Descoberta há mais de 100 anos pelo médico sanitarista, cientista e bacteriologista mineiro Carlos Chagas, a tripanossomíase americana (mais conhecida como doença de Chagas) ainda intriga médicos e cientistas de 21 países da América da Latina, onde é considerada endêmica. Só no Brasil, onde representa um custo anual de mais de US$ 129 milhões, são cerca de 6 mil mortes por ano (16 por dia). No mundo, o gasto anual supera os US$ 7,2 bilhões. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estima que existam de 2 milhões a 3 milhões de portadores da forma crônica no país. Para auxiliar na identificação do barbeiro transmissor, pesquisadores mineiros da Fiocruz desenvolveram um aplicativo para celular e tablets que atualmente é usado para ensino. Agora, buscam parceiros para aperfeiçoá-lo e torná-lo disponível para o público em geral.
Os números mostram que nem 1% dos pacientes da doença é tratado. O benzonidazol, medicamento mais usado – comercialmente chamado de Rochagan ou Rodanil –, requer 60 dias de acompanhamento, é considerado pouco eficaz na fase crônica e pode trazer fortes efeitos colaterais. Portanto, encontrar novos métodos de combate – seguros e fáceis de usar, como o aplicativo em desenvolvimento em Minas –, permanece um desafio. “Os problemas são comuns aos países da América Latina e o maior deles é a falta de acesso ao medicamento. Mas alguns exemplos podem germinar. Na Argentina, o número de tratados aumentou, assim como em outros países do continente”, afirma Carolina Batista, gerente de medicina da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), criada há mais de 10 anos para pesquisa e desenvolvimento de remédios.
A especialista sustenta que o Brasil e o Sistema Único de Saúde (SUS) foram bem-sucedidos no controle do mal, mas diz que existem muitas espécies silvestres do barbeiro, inseto vetor da doença, no meio ambiente. “Ainda ocorrem muitos surtos de Chagas por causa de pessoas que tomam açaí contaminado, não pasteurizado.” O produto em geral é contaminado quando um barbeiro ou as fezes dele se misturam à polpa durante o processamento. “Os governos precisam continuar investindo nas condições de moradia e saneamento das populações, assim como no controle do vetor nos países em que isso ainda não foi feito”, alerta.
Os números mostram que nem 1% dos pacientes da doença é tratado. O benzonidazol, medicamento mais usado – comercialmente chamado de Rochagan ou Rodanil –, requer 60 dias de acompanhamento, é considerado pouco eficaz na fase crônica e pode trazer fortes efeitos colaterais. Portanto, encontrar novos métodos de combate – seguros e fáceis de usar, como o aplicativo em desenvolvimento em Minas –, permanece um desafio. “Os problemas são comuns aos países da América Latina e o maior deles é a falta de acesso ao medicamento. Mas alguns exemplos podem germinar. Na Argentina, o número de tratados aumentou, assim como em outros países do continente”, afirma Carolina Batista, gerente de medicina da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês), criada há mais de 10 anos para pesquisa e desenvolvimento de remédios.
A especialista sustenta que o Brasil e o Sistema Único de Saúde (SUS) foram bem-sucedidos no controle do mal, mas diz que existem muitas espécies silvestres do barbeiro, inseto vetor da doença, no meio ambiente. “Ainda ocorrem muitos surtos de Chagas por causa de pessoas que tomam açaí contaminado, não pasteurizado.” O produto em geral é contaminado quando um barbeiro ou as fezes dele se misturam à polpa durante o processamento. “Os governos precisam continuar investindo nas condições de moradia e saneamento das populações, assim como no controle do vetor nos países em que isso ainda não foi feito”, alerta.
Identificando o inimigo
Na busca por métodos mais eficazes, o aplicativo criado por pesquisadores da Fiocruz Minas dá importante passo na identificação dos triatomídeos, como são chamados os barbeiros. Desenvolvido nos últimos dois anos, o Triatokey funciona sem internet e de forma simples: o usuário responde a um questionário sobre características visíveis do inseto a ser identificado. A cada pergunta as possibilidades se estreitam – ao todo, 38 espécies (24 pertencentes ao gênero Triatoma, sete ao gênero Panstrongylus e sete ao gênero Rhodnius) foram catalogadas. Para facilitar a pesquisa, cada questão aponta fotos que podem ser ampliadas. No fim do processo, é possível saber qual o gênero do inseto do qual a picada foi originada.
A doutora e pesquisadora Rita de Cássia Moreira de Souza, do Laboratório de Triatomíneos do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz-Minas), criadora do projeto, ressalta que para a elaboração da lista foram considerados a ocorrência da doença no Brasil e a importância epidemiológica. A ferramenta, segundo ela, se torna útil principalmente em municípios distantes, uma vez que há alta rotatividade de agentes em campo e longa espera para capacitação. “Para a próxima versão, estamos trabalhando para conseguir ampliar esse número e melhorar a qualidade das imagens disponibilizadas. Uma vez disponível na rede, esperamos que o aplicativo também possa ser usado pelo público em geral, com a finalidade de ajudar a população a reconhecer os vetores da doença de Chagas e como ferramenta para fins educativos.”
Inicialmente, o Triatokey tem sido usado em treinamentos e ensino, nos cursos do serviço de referência e nas aulas da pós-graduação da Fiocruz. Porém, já está disponível na internet por meio do site triatokey.cpqrr.fiocruz.br. A versão para celulares e tablets estará disponível em breve para download gratuito na loja virtual Play Store. Para aperfeiçoá-lo, pondera Rita, é necessário financiamento externo. “Até o momento, todo o desenvolvimento do aplicativo foi realizado pelo esforço pessoal de cada colaborador que atuou no projeto.”
Na busca por métodos mais eficazes, o aplicativo criado por pesquisadores da Fiocruz Minas dá importante passo na identificação dos triatomídeos, como são chamados os barbeiros. Desenvolvido nos últimos dois anos, o Triatokey funciona sem internet e de forma simples: o usuário responde a um questionário sobre características visíveis do inseto a ser identificado. A cada pergunta as possibilidades se estreitam – ao todo, 38 espécies (24 pertencentes ao gênero Triatoma, sete ao gênero Panstrongylus e sete ao gênero Rhodnius) foram catalogadas. Para facilitar a pesquisa, cada questão aponta fotos que podem ser ampliadas. No fim do processo, é possível saber qual o gênero do inseto do qual a picada foi originada.
A doutora e pesquisadora Rita de Cássia Moreira de Souza, do Laboratório de Triatomíneos do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz-Minas), criadora do projeto, ressalta que para a elaboração da lista foram considerados a ocorrência da doença no Brasil e a importância epidemiológica. A ferramenta, segundo ela, se torna útil principalmente em municípios distantes, uma vez que há alta rotatividade de agentes em campo e longa espera para capacitação. “Para a próxima versão, estamos trabalhando para conseguir ampliar esse número e melhorar a qualidade das imagens disponibilizadas. Uma vez disponível na rede, esperamos que o aplicativo também possa ser usado pelo público em geral, com a finalidade de ajudar a população a reconhecer os vetores da doença de Chagas e como ferramenta para fins educativos.”
Inicialmente, o Triatokey tem sido usado em treinamentos e ensino, nos cursos do serviço de referência e nas aulas da pós-graduação da Fiocruz. Porém, já está disponível na internet por meio do site triatokey.cpqrr.fiocruz.br. A versão para celulares e tablets estará disponível em breve para download gratuito na loja virtual Play Store. Para aperfeiçoá-lo, pondera Rita, é necessário financiamento externo. “Até o momento, todo o desenvolvimento do aplicativo foi realizado pelo esforço pessoal de cada colaborador que atuou no projeto.”
Estado de Minas
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