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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Ceará tem 90 dias para frear surto de sarampo ou pode cancelar certificação para Américas

Divulgação/Ruy Norões: Representantes da Organização Pan-Americana
da Saúde (Opas), da OMS, do Ministério da Saúde e das secretarias
 estadual e municipais se reuniram ontem em Fortaleza 
Certificado de eliminação da doença no continente pode não ocorrer devido situação do estado
 
O surto de sarampo que vem ocorrendo no Ceará pode impedir as Américas do Sul, Central e do Norte de receber a certificação de eliminação da doença, o que ocorreria este ano. De 22 de janeiro de 2014 até o último dia 5, o estado confirmou 673 casos de sarampo em 28 municípios — sendo 670 em 2014 e três este ano.

Em reunião ontem, representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde (MS) e das secretarias estadual e municipais de Saúde estipularam um prazo de 90 dias, a contar do último caso confirmado, dia 5, para que se consiga interromper o surto da doença.
 
A última confirmação foi em Caucaia. Já em Fortaleza, o último registro ocorreu em 31 de dezembro.
 
— Logo após esses 90 dias, caso não se confirme nenhum caso associado ao surto, daremos continuidade ao processo de certificação, que leva de seis meses a um ano para ser expedido — explicou Pamela Bravo, representante da Opas.
 
Segundo Pamela, caso esse surto tivesse sido interrompido ainda em 2014, esta certificação já poderia ter sido expedida:
 
— Os outros países das Américas estão avançando nesta meta de certificação, mas em nenhum deles estão ocorrendo casos há um tempo tão prolongado quanto no Brasil. É um surto, mas somente em um estado, o Ceará.
 
O boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa-CE) indica que há ainda 46 casos em investigação em oito municípios, sendo a última notificação feita no dia 12 deste mês.
 
Vacinação será reforçada
Para tentar zerar os casos da doença, o foco será a vacinação de crianças a partir dos 6 meses de idade, grupo em que há maior incidência do sarampo. A ampla mobilização da sociedade e de profissionais de saúde será a estratégia utilizada, buscando principalmente o envolvimento de agentes comunitários, já que estes serão responsáveis pela busca dos que ainda não foram vacinados, incluindo adultos até 49 anos.
 
— A partir dos 6 meses, a imunidade que a mãe passa ao filho tende a declinar. Além disso, a faixa etária de 6 meses a 1 ano é na qual há maior incidência da doença. Normalmente, a vacina tríplice é dada com 1 ano, mas, como estamos com um surto, vamos rebaixar a faixa etária da primeira dose de vacinação — explicou o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Fortaleza, Antônio Lima.
 
Ele ressaltou também que, caso o adulto não lembre se foi imunizado, não existe risco em ser vacinado mais de uma vez:
 
— Quem sustenta a epidemia de sarampo no mundo inteiro são as crianças, por isso o foco em vaciná-las a partir dos 6 meses. Mas, caso o adulto até 49 anos ainda não tenha recebido a vacina, ele tem que ser vacinado, ainda mais se estiver em uma área com caso confirmado ou que esteja com surto da doença.
 
São diversas as causas que levaram o Ceará a atual situação, entre elas a reduzida cobertura dos agentes de saúde e a baixa sensibilização das mães, que não estão levando as crianças para vacinar.
 
— Temos que vacinar 100% das crianças, nenhuma pode deixar de ser imunizada. A criança não foi vacinada porque a mãe não levou ou porque o centro de saúde não verificou que aquela criança tinha que ser vacinada — comentou o secretário de Saúde do Ceará, Carlile Lavor.
 
Fortaleza é responsável por 46% do casos confirmados, e tem 20% de área descoberta, lugares onde os agentes de saúde não chegam. Durante a reunião de ontem, ficou acertado que profissionais de saúde serão deslocados para estes espaços vazios em caráter de urgência. (*Especial para O GLOBO)
 
O Globo

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