especulação, sem qualquer base científica.
 
Essa diferença faz toda a diferença para a nutricionista Bia Rique, chefe de nutrição da enfermaria de cirurgia plástica da Santa Casa de Misericórdia do Rio.
 
— É claro que é melhor não comer carboidrato à noite, mas somos seres sociais. Ratos não lidam com socialização. Nem com os aspectos psicológico e comportamental do alimento — diz.
 
Segundo Bia, as pessoas que engordam e as que vivem de dieta tendem a comer sem fome e perdem a conexão com as respostas fisiológicas reais. Fazer jejum, no caso de pessoas que não sofrem de ansiedade ou compulsão, obriga a reconhecer os sinais de fome, embora seja uma medida extrema.
 
— Se essa pessoa acordar e tomar café com pão 100% integral, queijo branco, tomate e pepino, por exemplo, duvido que tenha fome mesmo sem o jejum — aconselha a nutricionista. — O principal em qualquer dieta é comer só quando estiver com fome. E, com fome, escolher bons alimentos.
 
O Globo

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